Thursday 28 February 2008

Pão de forma: Regresso ao stand!

Inicio aqui hoje , a nova telenovela dos clássicos, "Pão de Forma-de volta ao stand", que relata a história de uma vivência de duas décadas com uma carrinha VW, que um dia resgatei do lixo para tirar o motor, e acabei por a recuperar de tal modo que chegou a figurar num salão de exposições de um concessionário.

Bem vindos a este lata-biografia...


Capitulo I
O Inicio de tudo

Perdi a conta a todas as frases derrotistas que ouvi nos primeiros anos de posse desta carrinha." Mal empregado dinheiro que estás a gastar", " O caminho é mau, Vamos na tua porque e mais velha", " Vamos antes no carro do Carlos", " Vai estacionar isso ali para o fundo", foram algumas das pérolas que tive de suportar. Curiosamente, estas palavras de desconsolo forneceram-me o ânimo para manter e recuperar este veículo.
Tenho ainda na minha memória bem patente o primeiro momento em que ela entrou na minha vida. Estávamos em 1989, e eu prestava serviço voluntário como operador de telecomunicações nos Bombeiros da minha localidade, Cacilhas, uma povoação do outro lado do Rio Tejo, frente a Lisboa.
Numa das inúmeras chamadas que atendi nesse dia, o meu Pai ligou-me a perguntar se um motor duma carrinha Volkswagen daria para aproveitar para o Buggy. Sim, por esta data, eu já tinha um Buggy, de chassis curto e o pouco movimento entusiasta a volta dos VW, tornava escasso o fabrico de suplentes para estes veículos. Não era como agora, onde se pode voltar a encontrar material fabricado de novo,embora com infrerior qualidade. Não. Na década de oitenta, quem tinha um carocha, tinha de sobreviver com peças usadas. Na melhor das hipóteses, podia-se recorrer ao Rozécruz e à Auto-Marginal na Cova da Piedade, mas sempre com um esgar dos balconistas a dizer " Já nao há mais nenhuma peça destas, esta é a última..."

Claro que o motor dava para o Buggy. Ainda por cima era um 1192, igualzinho ao que lá estava instalado. Rapidamente apanhei a camioneta da extinta Rodoviária Nacional para a Cova da Piedade, onde o meu pai me aguardava no Stand Alves. O Stand Alves, nada mais era que um barracão de chapas de zinco, com vidros acrílicos, erigido ao fundo do estaleiro naval da Lisnave. Penso que ainda hoje lá esta, quando fôr a Portugal da próxima vez hei-de confirmar.

Propriedade do senhor Alves, retornado das ex-colónias, oferecia sempre uma vasta gama de carros usados, mudando o stock quase semanalmente. O mar não estava para peixe, e por isso os carros usados tinham muita procura. Nas traseiras do stand, la estava então a carrinha...
Tinha sido trazida em cima de uma camioneta, para ser comercializada ao preço da sucata, no comerciante mais ao fundo. Como era hora de almoço, o sucateiro estava fechado, e o motorista foi almocar na tasca pestilenta onde o senhor Alves estava a almoçar com o meu pai. Saindo do "restaurante", o meu pai nao deixou de notar que a carrinha apesar de bastante deteriorada, ainda tinha motor e alguns orgãos vitais. Tendo o meu "aval" de especialista, rapidamente a carrinha foi descarregada e comprada pelo senhor Alves. O meu pai não tinha dinheiro para estes caprichos.Mais tarde, pagaria as duas notas de cinco devidas. A matricula CB dizia que era de 1964.

A carroçaria, pintada de verde alface, estava bastante apodrecida em todo o lado esquerdo, mercê de ter passado muitos anos debaixo de uma varanda. Para ajudar, um enorme autocolante de uma águia fluorescente enfeitava a frente. Pelo que me consigo lembrar, nao faltavam grandes coisas, só o habitual lixo dentro do carro, e aquele cheiro de que estava parada ha muito tempo. O tablier estava pintado de branco, e corriam alguns fios eletricos suplentes por debaixo do banco. Na traseira, o pára-choques foi cortado em dois, aproveitando só as esquinas, e uns farolins quadrados de camião estavam aparafusados à carrocaria.

A porta traseira , completamente apodrecida, não abria. A tampa do motor caira. O pilar A do lado do condutor estava só seguro pela tinta. A porta do condutor corria o risco de cair a todo o momento. A caleira do tejadilho, completamente desaparecida deixava entrar água a jorros, só evitada por panos e jornais atamancados dentro da carroçaria.
Sim, realmente, era apenas para tirar o motor...

Nos dias seguintes, iniciei um novo passatempo de ...nem sei bem o quê . Mas o que fazer? eu não tinha posses para manter mais um carro, ainda por cima um "Monstro " destes. Bom ao menos pensei em dar-lhe uma esfrega, tentar pôr o motor a trabalhar, e dar umas voltas as redondezas. Podia ser que se revelasse um autêntico caranguejo, e eu então nao tivesse pena nenhuma de a deitar fora. Assim fiz.
Aproveitando a bateria de seis volts encontrada dentro da carrinha , misturada com trapos, jornais, peças e alguidares, e dando um "encosto" com uma bateria de doze volts, a lendária carrinha arrancou com tal pujanca como se tivesse sido utilizada na noite anterior. O apodrecido escape emitia um agradável som "Harleydavidsonesco", o que contribuia para o " feeling".

Inspirado por umas permissíveis e pouco visiveis autoridades, resolvo meter-me ao caminho na Nacional 10, até as oficinas dos bombeiros. Eram dois quilómetros, sempre a direito. Ainda não tinha carta, nem documentos , nem seguro. Mas ia guiar um pão-de-forma pela primeira vez!
O pensamento de que algo podia correr mal , estava submerso pelo êxtase de comandar tão grande navio . O motor ecoava lá atras, como se eu estivesse a ser perseguido por uma moto.

O interior branco pintado a pincel , reflectia o belo dia de sol, contribuindo ainda mais para a sensação de imensidão.
A direcção desalinhada, os pneus semi-vazios, e os rolamentos gripados, tornaram esta viagem única, fazendo -me pensar que realmente eu meto-me em cada uma!
Comecei a imaginar-me capotar e embater contra a rede da Lisnave, com polícia e bombeiros,e depois estava mesmo prejudicado com "F".
Mas não. Passados uns minutos, cheguei as oficinas dos Bombeiros, onde o Cândido e o João Galinha disseram que o motor parecia estar a trabalhar bem. Deixei sempre o motor a trabalhar, e regressei a cova da Piedade.
Cada vez menos me apetecia desfazer da carrinha...
Para ajudar, o som piedoso emitido pela buzina, originou-lhe a primeira alcunha: Muick. Agora, já não era " A carrinha"...era a "Muick."


Próximo capítulo: As primeiras aventuras.

Staying Alive

Imagine entrar num stand de carros novos, e encontrar exposto um Peugeot 504, um Fiat 1100, ou mesmo um Austin 1300. Com o interior a cheirar a novo e tudo. Sonho? Talvez nao...

