Wednesday, 31 December 2008

Um bom ano novo para todos os visitantes do Sala das Máquinas


(Bilingual text. See below. )

Aqui estamos nós, uns à espera de ver mais um programa de fim-de-ano com uns apresentadores muito plastificados, outros a combinar uns copos misturados com umas corridas na Vasco da Gama, outros desorientados com a perspectiva de irem passar mais um ano, como o anterior. A acabar da mesma maneira, e a começar da mesma maneira. Sair para ir ver o fogo de artifício nalguma localidade mais importante, e já está. Não doeu nada.


As resoluções de fim-de -ano, são extraordinárias! Meu Deus, este ano, milhões de pessoas vão deixar de fumar, emagrecer, e economizar! Tal como no ano passado. Caminhamos para uma sociedade melhor, pelo menos até dia 4, quando tudo já estiver esquecido. Hoje, tenhamos os nosso sonhos e os nosso objectivos.


O sala das máquinas, completa em Janeiro o seu primeiro aniversário, e consegui chegar a mais pessoas , do que se apenas fosse uma idéia de café, e tivesse ficado na minha cabeça. Aqui, coloquei ao cabo de um ano, as minhas visões e opiniões sobre o Mundo e as máquinas que nos rodeiam.


Aqui continuarei a colocar artigos com frequencia, publicar o que me vai na alma e contribuir para tornar o dia-a-dia dos meus amigos mais interessante. Se o que escrevo , levar alguém a coçar a cabeça a perguntar " e se...", ou se a minha experiência no estrangeiro devolver alguma esperança aqueles que a julgam perdida, então irei considerar o meu tempo como bem empregue.


Não desejo que o ano que vem lhes traga tudo o que desejam. Isso é um lugar comum para escrever SMS nos telemóveis. Desejo-lhes que o Destino vos seja justo, e vos premeie dando aquilo porque tanto lutam há tanto tempo. Porque só nós sabemos o que é acordar com vontade de ir à luta, e saber que o Sol também nasce para nós. Porque só nós sabemos que apenas os peixes mortos vão com a corrente. Porque só nós sabemos que não vamos desistir até que esse ano apareça, e nos recompense por danos morais, em duplicado.


Esperemos que seja 2009. Muito obrigado, amigos que visitam o sala das máquinas, e bem vindos a este vosso espaço. Boas curvas, e não bebam muito hoje á noite...
....
I can´t thank you enough, my friends who I know from sure have a nice treat tring to wade trough this portuguese "jiberish", looking for some familiar words. It starts, when I give you that little piece of paper, that you kindly did not lost on yur way home, with some rather long name written on it, followed by ".com".
" Whats the meaning of this, mate?", you ask me, just to confirm it isn't any sort of dodgy porn website. " Engine room..."- I explain you. "It´s about the experiences of a portuguese in the British motoring world, and sometimes beyond..."
"-Ah"- You reply.
But then, all this people around the world that kindly send me their feedback, ( Along with some abuse,of course, when I slash some of their favorite machinery...)that I will probably never meet, but that keep making my writing worthwhile. If I never had make this blog, I would never had people from the Philipines, France or Malaysia getting back to me because of what I write.
We are today entering a new year, and all our hopes and dreams are renovated somehow. We all suddenly have some hope in tomorrow, and everything seems to have a solution. Lets not loose that momentum and keep it as long as we can. We can make it . Those who pursue, shall be rewarded.
Thank you very kindly, for visiting my blog, and I wish you and your family a very happy new year.

Friday, 26 December 2008

Helicópteros feitos nas traseiras!

Nigéria Copter Co. MK I : Já vem com bancos de Toyota de série...





Consigo entender a procura da satisfação criativa, de conseguir criar uma máquina utilizando restos e peças de outras. Construí uma Vespa com motor de um Volkswagen, e mal e porcamente adaptei o motor de um Audi 100 nas traseiras de uma uma Renault 4, que subitamente se incendiou sem motivo aparente. Caprichos...Vá se lá saber ! Mesmo assim fiz uns raspões e torci um pé com estas brincadeiras...

