Monday 30 March 2009

Amphibus: O autocarro que gostaria de ser um barco


" Precisa-se motorista de autocarros com carta de marinheiro"...-Não se importa de repetir?!...


As máquinas por vezes tem crises de identidade. É doloroso nascer autocarro, querendo ser um barco da Transtejo. A Medicina, ou melhor a Engenharia, empenhada que está em fazer um dia melhor para as máquinas com problemas de identidade ,nem que seja um Opel Corsa a gasóleo de dois lugares que quer ser um Subaru, arregaçou mangas e resoveu dar uma hipótese para aliviar o sofrimento deste pobre autocarro. Assim eis que na ilha de Malta, o Eldorado dos entusiastas de autocarros, apareceu recentemente esta criação que funde engenhosa e admirávelmente dois veículos num só.


Se para no Cais do Sodré? Sim, se a maré não nos levar para Belém...



Desenhado pelo escocês George Smith, e fabricado na ilha de Malta, pelo estaleiro GS Enterprises, o Amphicoach GTS 1 é propulsionado por um motor Iveco Turbo Diesel, e cada um dos 12 autocarros a serem fabricados no local custará cerca de 280 000 Euros.


José tinha deixado o autocarro destravado.



Palavras para quê? Esta empresa vai comecar a exportar para todo o Mundo, e seria interessante ver alguns destes modelos a darem um "manguito " ao trânsito infernal da ponte sobre o Tejo. Imaginem a cara da malta quando visse um autocarro deslizar pelo empedrado inclinado do Cais do Sodré abaixo, em direcção ao outro lado!


As poupanças com a lavagem das viaturas estavam a atingir contornos ridículos...


Este é mais um exemplo do espírito inventivo Humano, que não dorme e se recusa a aceitar a conformidade. Pensar uma obra de milhões de contos , para fazer uma ponte e acessos ? Ora, faz-se um autocarro anfíbio!

Temos de tirar o chapéu a isto!

( Fotos Net)

(Nada melhor e mais conveniente do que dedicar este post ao blog " www.autocarro-amarelo.blogspot.com" um espaço dedicado ao tema da autoria de um profissional do sector. A visitar.)

Monday 23 March 2009

Férias clássicas.


Um clube de auto-caravanas clássicas. Quando pensámos que já tinhamos visto tudo...


Já que estamos na época da Páscoa, e a maioria de nós já vomita de cada vez que vê aquelas " sugestões" na televisão pra comprar presentes e chocolates, ou perfumes caríssimos em frascos microscópicos ( mas que vêm dentro de um caixote onde cabe uma televisão), lembrei-me de aqui trazer uma "sugestão " para gastar dinheiro mais bem gasto.

Nestes tempos em que tudo é comercial e descartável, onde mesmo as amizades são virtuais e entregues a redes sociais onde qualquer perigoso traficante ou criminoso se faz passar por um inocente rapazinho de 14 anos, acho que os putos apreciariam mais uma coisa destas, do que uma playstation ou um ovo de páscoa. E sempre é mais barato .

O "defeito" das auto-caravanas, é que se gasta o equivalente a um andar na Reboleira ou em Matosinhos, num veículo que apenas utilizamos uma vez por ano para nos irmos meter dentro de um parque de campismo onde fazemos as necessidades dentro de uma caixa de plástico e comemos conservas debaixo do oleado com chão de azulejos do vizinho do lote ao lado que veio do Entroncamento. O resto do tempo, a auto-caravana passa o ano inteiro na rua em frente ao prédio a ser vandalizada . E a servir de guarida para gatos vadios.

Mas se fôr uma auto-caravana clássica? O preço vem por aí abaixo, e já se pode comprar uma pelo mesmo preço de uma barraca para o cão na Quinta da Marinha. O espectro de " desculpas" para sair aumenta exponencialmente, e de repente aquele encontro de clássicos em Alguidares de cima, parece tentador. Não fazia sentido ir com uma Hymer ou uma Dethleffs montada numa Iveco ou numa Citroen sem ser para dentro de um campo de concentração cheio de frigoríficos e oleados, mas por exemplo levar uma Dormobile de 1959 a um encontro de clássicos era capaz de fazer disparar umas objectivas. E por arrasto, proporcionar aos putos uma experiência que nunca conseguiriam encontrar na Internet.





Quarto com vista sobre a cidade. E sobre os lagos, montanhas, encontros de clássicos, feiras, rios, campo...

As autocaravanas clássicas são cada vez mais conhecidas pelas sua capacidade para acorrer a encontros. E a parques de campismo, se fôr o caso disso. De lá, os putos podem mandar em lingua portuguesa carcomida ( SMS) mensagens para os miúdos gordos obesos em frente a um computador: "Oi, td bm, dsclp m estou c os m pais junt a 1 lago e estou a dvrtirm ao max. bjs lol." Viva os SMS que tornaram o ensino da língua portuguesa algo dispensável. Uma ferramenta que devolveu aos analfabetos a capacidade de passarem despercebidos.