Por Mike Silva
( Publicado originalmente na revista Topos&Clássicos)


Todos nos ja ouvimos a "lenda" uma vez ou outra...O "Carocha", ainda se fabrica no Brasil.Ou no Mexico. Nao vou desmistificar , pois nao tenho dados concretos. Ouvi dizer que os ultimos exemplares sairam da linha de montagem de Puebla, no Mexico, em 2004. Seja como for, nao e isso que me traz aqui. Nem sequer os Fiat 124 fabricados na Russia ,sob o nome Lada, que todos nos ja sabiamos existir.
Na verdade, existem bastantes mais modelos de classicos ainda em fabrico do que possamos supor, em locais que nem sequer imaginavamos. Nao sao replicas, sao mesmo os modelos originais, que utilizam a maquinaria original da marca para produzir os moldes necessarios ao seu fabrico. Nem se trata de nenhuma deslocalizacao, tanto em voga na economia actual, mas na venda pura e simples de tecnologia obsoleta a outros paises menos desenvolvidos. Por vezes a marca contribui, com alguma ajuda financeira.
Esta e uma realidade e uma pratica comum mundialmente, e seria impossivel listar todos os modelos que actualmente deixaram de ser "oficialmente" fabricados pela marca, mas que continuam com novo nome e novo folego numa qualquer outra parte do mundo. No entanto, antes de comecarmos a sonhar com um lustroso classico "zero" quilometros, ou encomendar um livro de cheques, vejamos que nem tudo e o que parece...
Nao podia deixar de comecar por referir o modelo automovel ha mais tempo em producao no mundo...O Morgan 4.4, em producao desde 1935. E o popular Land Rover Defender, que permanece, pelo menos esteticamente, fiel ao modelo original.
Desde 1956, que se fabrica na India o Morris Ambassador, sob o nome Industan Ambassador Classic, embora agora tenha um motor diesel de 37 cv, e umas jantes especiais.No pais das moncoes, Shanti e Bajaj ocupam-se de produzir o triciclo vespa para ser utilizado como Taxi.Tambem como taxi, pode dispor do Fiat 1100, fabricado desde 1964 por uma firma de nome impronunciavel. Ainda na india a Renault Space do primeiro modelo sobrevive como uma Rajah Kazwa, tendo um motor Izusu 2l diesel. O popular Jeep, tambem fabricado sob licenca pela Mitsubishi no Japao, da pelo nome de Mahindra classic cl.
Na Nigeira, a Peugeot Automobile Nigeria produz o indestrutivel Peugeot 504 , com 1800cc e 70 cv, com participacao financeira da Peugeot francesa .Na Romenia, o Dacia 1307 revive o popular e tambem indestrutivel Renault 12,embora com uma grotesca caixa de carga, e o "nosso" Portaro, ( que afinal era "deles") tem que fazer pela vidinha com o nome Aro 243 colado no portao traseiro. A firma brasileira Cross Lander tambem os produz sob licenca.
Fabricado sob o estranho nome de Arab-American Vehicles, o peugeot 405 continua a sua carreira no Egipto, fazendo companhia ao Fiat Regata, agora chamado de Nasr-Sahin, e fabricado tambem no Cairo.
Em Teerao, sob o nome Pars Khodro Sepand PK, o Renault 5 do Primeiro modelo leva uma vida agitada, fazendo companhia aos Moratttab Pazzan ( Defenders com motor...Mitsubishi) apresentados em 2001 no Tehran motor show.
Na Russia, e demonstrando que o fenomeno 124 ainda esta para "lavar e durar", mais uma fabrica alem da Lada se ocupa de produzir a vetusta berlina. Respondendo pelo criptico e " KapaGeBiano" nome de IZh Vaz 2106 Zhiguli. Um olhar mais atento podera distinguir as diferencas com o modelo "da" Lada...O logotipo da marca.
No improvavel Namibia, onde julgavamos serem apenas produzidos soniferos para elefantes, a fabrica Uri utiliza o chassis de um Toyota BJ 40 fornecido pela Africa do Sul para produzir cerca de setenta unidades/ano dum veiculo TT .
Esta pesquisa torna-se dificil pelo reduzido numero de unidades fabricadas, e por vezes a sua momentanea interrupcao. Por exemplo em Malta, tive a indicacao de que possivelmente ainda se fabricariam Hillman Hunters , mas por outro lado encontro que a producao cessou em 2002. Muitos outros modelos, como Van den Plas Princess, Ford Roadster , Allard, Karmann-Ghia, ou Austin Frogeye, caem suspeitamente no cesto das replicas, por nao haver informacao suficiente.

Monday 25 February 2008

Simca 1301 Special...o meu "primeiro" carro!

Parece impossível que ainda não tenha dedicado algumas linhas a este carro que desempenhou um papel tão importante no desenvolvimento da minha vida profissional!

Este carro teve um fim triste em 2002,mas a sua herança permitiu que eu escolhesse o rumo que queria para a vida, e que soubesse pela primeira vez o que era conduzir um veículo motorizado...

A primeira vez que o vi, foi num stand em Lisboa, onde o meu pai tinha ido devolver um Opel 1904, por não estar em condições.Como opção, o dono do Stand propôs a troca por um Simca 1301 Special que tinha vindo como retoma. Decorria o ano do senhor de 1980. Regressámos a casa então ao volante de um Simca com os farolins traseiros estilhaçados. Sim. Os stands nos anos oitenta vendiam carros com os farolins estilhaçados.

Durante anos, viajámos aos fins de semana para Tomar, trazendo umas sacas de batatas e couves na bagageira, avariando amiúde pelo caminho, na "extensa" viagem de quatro horas. Saíamos da Margem Sul, e quando chegávamos a Sacavém, parecia que já tinhamos atravessado Portugal. As estradas eram horrorosas, e implicavam ir pelo poço do Bispo e pela zona da antiga Expo. Com aquele empedrado cheio de crateras, e fraca iluminação.

Em Vila Franca, ou arredores, era hora para parar e almoçar. Pois já se tinham passado quase duas horas . Após um litro de vinho entre todos, retomávamos a viagem, aos pulos no banco de trás sem cintos nem "cadeiras de retenção". O Simca percorria então estreitas estradas de carros de bois, enlameadas e com matacões de barro largados pelos rodados dos tractores, antes de finalmente chegar ao entardecer à quinta .

Anos mais tarde, o Simca ficou parado porque utilizávamos o carro da empresa do meu Pai, um "moderno " Renault 12. Como resultado, a bomba central ficou ressequida, e a bateria sulfatou. E como o carro não andava, o meu pai não se importou que eu ficasse com as chaves, e me entretesse a limpá-lo. Só que se esqueceu de que me tinha posto a aprender o ofício nas férias da escola, na oficina do "Espanhol". Assim, o Simca revelou-se um excelente caderno para fazer os "trabalhos de casa", com a ajuda dos meus amigos de então.

Quotizando-nos entre todos, e com um empréstimo de uma bateria de um senhor que também tinha uma carrinha Simca 1100 côr de laranja ( Não são bonitas, estas cores dos clássicos?), elegemos o "Genny" que era mais velho para ligar o motor. Despejando umas gotas de gasolina no carburador, o motor pegou imediatamente, expulsando o pó e folhas acumuladas. Rapidamente, eu, o "Gordo do sexto andar", o "Vitó", e o Bruno entrámos para o carro, e "à vez" entretemo-nos a treinar arranques.

Tempos mais tarde, ficando mais " experientes", resolvemos fazer uma "visita" á Costa da Caparica, deixando o carro no cimo do monte, junto aos Capuchos. Tínhamos 12 anos! Eu , o Hélio, e o David! O meu pai não ficou muito contente, quando um colega lhe disse que me tinha visto aos comandos na Via rápida! resultado: Chaves para cá!

Entretanto, os anos da legalidade vieram, e a carta surgiu. Passei a utilizar uma "Pão-de-forma" de 1964, que ainda guardo. ( ena pá! Tenho aquilo desde 1987!) O Simca continuou debaixo das arcadas, durante mais quatro anos, até que a Câmara Municipal lhe colou um papel de "abandonado".

Por motivos que se prendem com a incapacidade de uma pessoa se desfazer de um carro, o meu pai pagou uma pipa de massa para mandar rebocar o Simca para a quinta em Tomar, onde ficou estacionado debaixo de uma figueira, por mais oito anos.

Como era de esperar, a corrosão fez o resto e um dia, por volta de 2002, algum comerciante de sucata pegou no que restava e levou para o eterno paraíso dos carrinhos velhinhos.

Não consegui por isso ter oportunidade de salvar esse carro, mas recuperei dezenas de outros que sem a minha intervenção se teriam igualmente perdido. Hoje, a viagem entre a margem sul e Tomar faz-se numa hora e meia, ou em 50 minutos de CBR.

O "Genny", a última vez que o vi, estava a arrumar carros junto ao teatro da Trindade, para sustentar o vício ( Que perda,rapaz!), o Hélio trabalha em Sines, nunca mais soube do Devid, e eu vim para Inglaterra trabalhar com clássicos.