Mas perseguir o ideal de construir uma máquina, em que nos temos de lá pôr dentro, e que pretende elevar-se nos céus utilizando basicamente uma faca rotativa por cima das nossas cabeças, é algo que me custa a deglutir e a assimilar.

Só quem nunca andou num helicóptero, desconhece o extremo cálculo e engenharia envolvidos, em tornar minimamente seguro o vôo num destes aparelhos. Mesmo construídos por empresas líder mundial do sector, bem sabemos como por vezes, estas extraordinárias máquinas vêem por aí abaixo, voando como um frigorífico. Mesmo o peso dos passageiros e do combustível, tem influência no planeamento do vôo.

Contudo, estas máquinas que aqui vos trago hoje, fazem tábua rasa de tudo isto, e constroem fuselagens em AÇO, com motores de ferro fundido! O fabrico de pás do rotor principal, utilizando tecnologia de ponta, capaz de suportar velocidades angulares no extremo das pás próximas da velocidade do som, pode pelos vistos ser facilmente substituído por uma qualquer folha de chapa cortada a rebarbadora no fundo do quintal.


Uma dupla de agricultores vietnamita, tenta há anos que o governo autorize uma série de testes para um helicóptero produzido numa oficina de tractores, onde uma equipa de engenheiros se dirigiu para efectuar uma vistoria á aeronave. Construída pelo processo de tentativa-erro, a margem para engano é excessivamente alta, e não é possivel ninguém assinar por baixo, para permitir testar semelhante coisa. Dotado de um motor de camião russo, com pouco menos de 300 cavalos, o helicóptero de AÇO, já efectuou testes de vôo estacionário, mesmo contra ordens expressas do governo, o que valeu uma ida a tribunal aos dois sócios.



Demonstração para o " Sala das máquinas"? Hmmm. não, obrigadinho... Não se incomodem...



Na Nigéria, restos de um Toyota e de motos, foram utilizados por um estudante Nigeriano para elevar um "protótipo " a cerca de trinta metros de altura, em vôo estacionário. Este "modelo",possui mesmo câmara de vídeo para auxiliar nas aterragens, e foi financiado por pequenas remunerações relativas a reparações que o estudante , Mubarak Mohammed faz em telemóveis e eléctrodomésticos.


O sonho comanda a vida, é certo. Temos de respeitar estas tentativas e sonhos destas pessoas. A ingenuidade e a vontade fazem avançar a Ciência.Mas não me apanham dentro de um destes, tenham lá paciência...

Saturday, 20 December 2008

Terrafugia Transition: O carro voador?

Brigada de trânsito mais à frente? Ora,carrega-se num botão e...

O tema do carro voador, é um dos que mais fascina o Homem desde a criação do Automóvel. A possibilidade de,de repente, nos podermos elevar nos céus perante um engarrafamento, deixando o comum dos mortais a lidar com a inferioridade de quem tem apenas a Terra para circular, é um sonho que tem deixado muita gente sem dormir, por esse Mundo fora.


Mais próximo do conceito, e de ser colocado em produção já no próximo ano, o norte-americano ( como habitualmente) Terrafugia, promete ser uma aposta coerente e interessante neste novo nicho de mercado. Com um preço estimado de $ 127.000, e uma autonomia em vôo de 460 Milhas, equipado com um motor Rotax de 100 Cavalos e um depósito de 60 Litros, o Transition já começou os testes de vôo na fábrica em Woburn, no Massachussets.


A ideia, é simples e já não é nova. Nos anos cinquenta, a empresa Aerocar, também americana,produziu um modelo em que as asas eram retiradas e transportadas num reboque: Sair de casa, ir por estrada até a um campo de aviação, descolar, aterrar num aérodromo próximo do destino, e seguir por estrada até ao local escolhido. Os fabricantes, garantem que com as asas dobradas, o Transition pode ser guardado numa garagem convencional.


Com uma caução de 6500 Libras,pode já encomendar o seu Transition...


O veículo ( Autovião? Aerocarro? Aeromóvel?...) já é legal nos EUA, e aguarda homologação para o Reino Unido. Será preciso, obviamente, deter uma licença de pilotagem além de uma carta de condução,para poder operar o Terrafugia.

