Esqueço-me sempre do nome "disto". Mas depois lembro-me do "Fairy", aquele detergente de lavar a loiça, e o nome vem-me logo à cabeça. Não devia ser assim. Além disso, a Fairey construiu o avião de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, o modelo IIId que atravessou o Atlântico Sul. Ou o Seafox, um eficaz biplano pioneiro na luta anti-submarina.
Mas não é isso que me tráz hoje aqui. Esta máquina, anda no meu subconsciente há meses, e por isso, meti-me em brios e fui a Woodley,próximo de Reading, Berkshire ver um dos únicos exemplares que restaram , e que foi emprestado a este museu actualmente em remodelação, pela Royal Air Force.
Este aparelho, é um primo afastado do helicóptero. Por esta altura, a malta das batas brancas ainda não sabia muito bem que aspecto final dar ao aparelho, e por isso espetaram um motor Alvis Leonides de nove cilindros em estrela numa espécie de autogiro-avião-helicóptero. Apesar de já existir o bem sucedido Bell 47 americano, os ingleses estavam convictos de que poderiam ter uma palavra a dizer na criação de um "Heliplano". Um avião que descolasse como um helicóptero. Mas o motor excessivamente ruidoso ( Que levava as populações pensarem que estava eventualmente um "Lancaster" a despenhar-se nas imediações) pesado e pouco potente, criavam alguns problemas á equipa de desenvolvimento do projecto.
O Gyrodyne nos seus tempos de teste. Aqui, o G-AIKF, destruido num acidente ( Foto RAF)
O rotor principal faria o aparelho elevar-se no ar, mas a partir daí funcionaria como um autogiro. A fraca autonomia, de apenas quinze minutos, sempre foi um problema. Durante os testes, foi preciso utilizar tanques exteriores para aumentar o tempo de duração do vôo. A hélice colocada no extremo de uma das asas, para evitar o torque originado pelo rotor principal, tal como o rotor de cauda nos helicópteros, bem como para proporcionar propulsão, era uma das características interessantes deste aparelho peculiar. O movimento era transmitido por um veio, desde o motor central, até à ponta da asa.
Infelizmente, a perda de uma tripulação num vôo de teste, e o consequente cancelamento do programa, aliado ao desenvolvimento do cavalo de batalha da RAF, que dava pelo nome de Westland Wessex, levaram ao fim do desenvolvimento do simpático Gyrodyne, de que apenas sobraram dois exemplares.
O espírito criativo britânico, e a sua postura em encarar o "impossível" como algo que simplesmente ainda não foi tentado, é algo que me inspira e atrai neste País, e uma das razões que me faz percorrer o Reino Unido em busca de exemplos como este, de máquinas construidas com o propósito de desbravar novos caminhos para a Ciência.
Esquema técnico do Fairey Gyrodyne. Note-se a única hélice na ponta da asa direita!
1 comment:
Miguel,
passar por aquié sempre uma aventura!!!
ainda hibernante, passei para lhe desejar um resto de dia (que 'dizem' ser da Mulher!) muito Feliz! seguido de muitos outros não menos fantásticos!
deixo um abraço e o meu sorriso !
mariam
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