Tenho se calhar a agradecer, aquelas tardes passadas a tentar descobrir para que é que servia aquele tubo por cima do motor, que ia ligar ali, e o que era aquela peça acolá. Num prestável e colaborador Simca 1301 special verde escuro.

Graças a este carro, pude começar a achar interessante um conjunto de peças montado pelo Homem, reunir num só objecto as maiores descobertas da Humanidade, como o Fogo, a Roda, o motor de explosão, a Electricidade, a Química, a Física, o vidro ou o fabrico em série.

E escolher um rumo para a minha vida. Obrigado Simca, pelo empurrãozinho que me deste. Infelizmente, nem fotos tuas guardo, pois nunca estiveste "bonito"e arranjadinho para uma pose. Paciência. Mas as imagens que guardo daquelas pequenas conquistas e primeiras descobertas, estarão sempre comigo de uma forma inesquecível...

Sunday 24 February 2008

Os carros mais feios do Mundo

Quando compramos um carro, utilizamos basicamente o nosso instinto visual e apelativo, escolhendo um modelo que provoque qb os sentidos, mas que se insira numas linhas consideradas consensuais , que a maioria das pessoas aprecie.


O mercado por vezes ataca-nos os sentidos de modo a despertar-nos o desejo,e todos nos lembramos de ,como por exemplo, aqueles farolins no pilar traseiro colocaram o Punto numa liga completamente diferente do anterior Uno, ou em como o Mégane com aquela traseira que a marca insiste em classificar de Sexy, com anúncios de moçoilas a abanarem as calças, mas que não passa de um grotesco exercício de design feito por um morador de uma instituição para doentes mentais.

Mas estes carros, devido á sua grande tiragem, rapidamente acostumaram os nossos olhares e estômagos, e agora é corriqueiro e banal cruzarmo-nos com estes veículos, sem recorrer ao Paracetamol. Mas o problema persiste em alguns modelos ,clássicos e modernos, sem remédio.

Pos vezes, prejudicamos o design em função de uma mecânica mais elaborada, e não nos importamos nada de ter um carro "feio" com um V8 a grunhir. Por exemplo, o Daimler Dart.


É preciso alguma coragem para gastar dinheiro num carro de fibra de vidro, com uma frente que parece um Peixe- espada com quinze dias de congelador, e sobretudo para sair á rua com ele.Está bem é um V8, mas isto é ir um pouco longe demais para chamar a atenção. Ao menos não enferruja ( muito), e sempre nos poupa a uma visão ainda mais obscena.


Depois, temos um carro que apesar de ser muito competente e apresentar a idéia brilhante de proporcionar seis lugares em duas filas de bancos, parece um sapo com um quisto nas costas. O infeliz Multipla, que volto a dizer é um carro bastante capaz, não fora a sensação de estar a conduzir dentro de um aquário.

Temos os "novos" jeeps que pretendem seguir a senda dos populares Hummers,construindo modelos que se assemelham a contentores de entulho , propulsionados pelos ridículos VM italianos, uma espécie de Hot Dog feito na Brandoa, e os "guarda-vestidos" como os Atos e companhia. Na categoria de "guarda-vestidos", o Daihatsu Move ganha com uma vantagem tremenda.


Mas o carro que bate todos os records de fealdade, um carro que parece ter sido concebido num concurso para ver quem conseguia desenhar o carro mais feio do mundo, um carro construído para ameaçar crianças quando não querem comer a sopa, é o Ssangyong Rodius!


Mesmo o nome, obriga-nos a procurar imediatamente no bolso da camisa os comprimidos de Paracetamol. Há por aí uns monovolumes feios, como o Zsara Picasso, ou o novo Honda FR-V, mas este abusa do privilégio! Ao longe,aí a três quilómetros de distância, parece ter algumas semelhanças com um Mercedes, mas ao perto, parece que estamos a ver o "Blair Witch Project".


Como pode ter sido possível alguem ter desenhado aquilo? Será que o doente que desenhou a traseira do Megane fugiu para aqueles lados? Mas seja como fôr, será sempre preferível um carro eficaz e feio, do que um bonitinho e oco. E se formos a ver, um carro feio tem menos hipóteses de ser roubado...

Saturday 23 February 2008

O Rolls Royce Silver Ghost de 1911




Muitos me tem perguntado, acerca do carro com que me apresento neste Blog, e qual a sua História. Este carro, pertence a A. White, um amigo Inglês que o adquiriu há cerca de um ano, e que é presença habitual em Goodwood e outros shows por todo o Reino Unido.

Este foi o primeiro carro a atravessar o canal da Mancha pelo túnel, com a Rainha a bordo!

Esta foto, com que inicio o Blog, tirada em LLandudno no norte do País de Gales, foi a segunda vez que conduzi este carro. A primeira, foi quando por motivos profissionais visitei White em Lincolnshire, numa das suas múltiplas empresas.
Não esperem grande gozo em conduzir semelhante veículo, áparte dos olhares de profundo apreço das pessoas que se prostam em reverência perante tamanho Ícone da História. A direcção parece um camião da tropa de antigamente, e embora o motor puxe todo o conjunto com a força de um petroleiro, o som de carretos a zunir debaixo do estrado indicam que as faixas da direita das auto-estradas ( estamos no Reino Unido,certo?) nunca foram um local muito visitado.
Embora, a baixa velocidade se consiga acelerar o carro sem grande dificuldade, o problema agrava-se quando temos de engrenar uma segunda, efectuando uma dupla, e ajustando o avanço da ignição. Ao mesmo tempo. Enquanto os carretos soluçam em Dó maior . Seja como fôr, é uma condução aturada demais para ser apreciada. Principalmente nos cruzamentos, onde os carros da faixa contrária param para ver, e originam cortes nos dois sentidos, obrigando a uma escolha stressante da posição dos manípulos para arrancar.

Este entusiasta, tem uma abertura excepcional e uma afabilidade que envergonharia muitos pindéricos que pensam que lá porque têm um E-type ou um MG são superiores aos outros, e podem tratar toda a gente com sobranceria e indiferença. Pois bem. O dono deste carro, tem dois helicópteros á disposição, e uma mansão daquelas dos filmes. E um HANGAR com cinquenta automóveis. O que não o impediu de ficar na sala do tamanho do pavilhão da Moita , com Mordomo e tudo, a ver demoradamente fotos de encontros e carros portugueses. E Zundapps!

Temos muito que aprender, principalmente a abrir as nossas mentalidades, e a não criar obstáculos estéreis e dispensáveis entre as pessoas. Um bilionário faz dinheiro, e um mecânico arranja carros. Um Médico trata as pessoas, e um Varredor mantem as ruas limpas para nós podermos andar. Ao fim do dia, somos todos pessoas. Em certos países, isto ainda é assim...




Wednesday 20 February 2008

Guiar do avesso!

Muitos de nós, pensamos que guiar em Inglaterra é apenas questão de pôr o carro na outra faixa e pronto. Já ouvi dizer até que "em Inglaterra, já há muitos carros de volante à esquerda."E mesmo que " isso estava para acabar..."


Por Mike Silva


"Os ingleses fazem tudo ao contrário"! Apressamo-nos a sentenciar, como se os Metros, os Kilometros, os Litros e andar do lado direito da estrada tivessem sido inventados algures em Lisboa.
Infelizmente, a revolução industrial surgiu por estes lados, e as Milhas ,Gallons,Inches,Onces,Stones,Pounds,Feet,etc já andavam por aqui há muitos séculos. Mais concretamente, o circular do lado esquerdo da via, teve como origem a necessidade de o cocheiro não atingir os transeuntes com o chicote, quando "acelerava" o cavalo. Mais tarde, com o advento da era motorizada, os veículos continuaram a adoptar esta regra.

Alguns paises como a Suécia, converteram-se para volante à esquerda,e apesar de associarmos este tipo de condução com Inglaterra, muitos paises como Japão,Austrália, Indonésia, Malta ,India,Barbados,New Zealand ,Irlanda ou alguns africanos continuam a usar o volante á direita. Praticamente, não existe nenhum fabricante mundial de renome que não disponibilize modelos com volante à direita.