O mundo do automóvel clássico, é uma permanente descoberta, com inúmeras oportunidades de lazer e descoberta, e um manancial de satisfação inesperada, e uma desculpa para viagens longas e de aventura. O Mundo nunca mais ser o mesmo após uma viagem onde interagimos fortemente com um clássico. E se avariar no caminho?

Ora, sempre tem umas caminhas e um cobertores para esperar calmamente pelo reboque...

Monday 16 March 2009

Carros policiais: Os desprezados de Hill Street

Um bonito Rover que patrulhava os jogos de futebol de 1970... E que fazia a vida negra aos criminosos do West End ... Sim, é um V8.



OS carros policiais, nem para o Cinema têm servido. Basta ver os filmes de Hollywood, de Dirty Harry aos três duques, para perceber que os carros da polícia são apenas adereços para serem destruídos sem dó nem piedade. Em embates de saltar o motor, ou em capotamentos de amassar o tejadilho. Quem não se lembra de Brian Denehey , o xerife indelicado de " First Blood", e o seu capotanço a perseguir Rambo pela floresta. Por exemplo. A dificuldade de condução de um destes carros, que após fazerem uma curva andavam mais meia-hora para conseguirem estabilizarem o carro, de um lado para o outro, enquanto o Corvette fugia a sete pés ( Admiro os xerifes comedores de hamburguers terem o desplante de perseguirem um Corvette com uma banheira americana...) O que se safava dos carros da polícia de Hollywood, era aquela sirene do tamanho de uma panela de pressão no tejadilho, que fazia mais barulho que um quartel de bombeiros. " oooooooooooooooooooooooooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn! " Já o carro tinha parado há meia hora, e ainda a sirene estava a desacelerar...


A balada de Hill Street, veio devolver alguma paz ao tema, e os Ford e Chevrolet com os dizeres " To protect and to serve" em fundo azul turquesa, tiveram uma existência pacífica com Washington, laRue, Renko, Belker ou Furillo ao volante.

Depois, vieram os filmes franceses, ou os filmados em França, onde Peugeots e Renaults com sirenes fatelas " tinoni, tinoni"( Não são capazes de comprar a pôrra de uns alarmes eléctrónicos, caraças! Nem que fôsse só para o filme!...), eram esquartejados e envolvidos em choques frontais destrutivos. Uma agradável visão, se se traterem de BX ou de 309. Ronin fez o favor à humanidade de destruir uma parte considerável destes desperdícios de espaço, não fosse alguém dar-lhe na telha de os recuperar.

Carro-Patrulha nem sempre foi sinónimo de Tempra ferrugento. Que tal um Lea Francis descapotável?


A série " Sweeney",que nos fêz estranhamente começar a olhar com outros olhos para o Ford Granada, apenas pecava com o barulho da ...hhhhmmm......Campaínha ( !!!) que servia de sirene. Uma campaínha! A malandragem ficava sempre indecisa se era o recreio da escola, ou se era a brigada anti-crime violento " Flying Squad", alcunhada pela bandidagem de "Sweeney", pela semelhança do nome com " Sweeney Todd", um barbeiro serial Killer da literatura inglesa. Se calhar ficavam distraídos e eram apanhados em flagrante pelos agentes Regan e Carter. Se calhar era isso.

Em Portugal, o restauro de veículos policiais, tarda em aparecer, salvo tentativas de louvor por parte de certas chefias policiais, e de agentes empenhados e entusiastas. Sei de um Carocha mantido pela PSP de Alfragide, e de um Porsche 356 mantido pela BT nas janelas verdes. Mas graças a problemas como falta de verba, as viaturas policiais tendem a ser utilizadas até ao limite, limite esse que envergonharia um cidadão Somali a bordo de uma ferrugenta Datsun. Os carros patrulha portugueses, trabalham em condições extremas, e tardam em ser renovados.

Um Land Rover blindado do Ulster, na Irlanda. Tudo em nome da diversidade e da preservação da memória. Sim, são chapas blindadas de dois centímetros...


Quando eventualmente o são,torna-se pior a emenda que o soneto. Renaults? VW polo classic? Ora bolas.Depois queixem-se... Não admira que as unidades não cheguem a uma idade que sejam passíveis de um restauro... Esperar que um destes carros chegue aos dez anos, pelo menos com o motor a trabalhar, é como esperar assistir a um concerto de João Pedro Pais sem adormecer.

No estrangeiro, já há muito tempo que existem clubes de entusiastas, formados na maioria por ex-polícias, ou ainda no activo, que se dedicam ao restauro de viaturas policiais de outros tempos. Estes veículos podem ser conduzidos na via pública, desde que tenham a palavra " Police" e os rotativos tapados . Seja como fôr, o restauro e manutenção de veículos policiais de outrora, é uma actividade que se torna numa mais valia para o Mundo dos clássicos. É mais um contributo para que a diversidade se torne cada vez maior, e um elo de ligação com as nossas memórias do passado. Embora alguns nós, de algum modo, queiramos esquecer algumas dessas memórias envolvendo carros policiais. Multas de 500 Escudos, eram muito dinheiro nessa altura, mas sempre saiu mais barato do que arranjar problemas a bordo de uma Zundapp XF 17 sem capacete...