Saturday, 13 December 2008

Cars that nobody wants


A picture that worths a thousand words...or pounds.

Today, while I was reading the Daily Mail, I came across a rather awful picture, of a huge airfield completely clogged with unsold cars. Apparently, the credit crunch blow has been too much for the market,who can't shift enough cars. So they store them in an airfield in Oxfordshire.


There must be on that picture, THOUSANDS of cars, shown in an aerial photograph that pictures the entire runway, completely full of brand new vehicles. This must be something serious as it is one of the most intriguing automotive pictures I have ever seen in my life.


According to the article, the industry worldwide is facing a blant recession, and all the car makers are going through difficulties. Ford in the USA, has told that they are allright by now, but expect some troubles in the next few weeks. The senate, has already reject a bail out of the government to help the industry. But according to the the article, not every car maker is doing bad. Mini and Rolls Royce, are doing well, it says.


Apparently, car makers have lost some important time focusing on building gas guzzlers that no one wants. After a period of time that was "cool" to drive a pick up or an SUV, the running costs associated to a certain "bad image", targeted by the green activists and lobbies, made the idea of having a money pit lump parked in the drive, that vaccums all the money available for not much in return a very sad idea.


The average improvement of the car manufacturing process, took the reliability and durability of a car way beyond where it was ten years ago, where the cars started to rot as soon as they left the dealer. There isn´t much need of a new car now, as families keep hold of their still in good condition vehicles. This also helped to the recession.


The question of a bail out, as it happened in the banking, raises equally some questions: Are this companies going to produce some more society focused cars, or , as we see today, will persevere on making models for a niche, that no one wants, and expect the next time to get bailed out again? What will happen to these cars, built almost some months ago, lying around in an airfield, and getting older by the day? Scrap is the word that comes to mind.
Maybe it was a good ideia , if we start to produce cars that people need and seek for, and don´t just go producing because we must have a SUV in our range, because every maker has one...



Sunday, 7 December 2008

Autocarros: O primeiro portal em português

Visite http://www.autocarrospt.ning.com/. O primeiro portal sobre autocarros clássicos em Portugal.


Experimentem clicar no Google em "Autocarros" e " Português", e apenas vos aparecerá uma ou outra entrada de um ou outro post colocado num dos inumeros sites sobre clássicos,que amavelmente disponibilizam espaços na sua "frame", para o debate de vertentes " menos" importantes do Mundo dos clássicos.
Existem tembém diversos entusiastas, que mantêm os seus blogs dedicados ao assunto, mas náo existe verdadeiramente um local onde todos os interessados possam debater e falar entre si, frequentado por especialistas e conhecedores, profissionais , entusiastas e media . O sala das máquinas,por exemplo, já abordou vezes sem conta o assunto dos autocarros, mas o seu ambito é de tal forma vasto, que náo poderia ser debatido em exclusivo aqui.
Os nossos amigos brasileiros,por exemplo, já se aperceberam da importancia Historica dos autocarros, e já dispôem de sites especializados para falar de " Ônibus". Em todo o Mundo, as pessoas já compreenderam que é necessário salvar o que resta. Portugal precisa de se organizar também.

Parece haver até, uma especie de "pudor", em debater o assunto do autocarro clássico, mas é compreensível: Um autocarro sempre foi sinónimo de transporte para quem não conseguia adquirir um automóvel. Mais ainda, um autocarro clássico hoje em dia, é sinónimo de um esforço feito por alguma empresa que ainda respeita o património de outrora, e contam-se pelos dedos os exemplares restaurados em Portugal.


Resumidamente, "Autocarros clássicos" , é uma frase para descrever um mero acto nostálgico de olhar para fotos de autocarros desaparecidos perante a fúria dos sucateiros. Os únicos potenciais interessados em autocarros clássicos em Portugal de momento.