Para "enervar " 0s nossos amigos ingleses, sempre que no meio de um jogo de snooker ou de setas num pub surge a discórdia, podemos sempre dizer que os portugueses guiam no "right" ( certo) side of the road. Ou que guiar á direita é "anti-natura",porque temos de manusear a alavanca de velocidades , o travão e a consola com o rádio e o AC com a mão esquerda. Mas não convem dizer isso se eles tiverem setas na mão...

Ao acedermos a um carro pela primeira vez, aquele sentimento de " Ora, não deve ser assim tão dificil..." é violentamente destruido, a partir do momento em que nos sentamos no lugar do "pendura"!...E saimos envergonhados,quando descobrimos que o volante está do outro lado. Mesmo passado um ano, é para o lado do pendura que ás vezes nos dirigimos, disfarçando com uma longa volta pela frente do carro, para a malta não se rir.

Uma vez aos comandos, esfregamos vezes sem conta os punhos no forro da porta a tentar engrenar uma velocidade. E abrimos o vidro do pendura para tirar o ticket nos parques . Depois vem a "odisseia das rotundas. Feitas no sentido do ponteiro do relógio, desta vez são os carros que estão por DENTRO da rotunda que têm prioridade para sair, pois a prioridade continua a ser á direita. Para "facilitar" ainda mais, cada aproximação a uma rotunda é diferente de todas as outras, com indcações diversas impressas no pavimento. Não há duas rotundas iguais.

Estacionar em contra-mão, e em plena faixa é perfeitamente legal, pois não é permitido usar o passeio. Por isso, a "cacetada" é regra. Carros com a traseira arrancada por um Doubledecker são visões banais. Citroens C3 são espalhados pela via pública, de um modo que se podia enviar peças pelo correio, por terem sido abalroados por um TIR enquanto a senhora ia á loja da fruta.

O condutor ingles é muito comodista. A unica diferença do condutor ingles e do portugues, é que o portugues anda " á vontade". Muitos reformados ingleses compram carinhos eletricos para poderem entrar nos hipermercados e fazer compras sem se levantarem do assento! Em Portugal, é normal circular a cento e sessenta dentro das localidades, mas em Inglaterra, de cem em cem metros temos rotundas, lombas, camaras,radares, carros patrulha,medidores de velocidade média, avisadores luminosos,semáforos, carros à civil, carrinhas de vigilancia, Helicópteros , e postes com Camaras de vigilãncia. É virtualmente impossível meter o " pé em ramo verde". para aqueles que quiserem tentar a sorte, estão disponíveis pontos na carta e multas pesadas.

Por isso a malta anda com juizo. Um "desastre" em Inglaterra, é uma coisa rara, alguns abalroamentos de C3 mal estacionados, mas é só. Existe o "mito" de os carros pararem para dar passagem aos peoes. Se acreditam nisso, convem trazerem uma cadeirinha,pois estes stressados só param em passadeiras com riscas. Existem passadeiras sem riscas, as chamadas "Pelican crossings", onde podemos gozar a sensação de ser abalroados por um carro.

Centros comerciais? Parece que andou um gajo com uma fita métrica a desenhar as linha de modo a que ficasse apenas um centímetro de cada lado para abrir as portas.Os passageiros tem de sair antes de estacionar, e o condutor tem de amolgar a porta do carro do lado para conseguir abrir a dele. Parqueamento gratuito, é ficção científica, e fortemente vigiado. Mesmo um deficiente que não tenha o distico emitido pela camara municipal, terá o seu carro imediatamente rebocado se estiver num local para deficientes.

Não se pode fazer matriculas sem os documentos, ultrapassar carros de Policia, nem fazer todo o terreno, sem ser em pedreiras e terrenos particulares.

Mas podem-se rebocar carros á corda, não há coletes nem triângulos,não se controla o alinhamento da direcçao na IPO, e pode-se usar um pneu de cada nação. Pode-se construir um Fiat 126 com um motor duma Hayabusa e ir legalizar. Ou uma Ford Transit com um V8. Ou um triciclo com um motor de um M3. E comprar uma mão cheia de clássicos, por meia dúzia de tostões. E isso só pode ser bom, não é?

Tuesday 19 February 2008

O novo e o "velho" Fiat 500


( Mal por mal, já que é para enterrar dinheiro num carrito pequeninito a dizer "500", escolhia esta réplica polaca, sobre o chassis do 126...Tambem disponivel em KIT, para se entreterem...)







Não resisti, e para fazer o favor ao sector feminino lá de casa, fui experimentar o "giríssimo " Fiat 500. É muito giro, mas ehh...hmmm....

Para já, isso do "500", é tão verdadeiro como chamar ao "New Beetle" o " Carro do povo" . Estes exercícios de estilo retro, que apenas têm como finalidade chamar a atenção sobre a marca, raramente conseguem manter a chama e o carisma de outrora. Comprar um carro destes, porque se "gosta do original", é o mesmo que ir comprar um hambúrguer congelado porque se gosta de Carne à Jardineira.

Como sempre, as versões mais " dispensáveis" são atiradas borda fora aos cães, como pedaços de carne atirados para fora de uma caravana cercada de lobos. O povo, ávido de poder estacionar o carro "de que todos falam" á porta do prédio, desata a ir pedir ao gordo da Cofidis o suficiente para adquirir um modelo de cilindrada desadequada. Como se não "houvesse" hipótese de outra escolha, porque "há muita procura". Por isso, o Zé Manel compra um 1800 a gasolina, em vez de um 1600 Diesel. E foi uma sorte, segundo ele.

Por isso, eis-me ao volante de um 1400 a gasolina, enquanto o volante me fita com um logotipo a dizer "500".Quinhentos? Quinhentos quê? Contos de desvalorização? Quilos a mais que o original? Dias em que me vou fartar dele?

Sim, de facto o 500, " é muita giro!"Mas se eu fechar os olhos estou ao volante de um Panda atarracado e disfarçado,fabricado na Polónia. E caríssmo. As listas de espera, porém, sobem a um ritmo que nos faz duvidar de qualquer afirmação que diga que "o país está mau".

Lembro-me de em tempos ter convivido de perto com dois modelos do "500", quando efectuava manutenções a frotas de coleccionadores. Lembro-me sobretudo de uma versão fabricada na Áustria pela Steyr Puch, que possuia um motor 650 cc, e onde o dinamo servia também de motor de arranque( Dynastart) . Aquilo acelerava como se não houvesse amanhã! Como se tivesse sido pontapeado pelo Godzilla! O tablier branquinho despojado de qualquer instrumento sem ser o velocímetro, fazia o Tablier do Land Rover parecer o Cockpit do Space Shuttle!

Os pedais de brinquedo, empurravam a pequena caixinha de tecto de abrir para o exterir das curvas, como por maldade, enquanto o pipocar violento do dois cilindros ameaçava tornar-se num Impreza quando fosse grande.

Neste modelo novo, o "ZZZZZZ" envolvente dos novos materiais, faz-me esconder a cara nos semáforos. Rapidamente e com alívio, entrego o volante á Maria, com a desculpa que é para ver " o que é que acha". Assim posso fazer uma cara de que "apanhei boleia". Mas as letras garrafais no exterior a dizer "New Fiat 500" , traem-me de novo, e as pessoas na paragem desconfiam que eu vou mesm comprar uma coisa destas.

Isto é um carro para gajas! Isto é um caro para as meninas endinheiradas pedirem aos papas para comprarem, ou para as esposas louras darem boleias aos colegas, passando pelo Motel da Auto estrada.

Qual foi a ultima vez que viram um "new beetle nas mãos de uma pessoa decente? Pior! Qual foi a ultima vez que viram um GAJO a guiar um, sem ser o mecanico da oficina, pela enésima vez?

O facto, é que estas recriações jamais poderão ser propostas credíveis como outrora, devido ás crescentes imposições das normas de fabrico. Jamais poderemos ter dois cilindros, ou quatro arrefecidos a ar. Apenas brinquedos bonitos feitos com os "restos" dos caixotes das peças dos modelos que "interessam". Se esperam emoções e feeling como antigamente, mais vale ir ao original. Sempre vai valer mais do que a copia "roskoff" daqui a uns anos.

