Sunday 30 January 2011

U-534- A bordo de um U-Boat! Aniversário Sala das Máquinas!




Escotilha que dá acesso à ponte de comando do U534 ( Todas as fotos Mike Silva)


Hoje o Sala das Máquinas faz anos! Que tema abordar aqui no aniversário de um espaço cujo propósito é falar sobre máquinas que povoam os nossos sonhos? Estivémos a bordo de um dos apenas quatro U-boats alemâes da Segunda-Guerra Mundial existentes no Mundo !

Texto e fotos: Mike Silva

O submarino U-534 encontrava-se silencioso no fundo do Mar da costa dinamarquesa, quando o Almirante Doenitz ordenou que todos os submarinos se deviam render às 0800 do dia 5 de Maio de 1945.




Dano na traseira, possivelmente durante o afundamento




Porém, o comandante Herbert Nollau, um jovem de 26 anos, decidiu ignorar esta ordem e até hoje ninguém sabe porquê. Ninguém sabe o que trazia a bordo, nem para onde se dirigia. Seriam diamentes? Seriam oficiais Nazis em fuga após terem perdido a guerrra? Nollau apesar de muito novo já comandava o U534 desde 1942, juntamente com a sua tripulação de jovens acabados de saír da escola secundária.

A "tôrre" restaurada do U534. O capitão Nollau formou-se em 1936 durante os jogos olímpicos de Berlim, e foi autorizado a usar o símbolo olímpico no seu submarino.( A inscrição U534 pertence a um cartaz no exterior e não ao submarino)


Porém, um bombardeiro Liberator localizou-o junto à ilha de Anholt, e atingiu-o com diversas cargas de profundidade. O afundamento foi muito lento, o que permitiu praticamente a toda a tripulação escapar com Vida. Mesmo os cinco marinheiros que foram arrastados para o fundo do Mar na sala de torpedos, conseguiram escapar a 67 metros de profundidade , com um Kit de emergência. Apenas dois tripulantes morreram a caminho do Hospital.



Guia descoberto a bordo ,em bom estado ,das silhouetas dos navios ingleses, para ajudar na identificação!



O U534 esteve com paradeiro desaparecido durante quase 40 anos, mas em 1986 o mergulhador dinamarquês Aage Jensen localizou o navio, e falou com o milionário Karsten Ree para financiar a operação de resgate. O governo alemão, apesar de o submarino não ser considerado um túmulo de guerra, opôs-se à idéia, mas acabaria por aceitar a remoção. Alguns dos membros da tipulação original foram convidados pela equipa de operações a testemunhar o resgate, juntamente com ...a tripulação do Liberator que os afundou!



Em Agosto de 1993 o U534 foi finalmente trazido à superfície. Mas...para onde o levar? Durante a Segunda Guerra mundial, o Porto de Merseyside, junto a Liverpool era um dos locais mais concorridos pelos comboios de mantimentos, e um dos locais onde os U-boat facilmente faziam as suas presas. O museu Historic Warships de Birkenhead aceitou ficar com o navio, mas infelizmente devido a problemas financeiros faliu em 2006. O Futuro do U534 ficou novamente em perigo, quando...um operador de travessias Ferry entre as duas margens decidiu ficar com o histórico submarino!



Um dos motores "Daimler Benz" com 2200 cavalos.


Devido ao seu peso , não pôde ser transportado por estrada, e por isso foi cortado em cinco secções, tendo sido trazido por barcaças para o local onde se encontra. O corte do submarino foi feito utilizando tecnologia de ponta, e GPS! Todo o navio pode ser novamente reposto conforme o original. Uma das secções voltou mesmo a ser soldada, e a organização desafia os visitantes a descobrir a zona onde as duas partes voltaram a ser reunidas! Eu não descobri...


Algumas das armas encontradas no interior do submarino



Esta foi a única forma de poder mostrar aos visitantes de uma forma segura, o interior de um raro U-boat, um dos apenas quatro existentes no Mundo! Desculpa-se portanto a "heresia". O corte em secções tornou-se necessário também para proceder à retirada de munições e explosivos ainda não detonados e espalhados pelo cavername, bem como à remoção de mais de 200 toneladas de salitre e lama incrustrado no seu interior.

Diversos compartimentos encontravam-se ainda selados, sem água, o que proporcionou achados de incalculável valor, em perfeito bom estado. Incluindo uma máquina de decifrar Enigma em perfeito estado de conservação ! Armas, bandeiras, garrafas, rádios, uniformes. Uma mais -valia para o espólio mundial de artefactos da Segunda Guerra Mundial. Todos os achados estão expostos numa sala construída de propósito junto ao submarino.


Uma rara "Enigma" encontrada em bom estado!

A vida a bordo

O U534 apenas dispunha de dois sanitários, sendo um deles utilizado como dispensa na primeira fase da viagem. Uma sanita para uma tipulação de 52 homens, onde a água escasseava. A Marinha alemâ distribuia frascos de colónia " 4711", para mascarar o mau-cheiro, mas o desespero era tanto que muitos dos marinheiros lavavam-se com água suja de lavar os pratos!

O U534 teve uma vida operacional relativamente resguardada, servindo de base meteorológica no Ártico, sendo apenas escalado para acções de Guerra em 1944.

Ao visitar este histórico e raro navio, situado num edifício construído de propósito para albergar todo o espólio encontrado no interior, temos uma lição de História que diversos anos de ler livros e frequentar cursos universitários nunca poderão colmatar. Uma visita impressionante e um contacto com a História recente da humanidade que não deixará ninguém indiferente.