Pois tenho más notícias para vocês, amigos de desperdício no bolso, e cabelos cheios de massa,para quem um Bentley ou um AX valem apenas pelo peso que marcam na balança: Pelo Mundo inteiro, existe já um movimento em crescimento de admiradores de autocarros, que possuem algumas respostas e soluções para "velhos do Restelo", e cada vez mais existe uma consciência global de que algo tem de ser feito para resguardar estes grandiosos pedaços de História industrial e social do esquecimento.


Por isso, em breve terão de voltar às máquinas de lavar e aos fogareiros para derreter para o " ferro". E Citroens AX. Que muito têm em comum com máquinas de lavar.Cada vez mais ,a nível europeu e mundial, as empresas percebem que os autocarros podem ser uma mais valia comercial , e os apoios vão surgindo. A conta-gotas, mas vão surgindo.
É claro que náo é facil recuperar um autocarro. Conforma não o é, recuperar uma moto. A "desculpa" de sempre, mais esfarrapada do que uma camisola de um adepto da equipa contrária, é o do "Espaço". " Ah, e tal, um autocarro ocupa muito espaço..."
Mas no estrangeiro, o espaço também não abunda e é caro! Mas recupera-se autocarros! Então qual é o truque? O truque, são as empresas que disponibilizam esse espaço em troca de publicidade na lateral dos autocarros,por exemplo! Ou cobram um valor perfeitamente aceitável de parque. Ou ainda, são seduzidas a utilizar o autocarro para eventos comerciais ou sociais da empresa.
Há muitas formas de dar a volta ao texto. O restauro de autocarros não é para toda a gente, mas também náo é um "Bicho de sete cabeças".
É preciso aproveitar o momento, e reunirmo-nos em volta do interesse de preservar e manter autocarros clássicos. Para que nunca mais olhemos para uma foto, e julguemos que aquelas autocarros em que andámos quando eramos putos, desapareceram para sempre.


Não desaparecereram. Apenas decidimos esquecermo-nos deles...


Visiste o primeiro portal português sobre autocarros em http://www.autocarrospt.ning.com/

Registe-se e participe. Nem que seja com as suas memórias de passageiro. Não existe português que não tenha andado num AEC,por exemplo.

Tuesday, 2 December 2008

Vinte anos com um pão-de-forma!

Não foi de propósito: Eu sei que o artigo anterior ,falava sobre a pão-de-forma, mas acontece que estas fotos que estavam desaparecidas há muito , foram resgatadas e enviadas por correio electrónico para mim, para Inglaterra.

Eis a História em imagens, de vinte anos de convivência com um pão-de-forma. ( Perua para os meus amigos brasileiros, Kombi ou transporter. ) As fotos perderam alguma qualidade, durante o processo de "scanning".






1987: A foto mais antiga que tenho. Tirada por Pedro Caiado na zona do Fanqueiro,Cruz de Pau. Pintada a pincel, e sem seguro. Inspecções não havia. Tinhamos ido actuar na nossa banda rock a um clube recreativo. A frase " Pá: queres uma carrinha toda pôdre para tirares peças?", antecedeu a minha posse deste veículo...que uma semana depois já estava na estrada com uma bateria emprestada, e os buracos tapados com fibra e jornais... Hmmm! A carta ainda a estava a tirar...





1988: Pintura geral: Preparar,lixar,raspar,isolar,e pintar...meio dia! Estrada com ela. Cor: Dyrup Dysint 553.( em cima do banco da frente) Ali estou eu com dezoito aninhos... O " danger" foi escrito com tape. Já estava a adivinhar qual seria a minha próxima linguagem...





1992: De madrugada, depois de vir do "Johnny Guitar" em Santos. Onde se estacionava sem problema nenhum. farolins traseiros? Isso já "não se fabricava..." Havia que desenrascar...





1992: A minha "quadrilha" da Força Aérea. Não me lembro que está lá dentro. Ainda vou " para os copos" com alguns destes "maçarros"... Mesmo que tenham sido OPinfs, e OPcarts e MMAs. ( linguagem militar,não liguem...) Aqui , preparávamo-nos para ir para a "piscina de cabos", após um da de instrução .