Friday 15 February 2008

Acidente com viatura inglesa em Portugal.

Acidente na Auto estrada próximo de Castelo Branco, onde uma viatura de matricula inglesa com uma roulotte se despistou contra a faixa contrária. A má distribuição do peso na roulotte, poderá ter estado na origem do acidente. ( Setembro 2007) Publicada num jornal de grande tiragem inglês.

Clássicos modernos?


(c) Mike Silva/Sala das maquinas


Desde que o interesse por maquinaria anciã existe , que o dilema do "É clássico/não é clássico existe. Muitos de nós consideram determinado modelo um veículo clássico, enquanto a outros praticamente lhes dá um ataque de tosse convulsa de desaprovação.Mas afinal, o que é que é clássic e o que é que não é?


Se esperam respostas concretas, tipo uma lista do que são considerados carros clássicos , e uma lista dos que não são, receio estar a fazê-los perder tempo: Mesmo em Inglaterra, país onde o automóvel sempre despoletou vontade e interesse na sua preservação, oferecendo ao Mundo veículos únicos pertencentes à esfera do sonho , este assunto não está serenado. Muita "pêra" tem de haver ainda nos pubs para chegar a um consenso. Nem só de Futebol vive a pancadaria.

O extremo autísmo de considerar um carro "clássico", apenas olhando para a data de registo no livrete, é o mesmo que olhar para um retrato de Idi Amin, e dizer que "parece um tipo porreiro". Porque carga de água um carro com vinte e quatro anos e 364 dias não é um clássico, e no dia seguinte já o é? Não faz sentido. Além disso , em Inglaterra a data para ser considerado "Histórico", parou no ano de 1973. E os meus amigos sabem que existem carros extraordinários , autênticos clássicos, fabricados muito depois dessa data.

Como não considerar um Sierra Cosworth de 1986 um clássico? teriam coragem? Eu não. Se o fizesse, era um correr á procura de pedras nas redondezas, enquanto eu me tentaria refugiar atrás dos carros estacionados. Não. Por outro lado , chamar "antigo" a um Golf GTI, parece obsceno.
Como se a confusão não bastasse, eis que deitamos na panela a ferver os chamados "clássicos modernos". E a zaragata estala!

Fartos de ter os vidros partidos e a Policia sempre em força, com Fords Transit carregadas de cães e cassetetes, os ingleses parecem ter achado uma formula algo inteligente de classificar os objectos das nossas preferências: Para já , o ataque generalizado ao termo "Antigo", que se traduz em "Old". Chamar estes carros de "Old", é tão redutor e injusto para outros clássicos, mais jovens . Ninguem quereria trazer um Celica ou um TVR a um encontro de "Old " cars. Por isso essa dos "automóveis antigos", não pegou.

Depois temos os "Históricos". Os Históricos, são os veículos que realmente já passaram a barreira dos 25 anos, ( 1973 em Inglaterra), e são alvo de aturada preocupação em manter o estado original. Mas sem fundamentalismos. Qualquer adapatação ou modificação é amplamente aceite, desde que seja reversível. Tenho um Seven com radiador de favo "normal", em vez do de "serpentina",mas se a "Gestapo dos parafusos" fizer muita questão, posso colocar um original em 20 minutos. Mas não sei porque o faria. Para sobreaquecer o carro? Para figurar nas "Normas FIVA" ( Rir) .Ganda pinta: Tinha um carro que andava lindamente, mas para estar "nas normas" agora sobreaquece passados dez minutos. Oh, pleeease!

Mas mesmo assim, este termo contribuiria para ostracizar uma larga faixa de apreciadores de maquinaria considerada "moderna" de fora dos encontros. Por isso surgiu a designação de "Clássico".

Isto pode ser muito para a cabecinha de muito fundamentalista, mas , tenho más noticias: Clássico,é de facto todo e qualquer veículo que já tenha passado o seu tempo de vida util, em que o dono esteja disposto a gastar mais do que aquilo que o carro vale, o todo e qualquer carro que saia da norma e atraia pelo seu design e carisma.

Não sou eu que o digo, mas TODA a industria dos clássicos espalhada por esse mundo fora. Organizações.Publicações.Eventos. Feiras. Fabricantes. Retalhistas. Por muito que não gostemos de ver "New beetles " misturados por entre uma caravana de Carochas em Alguidares de cima, eles tem lugar na cena, nem que seja para as pessoas verem o quanto o modelo se transformou com o passar do tempo. E para irem a correr comprar um velhinho... O Chrisler PT cruiser tem inumeros clubes espalhados pelo globo, bem como foruns na Internet. Será que o Cobra ou o Viper não serão clássicos? O Murciélago não será um clássico. Ou o Golf GTI? Ou o Celica? O Impreza? O RR Phantom?

Claro que sim. Antigos ou Históricos, pode ser que ainda não. Mas quanto mais cedo abrirmos o nosso espírito e aceitarmos que o termo clássico é muito abrangente e vasto, melhor poderemos evoluir e aceitar que outras pessoas também tem direito a usufruir de um carro que considerem especial. Nem que seja um Escort de 1988.

Tuesday 12 February 2008

My views on the Reliant Robin

Sadly, I woke up today to the news of the disappearance of Del Boy, from the "Only fools and horses" show. Altough back in Portugal we did have a massive broadcast of english shows, I could only had a go watching this show thanks to the courtesy of the "Mail on Sunday"free DVDs.

As we all are aware of, Del Boy used to drive the most famous Reliant of all, the yellow regal van. So famous,that it fetched recently an huge amount of money in an auction, around 44 grand!
A big departure from the average low prices paid for a normal "plastic pig".

"Plastic pig", is a rather sad and unfair designation for a vehicle that endeavoured the task of providing car transportation for the average motorbike license holder. A fair and honest attempt to motorise the average citizen , that could not afford a proper car. We should respect it for that.

Although the show did put Reliant on the enthusiast map, it started a trend on painting every single Robin yellow, with the " New York,Paris, Whatever" written on its pannels. That eventually worn the overall image of the model, and contributed towards the lack of respect and interest on the little three wheeler. Mr Bean, did some harm, by refusing to have a lift kindly offered by a passer-by.

I find very amusing driving a Reliant Robin. The first time I drove one, was during a test drive for a Portuguese magazine . The sheer confined space , and the roaring vibrating the dash, the feeling of driving a soap in a bathtub, the creeking fiberglass and the " British Leyland feeling" throughout the car, made this the ideal counterpart of the french 2 CV,as far as amusement while driving concerns. The "mini" noise, pushing that wheel towards any direction except the one chosen, and the three point turn turned "eight point turn", made the exercise of driving one a very awkward and unforgettable experience.

My reflex on the shop windows, as I paciently stroll arround the busy one way system, would resemble as if I was aboard a wingless Cessna. I tried to look the more british possible, but somehow the grin in my face was a telltale that I was a first timer. Nevertheless, I felt privileged for having the possibility to drive such...er...device.

The last models of the Robin, Rialto facelifts, were a dreadful image of an agonising english industry. The falling demand for a car still built by hand labour, and the "keeping up for the jones`" trend, send the Reliant to the great heaven of cars no longer manufactured.

I would like to think that , slowly, the Reliant will be rescued from a doomed condition of an old disposable car, and finnaly would take his place among the fellow automotive counterparts that had an important role in the History, making it possible to simple people to dare dream with a car.

Our mood and hopes would be largely improved by that.

Saturday 9 February 2008

Transmig Vespawagen

Em 2001, lembrei-me de construir um veículo que pudesse frequentar encontros de motos, de motos clássicas, de Vespas, de automóveis antigos, de Tuning e de Carochas, e que estivesse sempre dentro do tema.