" A única coisa que realemente me meteu Medo durante a Guerra foram os U-boat!" ( Wiston Churchill )


Ficha Técnica

U534

Construido por : Deutsche Werfit Hamburg

Entrada ao serviço : 23 Dezembro 1942
Afundado em : 5 Maio de 1945

Resgatado em : 23 Agosto de 1993

Tipo : IXC longo alcance U boat

Esquadra : 33a frotilha Flensburg
Profundidade : 200 metros
Comprimento : 76 metros
Largura : 6 metros

Motores : 2x Daimler Benz Diesel de 2200 cavalos cada
1 Motor elétrico Siemens de 1000 cavalos
Vel. Superf. : 18.25 Nós
Vel. Submerg. : 7.25 Nós
Cap. Combust. : 214 toneladas Diesel
Raio de acção : 63 Milhas ( Submerso )
11.400 Milhas ( À superfície)
Deslocação : 1144 ( Superfície)
1247 ( Submergido )


Onde visitar este famoso U-Boat?

U-Boat Story
Woodside Ferry Terminal
Birkenhead,Merseyside
CH41 6DU
Se vive em Inglaterra ou vai viajar para Liverpool ou arredores, considere contribuir com a sua visita para manter este incalculável pedaço de história aberto ao público. Patente também no local uma réplica de um dos primeiros submarinos da História, o " Resurgam" construído na cidade!


Sunday 16 January 2011

Regresso a Portugal

Um A7 bilugar de treino aguardando restauro para figurar no Museu do Ar


Não. O regresso é apenas temporário, se por acaso estiverem a perguntar. Regressar a Portugal é um tema que está presente na cabeça do Português sempre que ele se encontra no Estrangeiro, e trata-se de estar sempre a colocar numa espécie de "balança" os prós e os contras de viver num e noutro País.
Fui a Portugal, à boa maneira emigrante " Passar o Natal" como se costuma dizer. Este "passar", é como em " passar uma tempestade", ou "passar por entre um bairro degradado cheio de criminalidade num carro luxuoso com os vidros abertos".

"Passar o Natal em Portugal" para os emigrantes significa sempre vir a guiar, o que fiz. Até aí tudo bem. Vim sempre a acelerar até um máximo de 130 Km por hora, o que me levou a ser constantemente ultrapassado por outros emigrantes a bordo de Audis e Mercedes suíços. Os emigrantes na Suiça são os que têm os melhores carros. Carros de matrícula inglesa não ví nenhum, portanto se viram por aí em Portugal um , devia ser o meu. Muitos vizinhos da minha filha já deviam comentar entre dentes " mas ela já tem carta?", por a verem sentada no lugar esquerdo a falar ao telemóvel. Sem repararem que no lugar do volante, vive agora despreocupadamente um porta-luvas.


Vista da Base Aérea de Sintra , e lá ao fundo mais uma etapa deste plano sórdido de alcatroar e fazer estradas em cada centímetro de Portugal ( não ocupado por estádios e centros comerciais)

Em termos de máquinas, tive de vir ao Museu do Ar em Sintra. Talvez por ser dia da semana, tive o Museu praticamente todo para mim, e pude falar demoradamente com as pessoas que mantêm o Museu, aproveitando sinergias e conhecimentos comuns existentes nos dois países em relação ao restauro de aeronaves. Fiquei absolutamente surpreendido pela positiva com o cuidado e o empenho posto no Museu e com a qualidade das exibições. Com o entusiasmo que transparece nos funcionários e com os projectos em curso.
Excepção feita a pequenos contactos com amigos, posso dizer que este foi o episódio mais feliz da minha ida a Portugal. Uma manhâ onde estive cercado por máquinas , sem me chatearem, e onde nada mais interessou. O resto foi um desfilar de miséria, doença, desemprego e de pessoas que andam tontas da cabeça e já não sabem o que fazem. Centros comerciais e centros comerciais que despontam como cogumelos. Estradas, estradas, e mais estradas e viadutos . Tudo a pagar a peso de Ouro quando estiver pronto, que levará a malta a ir pela Estrada Nacional à mesma.
Eleições. Candidatos que todos já cohecemos de gingeira e que insistem em ver falar-nos das ladaínhas do costume, feitos vendedores de banha da cobra. " Os emigrantes são uma mais-valia importantíssima"-dizem eles sempre. Mais valia ficarem calados. Os emigrantes são imediatamente esquecidos no momento que colocam a cruz no boletim de voto. Eles e todos os portugueses. Segue-se então mais quatro anitos a viver à pala. Não estou interessado.


Um belo F-86 Sabre junto a um helicóptero Allouette II e um PV2, em Sintra

Era essa a "mais-valia" a que eles se referiam. Um exército de pessoas além-fronteiras que convém ter à mão e engraxar para lá irem depositar o voto. Por mim podem arranjar uma cadeirinha se estão à espera que eu lá vá votar e pôr lá algum deles. Espero que esteja um dia bonito para ir voar, lavar aviões, ou varrer o hangar. Quando falarem de "dever cívico" deviam antes pensar no "dever" como políticos de melhorar a Vida das pessoas. Adiante...

Uma última palavra aos meus "amigos" muito ocupadinhos que quando lhes telefonei me disseram: " Então vais-te embora em que dia? Dia 3? Ah, então a gente ainda se vê até lá..."
Os dias passaram , e a gente " não se viu até lá". Não se macem em ligar , que eu já regressei a Inglaterra há uma semana.Compreendo que estejam muito ocupados. Espero que estejam a enriquecer a trabalhar. Não se esqueçam de ir votar .
Um spitfire português! Infelizmente é uma réplica feita em alumínio. Os verdadeiros que sobraram foram dados ao Reino Unido...para serem destruídos no filme " The Battle of Brittain" de 1969! Portugal no seu melhor...