Não, não é para rir! Eis a " campaínha" dos carros policiais ingleses da altura. Respeitinho a este " Subaru" de outrora!



































Tuesday 10 March 2009

ÚLTIMA HORA ! Projecto Vulcan salvo


O Sala das máquinas, contribui modesta mas orgulhosamente para manter no ar este ícone dos céus. visite www.vulcantothesky.org


Esta era a última semana dada pelos responsáveis, como sendo a derradeira oportunidade de manter o único bombardeiro Vulcan a voar. Numa semana, era necessário arranjar meio milhão de Libras. Ontem ,graças a uma campanha feita na última semana pelo jornal "Daily mail", os leitores e público em geral, amealharam a soma de 918 000 Libras!

O Vulcan está salvo.

Como agradecimento, a organização " Vulcan to the sky", vai fazer uma demonstração de agradecimento, na catedral da Aviação que é o museu-base de Duxford. Dia 17 de Maio, é um dia para apontar nas nossas agendas. O Sala das máquinas vai lá estar .

Este Vulcan, é o unico bombardeiro nuclear delta em condições de vôo no Mundo, e "reside" permanentemente no Aérodromo de Brunthingthorpe, em Leicestershire. Alcunhado de " triângulo de lata", espera-se que nos jogos olímpicos de 2012, faça uma demonstração na cerimónia de abertura.. ou não fossem os seus motores, os mesmos " Olympus" que equipavam o Concorde...

Friday 6 March 2009

Dizer não ao "impossível": O Fairey Gyrodyne!

O simpático e curioso " Gyrodyne", um dos apenas dois exemplares existentes no Mundo! ( Nenhum em condições de vôo)

Esqueço-me sempre do nome "disto". Mas depois lembro-me do "Fairy", aquele detergente de lavar a loiça, e o nome vem-me logo à cabeça. Não devia ser assim. Além disso, a Fairey construiu o avião de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, o modelo IIId que atravessou o Atlântico Sul. Ou o Seafox, um eficaz biplano pioneiro na luta anti-submarina.
Mas não é isso que me tráz hoje aqui. Esta máquina, anda no meu subconsciente há meses, e por isso, meti-me em brios e fui a Woodley,próximo de Reading, Berkshire ver um dos únicos exemplares que restaram , e que foi emprestado a este museu actualmente em remodelação, pela Royal Air Force.

Este aparelho, é um primo afastado do helicóptero. Por esta altura, a malta das batas brancas ainda não sabia muito bem que aspecto final dar ao aparelho, e por isso espetaram um motor Alvis Leonides de nove cilindros em estrela numa espécie de autogiro-avião-helicóptero. Apesar de já existir o bem sucedido Bell 47 americano, os ingleses estavam convictos de que poderiam ter uma palavra a dizer na criação de um "Heliplano". Um avião que descolasse como um helicóptero. Mas o motor excessivamente ruidoso ( Que levava as populações pensarem que estava eventualmente um "Lancaster" a despenhar-se nas imediações) pesado e pouco potente, criavam alguns problemas á equipa de desenvolvimento do projecto.



O Gyrodyne nos seus tempos de teste. Aqui, o G-AIKF, destruido num acidente ( Foto RAF)

O rotor principal faria o aparelho elevar-se no ar, mas a partir daí funcionaria como um autogiro. A fraca autonomia, de apenas quinze minutos, sempre foi um problema. Durante os testes, foi preciso utilizar tanques exteriores para aumentar o tempo de duração do vôo. A hélice colocada no extremo de uma das asas, para evitar o torque originado pelo rotor principal, tal como o rotor de cauda nos helicópteros, bem como para proporcionar propulsão, era uma das características interessantes deste aparelho peculiar. O movimento era transmitido por um veio, desde o motor central, até à ponta da asa.


Infelizmente, a perda de uma tripulação num vôo de teste, e o consequente cancelamento do programa, aliado ao desenvolvimento do cavalo de batalha da RAF, que dava pelo nome de Westland Wessex, levaram ao fim do desenvolvimento do simpático Gyrodyne, de que apenas sobraram dois exemplares.
O espírito criativo britânico, e a sua postura em encarar o "impossível" como algo que simplesmente ainda não foi tentado, é algo que me inspira e atrai neste País, e uma das razões que me faz percorrer o Reino Unido em busca de exemplos como este, de máquinas construidas com o propósito de desbravar novos caminhos para a Ciência.







Esquema técnico do Fairey Gyrodyne. Note-se a única hélice na ponta da asa direita!