Impossível? Estranho? Impensável? Sim. Tal e qual como o Transmig Vespawagen. Este veículo foi o resultado de muito estudo, de muitas toalhas de papel de restaurante rabiscadas, e de muita carolice e trabalho em cima do joelho. Este veículo foi totalmente e exclusivamente idealizado, pensado,desenhado e construído por mim. Não exsite outra coisa assim no Mundo. Podem procurar! 100% Mike Silva. A marca deriva do meu nome e da palavra "transformação". Já tinha utilizado esta designação para produzir um protótipo de rallie com o meu amigo Faro ,nos anos 90, utilizando um chassis de Datsun 100 a, e as oficinas da Força Aérea. Depois veio o Renault 4 com motor traseiro do A6, que repousa numa quinta em Tomar, como projecto inacabado.

Em 2001, vivia num andar, e por isso tive de alugar uma Ford Transit para poder transportar um chassis de um carocha e componentes para Tomar. O Transmig foi construido num barracão no meio de tractores e alfaias. E foi testado na via pública quase deserta, perante o olhar atónito da população local.

Em 2002, o transmig fica concluido na VESPERA do encontro de Faro, e foi rebocado 450 KM com recurso a um Daewoo Matiz, recheado de equipamento, incluindo garrafas de oxiacetileno. ( Ganda carrinho- Ver cronica neste blog)

Durante o encontro, passeou uma equipa de reportagem da TVI, e participou no Bike show desse ano. Não atingiu os lugares cimeiros, pois na categoria "Strange", teve de degladiar-se com uma alfaia agrícola com motor Zundapp, e uma scooter que tirava imperiais.

Durante 2003, com o "auxílio" da Brigada de trânsito,( sem saberem, pois estavam mais á frente a "abrir caminho" para um encontro de motos) foi testado no IC 13, entre a saída para o Barreiro e Moita, atingindo a velocidade de 141 KM/h, não tendo sido utilizados os travões para abrandar por motivos técnicos. Ganhou o prémio de criatividade no encontro da Nazaré.

Em 2004 tornou-se bastante popular no EuroVespa realizado em Lisboa, tendo sido requisitado e mostrado no programa "Extase" da SIC. Vários órgãos de comunicação nacionais e mesmo internacionais, como a RAI UNO fizeram deste protótipo notícia um pouco por todo o lado.

Está mal soldado? Está mal pintado? Devia ser assim ou assado? Se calhar devia. Mas queria ver alguém construir algo assim tendo apenas á disposição muita boa vontade e ferro-velho. Nada mais.

Basicamente, este veículo tem como pretensão proporcionar momentos descontraídos de boa disposição onde quer que eu me atreva a deslocá-lo. Não sei qual vai ser o futuro deste protótipo, mas que me deu muito gozo toda esta história ao longo destes anos,ah isso deu...

A Transmig, "marca" que utilizo para autografar as minhas criações exclusivas de chapa, continuará com as suas magras posses a lançar para a cena automóvel exclusivas e impensáveis criações, que apenas surgem porque tem de surgir,porque o espaço na minha cabeça fica tão apertado, que as idéias tem de ser postas cá para fora.

Motor,caixa e suspensão de um Impreza já tenho aqui...o resto não digo...

( Podem vero Transmig Vespawagen no fundo desta página,nas fotos.)

Friday 8 February 2008

As novas "leis" para os clássicos

Fartos de ver entrar pela porta dentro enchentes de carros "velhos"com meia duzia de anos, restos de paises desenvolvidos onde um chefe de família pode adquirir um carro "como deve de ser", mas que ainda podem ser vendidos por uns tostões a quem queira mostrar um "BM" aos vizinhos, o Governo lançou umas leis que podem cercear a liberdade de adquirir um veículo clássico no estrangeiro.

Este "ataque", surge na senda de outro duro golpe desferido ao proprietário de motorizadas, ainda não refeito de ,de repente ter sido espoliado da propriedade dos seus motociclos. Eu tenho algumas motorizadas há anos, e agora de repente,porque estou aqui a 2500 Km de Lisboa estão "ilegais", e tenho de pagar "multa" por não as ter registado. Coisa que já tinha feito quando as comprei. Mas eu já sei como lidar com isso á boa maneira portuguesa, e mais não digo.

Entretanto, parece que a DGV também mudou de nome. O costume! O experiêncialísmo inconsequente ao serviço de tornar a vida dos cidadãos mais complexa e dificil. Em Inglaterra, a DVLA sempre foi a DVLA, e o modo de tratar do registo de um veiculo sempre foi o mesmo desde há cinquenta anos. Não existem tipos de mãos nos bolsos com casamentos frustrados a tentar justificar o chorudo ordenado. Não há nada para "inventar". Já está tudo "inventado".

Por outro lado, a conversa nos cafés está ao rubro! Os "especialistas", desfazem-se em abanares de cabeça, assegurando que "isto agora" vai ser assim e assado. Pondo um olhar sério, falam de um modo que parece que finalmente as coisas vão entrar nos eixos, e não há "pão para malucos!"

As pessoas que sempre quiseram ter um veículo clássico, encolhem os ombros, e procuram nas páginas do "CM" um AX ou um Ford Fiesta velho sofregamente, pois com a "impossibilidade" de trazer carros do estrangeiro, estes modelos serão os próximos a ser alvo de cobiça.

Enquanto o Manuel do Cacém vê uma "oportunidade" de vender um AX por quatrocentos contos, e o dono de uma carroçaria de um Fiat 600 pôdre a põe á venda por 1000 contos, eu lembro-me com saudade do burburinho que as inspecções fizeram nos anos 90....

" Isto dos clássicos encosta tudo! " -Diziam os "especialistas"...- " Nas inspecções, há uma máquina que espeta uns ferros por baixo do chassis, para testar a ferrugem." . " Os carros são passados ao raio X"..." " O governo vai acabar com os carros antigos". " Isso acabou!"...

O tempo encarregou-se de demonstrar que afinal, nos poucos casos em que as inspecções são feitas sem fraude, estas serviram para melhorar o processo de manutenção a que os carros estavam sujeitos, e em suma melhorou o parque automóvel.

Acredito sinceramente que o Portuga, saiba contornar o assunto e levar água ao seu moínho. Isto é passageiro. Em breve, conscientes do que se "pode" ou não fazer, os veículos clássicos voltarão a jorrar pela torneira de Vilar Formoso adentro, desfilando com graciosidade perante burocratas impotentes que se lançarão de novo sobre as secretárias para tentar um modo de tornar a vida às pessoas mais difícil.

Mas então o meu amigo não terá que se preocupar, pois já estará ao volante de um clássico de renome, com lugar na Historia, e que custou o mesmo que o Zé Carlos deu por uma bicicleta ferrugenta na Automobilia de Aveiro.Isso de "Já não valer a pena" ir ao estrangeiro buscar clássicos, só vai fomentar a ganância de quem tem uma porcaria de um carro todo ferrugento para vender ,em vez de um genuíno interesse de recuperar o nosso espólio nacional .

Ponham isso na cabeça de " não vale a pena trazer carros do estrangeiro", que aí é que vão ver como é que elas vos mordem...preparem 300 contitos para uma bicicleta ferrugenta...

Mark Knopfler







" Nunca conheças os teus ídolos pois ficarás desapontado"
Quem é que escreveu isto?

Após ter assistido ao concerto dos Dire Straits em Alvalade nos anos noventa, conheci pessoalmente Mark Knopfler em Lisboa passados uns anos.




Mark Knopfler é exactamente aquilo que o seu génio musical sempre deixou transparecer nas suas letras ao longo dos anos, desde " Romeo and Juliet" a " Planet of new Orleans": Um simpático e conversador companheiro, com uma descontração e um espírito humorístico fora do comum.

É preciso algum treino para perceber algum do seu vocabulário "Jordie", mas a disponibilidade que demonstra em todas as horas, aliadas á sua lendária e exemplar carreira musical, fazem dele um senhor do Rock, mas mais do que isso um fenomenal exemplo em como a fama e o dinheiro nem sempre sobe á cabeça das pessoas.

Voltei a encontrá-lo no Manchester Arena o ano passado,quando estava em digressão com a diva do Country Emilou Harris e ofereci-lhe uma garrafa de Tinto do Cartaxo. Em troca, ele deixou-me andar pelos bastidores e ficar sossegadinho junto ao palco.




Press Information

This is a Blog created to show my experiences and points of view about the motoring scene .
It has been created in 19 January 2008.

I work as an Engineer in the industry, and I have been on the trade for twenty odd years. I also have some qualifications as a motoring journalist and writer. If I write about cars, that means I actually drove those cars, and fixed them! What chances do you have to find such capabilities in someone that writes about cars?

This website is mainly written in my first language,which is Portuguese,but some of the relevant issues are as well posted in English language. I am looking forward to hear from you in your mother tongue, either if it is English,French,Spanish or German.

The motoring scene , is often wrongly related with some upmarket blokes who splash their cash in order to get some attention or respect. I gennuinely think that a car is part of our lives and dreams, and all of us have something to say about it. Not only the few ones who happen to have a nice stuffed wallet.

I do collaborate with some publications and international media as a freelancer, posting articles and pictures from events across Brittain,Europe and USA. I also write books both in English and Portuguese. I am always geared up for any occurance and ready to go, wherever the action is.

I am permanently based in West Midlands,England
All pictures and texts posted here are Mike Silva work,unless they are described as otherwise, and are protected by copyright .
Any contacts or feedback can be posted at Transmig@gmail.com

Mike Silva uses Canon EOS and Ricoh equipment on his shots.

Thursday 7 February 2008

Anos Oitenta: A despedida dos clássicos.

Entrámos nos anos oitenta com o terramoto dos Açores. Mas o panorama automóvel ensaiava também um semelhante cataclismo, despedindo-se da forma clássica de fabricar automóveis que perdurava á quase cem anos.

Durante este periodo, os automóveis tinham como objectivo único locomoverem-se pelos próprios meios. Desde que andassem e travassem , estava concluido o caderno de encargos. Os accionistas de calças boca-de-sino ficavam satisfeitos, e iam para casa de Ford Cortina.

A quase totalidade dos carros tinha um carburador e pára-choques cromados. E farolins amarelecidos ou estalados . O "gasoil" era para os motorista de bigode e bóina das camionetas, que comiam sandes de torresmos na tasca da tia Ermelinda. Nas séries de ficcão científica falava-se do futuro em que todos os carros teriam de ir á inspecção.

Nos anos oitenta, olhavamos para o Land Cruiser bj40 , como se fosse um X5. Não transportavam traficantes , empresários pouco escrupulosos e mamãs endinheiradas como hoje, mas sim pessoas normais que nos cumprimentavam. Um ou outro burgesso gordo azeiteiro, mas nada de importante.O barulho de motor da Toyota Dyna atribuia-lhe o certificado de robustez.

Os Minis começavam a deteriorar o autocolante fatela que traziam na traseira " É tão giro ter um mini", e os Morris Marina iam sendo trocados por mais modernos Renault 12. Os Morris Marina precisavam sempre de "mandar vir peças de Inglaterra", e por momentos, o pais de Benny Hill parecia assustadoramente longínquo e incontactável. Venha um Renault 12, então!

Os vizinhos peneirentos do terceiro andar, desdenhavam do "mata-sete" do meu pai, alcunha adquirida em África pelo veloz BMW 1600, enquanto lavavam com afinco o seu novo Datsun Sunny. Que apesar da modernidade, continuava a ter um tubo debaixo do carro para fazer rodar as rodas traseiras, e um motor pouco melhor que o do Ford T.

O primeiro carro que realmente nos preocupou, com aquele medonho anúncio na televisão a dizer com grande pompa, que era o primeiro carro com igniçao electronica do Mundo, foi o reles Citroen VISA.

Lembro-me da primeira vez que vi um VISA. Azulinho turquesa com a palavra "Citroen VISA" atravessada em todo o cumprimento. O seu formato e os pára-choques de plástico originaram muita galhofa nos cafés por esse pais fora, augurando choques frontais onde o condutor ficaria sentado no meio da estrada com um monte de plástico no colo. Aqueles comandos em satélite na coluna de direcção, faziam-nos ficar pasmados a olhar para o interior do carro, e perder mais um episódio do Espaço 1999. Mas aquilo é que era o futuro, e não uns gajos na Lua a combater extra-terrestres que falavam todos ingles. O barulho de motor do dois cavalos, devia ser uma homenagem ao ícone francês. No mínimo, era um reactor disfarçado. Só podia!

Depois veio o Austin Metro, que insistia ser" o primeiro carro fabricado totalmente por robots." Atras dele vieram os Montego e Maestro. Todos com um "moderníssimo " motor série B. Até que fizeram a gracinha de instalar uma injecçao monoponto. A primeira vez que vi uma injeccao monoponto, pareceu-me uma injustiça e um desplante! Que idéia tão parva de tirar o carburador aos carros.

Depois vieram os bonecos dos testes de colisão, também parvos porque eram cor de laranja, tinham orelhas com uma roda ás cores, e não tinham expressão. Um pouco como os compradores dos Montego e dos Visas.Vieram os plásticos por todo o lado e feitio. Vieram as superficies deformáveis. Vieram os poligrupos. Vieram o espelho do lado direito. Vieram os cintos de segurança atras. Vieram as cadeiras para criancas. ( Estranho! Nunca tive uma....)e vieram os seguros obrigatórios. Abriamos os capots, e uma estranha visão de caixas de plástico decoravam os estranhos motores agora transversais.Em vez de oito fusiveis, tinham agora 47.

Lembro-me do Renault 4 e do dois cavalos a aguentarem até ao último minuto a bandeira dos carros construidos "como deve de ser". E a perecerem em combate. As pessoas queriam um carrinho de plástico moderno, que pudessem mostrar aos vizinhos, e estivessem disponíveis numa cor distinta. Cinzento metalizado.

Os Carros entraram então nos anos noventa, mascarados de computadores sobre rodas, mas de muito fácil manutencâo. Se a correia de ventoinha se partisse, bastaria mudar o motor! E fáceis de adquirir. Não precisaríamos nunca mais ir ao banco assinar letras, porque poderíamos pagar comodamente em casa, em 452.163 prestações. Se ainda tinhamos carro no final de pagarmos o crédito? Ora isso são outros quinhentos, não é verdade?Tambem não podemos ter tudo...

Tuesday 5 February 2008

Daewoo Matiz : Nunca o esquecerei!

Graças ao medonho trânsito da ponte, fui forçado a optar pelos "barcos do Cáchetré" ( Porque é que ninguém diz Cais do Sodré? ) para poder ir para o outro lado. O empregado de bigode farfalhudo dos bilhetes, estende a cabeça para fora do guichet, e sentencia-me:

" É desses sem carta, não é? "-Tentando obviamente situar o Daewoo Matiz que conduzia , na tabela de preços da Transtejo.

O meu amor próprio ficou ferido de morte. Ali estava eu, com um automóvel excepcionalmente bem conseguido, produzido por um gigante industrial de renome mundial, a ser vilipendiado e reduzido á condição de mero reformado sem carta, tripulando uma tremelicante máquina de cimento coberta com uma caixa de Fibra. O Daewoo Matiz não era nada disso.

Por outro lado, a reacção que tive quando efectuei o test drive ao Matiz pela primeira vez, e o levei para junto de colegas conhecedores, que tal como damas experientes não olham ao tamanho, mas sim á competência, foi uma conclusão em uníssono de que estavamos em presença de um novo fenómeno tipo Austin Seven, ou Mini. Um construtor de grande dimensão que apresentou um carro diminuto, capaz de satisfazer as necessidades actuais de um transporte em massa,para o cidadão de poucos recursos.

Com efeito, este pequeno icone desenhado pela Italjet no longinquo ano de 1992, incorporava tudo o que havia de melhor na construção de então. Injecção multiponto. Airbags.Zonas deformáveis.Direcção assistida. Ar condicionado. Vidros elétricos. quatro portas. Radio. Tudo.

Para juntar ao ramalhete, uma extraordinaria garantia de 3 anos, quando a maior parte dos construtores davam " a medo" uma garantia de um ano.

Os sorrisos de maledicência de pessoas que tinham carros " a sério", nunca seriam originais, pois o mini e o seven sofreram na pele as mesmas agruras. Nada que perturbasse o saudável ruido do três-cilindros, a evoluir sem esforço na auto-estrada a uns surpreendentes 150! Tirando o episódio dos barcos, e dos estúpidos que precisam de relacionar os centímetros de comprimento com a sua virilidade, o Daewoo Matiz revelou-se um companheiro capaz , duradouro,fiável ,económico e tentador. O Matiz era como o nosso "Boby"; que dava pulos sempre que ligavamos a ignição.

A opçao comercial de mudar o nome para Chevrolet, embora mantendo o nome Daewoo para os mercados asiáticos , veio retirar alguma humildade a este excepcional veículo, injustamente preterido por outras marcas mais "conhecidas", mas básicamente fabricadas com a qualidade de uma barra de sabão. Os vizinhos nunca iriam perdoar se não comprássemos um Punto ou um Corsa! Cinzento!

A adopção de um motor de quatro cilindros e um ar de familia mais apurado vieram retirar algum carisma e carácter ao pequeno imperador, tornando-o numa espécie de " mais um" entre a massa disforme que são os carros novos.

Este carro sempre passou despercebido à maioria de nós. Mas lembremo-nos que de entre os caixotes de plástico espalhados pela rua, onde só muda o simbolo, este pequeno irrequieto e fiel amigo era um dos carros que ousava quebrar a monotonia das ruas, com o seu barulho de despertador de tres cilindros. O Subaru Impreza era outro, com a sua voz arrogante de quem quer arranjar sarilhos. Os outros todos, apenas um saco cheio de " zzzzzzzz" a ocupar espaço escusadamente nas ruas , e não nos dar razão nenhuma pela qual não devamos escolher um clássico para circular no dia-a-dia.

Adeus, Matiz de tres cilindros. Pode ser que nos voltemos a ver um dia destes, quando fores um clássico respeitado e desejado.E te lembres dos milhares de quilómetros que fizemos juntos, sem sequer mexer num fusível. Das cargas que nunca te recusaste a transportar apesar de sempre te terem chamado de pequeno. Da bola de reboque que te instalei e com que iamos para o Algarve serra acima e serra abaixo com um atrelado transportando 300 KG. Das cinco pessoas que sempre trazias.Nunca foste pequeno. Foste um dos melhores carros que já tive. E olha que já tive um Rolls! Tens um lugar marcado junto ao Fiat 500, ao Mini, ao Austin Seven e ao Isetta. E a todos os outros grandes carros que nunca se preocuparam com o tamanho...

Saturday 2 February 2008

Subaru Impreza: O dragão nipónico

Se me perguntarem, assim de repente, não faço ideia de quantos cavalos tem um Subaru Impreza. Calculo que todos os putos de boné ao contrário, aprendizes de criminosos da Vasco da Gama e "papa-revistas" saibam, mas eu não me lembro . Sei que tem para cima de uma quantidade deles.

Mas não é isso, como é hábito, que me traz aqui. Apesar deste armazém de potência andar a nadar nos nossos sonhos e a insinuar-se perturbadoramente nas estradas, há quase vinte anos, pouco se tem escrito acerca deste incontornável ícone de finais de século, onde a História sobre desportivos teve de ser reescrita graças a este familiar drogado com anabolizantes.

Quando em inicio dos anos oitenta ouviamos a palavra "Subaru", esta significava apenas uns pequenos carrinhos engraçadinhos vendidos por curiosidade pelos stands da Nissan. Alguns mais conhecedores, saberiam apontar para um modelo com motor de dois tempos, em que tinhamos de tirar o casaco para poder entrar no seu interior. Coisa pouca. Sabíamos vagamente que era japonês.

Porém, quando vimos nas emissões internacionais um banal familiar a pavonear-se impunemente em frente dos Mitsubishi e dos Peugeot, com aqueles 555 nas portas e pintados de azul fluorescente, mal pudémos acreditar que aquilo tinha sido feito pela mesma malta dos "carrinhos de brinquedo" do Entreposto. A lenda do "Scooby", tinha nascido.

Demorou um pouco até que Portugal pudesse deleitar-se com o som de rufia de voz grossa do potente propulsor de quatro cilindros opostos. Tal como tinha feito com o carocha, os nossos valorosos homens da BT, escolheram mais uma vez um icónico "flat four" para persuadir os menos sociáveis a respeitar a lei. A presença destes "caças" na estrada, foi talvez um factor dissuasor para que as baixas continuassem...digamos, reduzidas.

Qualquer Mercedes ou BMW, tripulado por um azeiteiro dono da faixa da esquerda, disparado a mais de duzentos, saberia que teria grandes hipóteses de ter este míssil colado na traseira a tirar fotografias de cinquenta contos cada. O mais humilhante, é que estes burgessos estavam a ser capturados não por um puro sangue Alemão ou Italiano, mas por um modesto familiar de linhas desactualizadas oriundo do Japão. Subitamente, lá no escritório, já não se podiam gabar de terem feito Porto-Lisboa numa hora...Porque o Dragão Nipónico estava a solta, e não fazia prisioneiros.

O Subaru Impreza , sempre foi o símbolo da cultura japonesa. Como nos filmes. Um pacato e sábio idoso, que caso a necessidade surja, desdobra-se em movimentos e artes marciais, distribuindo pontapé e murro por todo o lado e feitio. Terminando a sua actuação com um provérbio e uma vénia. Ao som de uma cítara tangida por uma servil Geisha.

Mas por outro lado, o Subaru Impreza é um órfão errante. Fora dos traçados desportivos, é um pária perseguido e odiado. A sua extrema potência arrumada numa pele de automóvel familiar fere-o de morte, e quem o adquire não está lá muito a pensar na família. Secretamente, o Subaru espera que o respeitem como opção, como que a dizer : " Hei, eu sou capaz de envergonhar um Porsche, mas sou um carro prático. " Não é . As quatro portas são uma "desculpa" esfarrapada para o entusiasta que saliva incontroladamente ao apresentar o carro á esposa: " Estás a ver , querida? Podemos levar os miúdos á escola, pois tem quatro portas." Mas infelizmente a escola está a quinhentos metros, e uma ida diária para o trabalho custa tanto como comprar o passe para o mês inteiro.

O barulho trovejante do motor, serve para apenas fazer virar a cabeça dos adolescentes na paragem, e não para degladiar-se com adversários do mais alto gabarito nas pistas internacionais. E juntar pontos nas bombas de combustível. Subitamente, o dono de um Subaru sente-se como se tivesse comprado uma Playstation no valor de largos milhares de Euros. Tem um carro para ser olhado por homens. Mais nada. É preocupante. A esposa já está farta de ser levada ao trabalho a duzentos, com o puto a berrar de medo no banco de trás. Os criminosos das zonas industriais e da Vasco da Gama, granjearam tal respeito, que ninguem quer ser tornado num projéctil a bordo de tal engenho. Ficam-se pelos Ibiza e pelos Civic, que sempre conseguem dominar mal e porcamente. A visão humilhante de serem ultrapassados como se estivessem parados , fá-los acordar aos prantos de noite, conseguindo adormecer apenas com o pensamento reconfortante que quando chocarem de frente com um camião, ao menos a familia pode-lhes fazer um funeral com um corpo inteiro, e não apenas com um saco de plástico.

A fábrica, bombardeada por uma urgente necessidade de actualização, permanentemente atacada pelo invejoso Mitsubishi Evolution ( Que por esta altura deve ir na versão Evolution 362.521), sem querer perder o carisma , optou por uns grotescos faróis de "olho de peixe", o que causou ainda mais náusea nos apreciadores desesperados. Os jogos de consola e o desenho de uma nova frente, parecem ter dado finalmente um novo fôlego ao conceito.


O Subaru Impreza, para concluir, é como se de repente pudéssemos ir de F-16 para o trabalho. Porreiro e contagiante, mas com custos astronómicos e uma manuntenção aturada. Mas que nos faz sem dúvida agradecer á Natureza não nos ter criado peixes, pois dentro de água não poderíamos suspirar e ter pensamentos proibídos sempre que este caprichoso e perturbador carro ousa passar quase ao ralenti á nossa frente, com aquele "Tugudugudugudugudu"!