1997: Com o passar dos anos, já podia alugar uma garagem e utilizar um compressor. Havia que dar mais uma "cosmética " à coisa. O portão traseiro é de um modelo militar,entretanto mandado para a sucata. O original caíu em andamento... Todo o trabalho de chaparia foi realizado por militares amigos especializados em bate-chapa. Obrigado Rui, Manelinho, e Ti Esteves...Quatro meses de cortar e substituir chapa completamente pôdre.




2000- Casar,mudar de casa,comprar móveis e cortinados...e a pão-de-forma á chuva debaixo de uma capa, com os putos apartir os vidros, e a Câmara Municipal a rebocar como "Veículo abandonado." ( Olhem para este artigo, seus cabeças de mula!) Isto lá parece que está abandonado?




Perdi amor a uns trocos, e mandei-a para uma estufa preparar e pintar. Vi estas cores num documentário sobre a Kombi, e gostei. Quero lá saber que não era a côr original! Acham-me com cara de conservador de museu?



2002: Primeiro encontro que frequentei com a "Pão-de-forma" já completamente restaurada. O final de oito anos de trabalho. Nunca tinha ido a um encontro de carochas com ela. Algumas coisas ainda por fazer, e o farolim da matrícula traseira, é de um BMW 520,para desenrascar. Como algum "técnico" fez o favor de me alertar... não há como o portuga para pôr defeitos...





Apesar disso, recebi o prémio de "melhor restauro" entregue no maior encontro anual em Portugal subordinado a VW históricos. Entregue por António Sala, e o cantor Melão, ambos aficionados do " carro do povo"... Dediquei o prémio ao meu Pai, que sempre quis ver a carrinha arranjada e bonitinha ,mas partiu sem chegar a ver esse dia.



Como reconhecimento do nível do meu trabalho, o principal concessionário da Capital, convidou-me a expôr a minha "Pão-de-forma" no salão principal,entre os carrinhos novinhos em folha.




Durante mais de uma década, lutei contra tudo e contra todos para recuperar um veículo comercial do estado de sucata,e conseguir trazê-lo para dentro de um stand. Fiz o percurso inverso. "Showroom condition",como dizem os ingleses. Este foi um feito de que muito me orgulho, e que de certa forma ditou o meu envolvimento com a cena automóvel mundial. Deixei o meu país para perseguir o sonho automóvel em Inglaterra e no resto do Mundo.

Bem hajam a todos aqueles que passam por semelhantes dificuldades, e rodeados de pessoas que insistem em dizer que não vão ser capazes. A todos os FDP que sempre me criaram obstáculos,me deitaram abaixo, me meteram em tribunal, não quiseram aceitar boleia da " carrinha do peixe" e etc e tal, o meu muito obrigado. Se não tivesse tanta raiva de voces, se calhar não tinha conseguido...

Corram atrás dos vossos objectivos!

Wednesday, 26 November 2008

Pão-de-Forma(to) estranho...

Será que isto é "vingança" da Subaru por a malta dos carochas andar a utilizar motores do Impreza ? Não havia necessidade...




Não nos enganemos: A designação de "Pão-de-forma" surgida no auge da utilização do popular comercial da Volkswagen, tinha um sentido perjorativo. O aparecimento da Ford Transit, e a consequente eleição de um novo comercial para transportar peúgas nas feiras, levou a que o redondo e simpático comercial fosse ostracizado e progressivamente colocado atrás da barraca das farturas, à medida que a cultura " Poligrupo" avançava década adentro.

Aparecer ao volante de um "Pão-de-forma", ou sequer ser visto a bordo de um, era como ser designado automaticamente de vendedor de peixe, cigano ou feirante. " Deixa-nos aqui...", pediam os meus amigos metros antes de chegarmos ao destino. A corrosão avançada que ameaçava deixar cair a porta em cada semáforo, ou a ejectar violentamente o que sobrava do pára-choques traseiro sobre o carro que vinha atrás, originando um choque em cadeia, era um argumento válido para progressivamente menos pessoas utilizarem um "Pão-de-forma". Nunca soube se aquelas imagens de violentos acidentes á noite no Telejornal, tiham sido originadas por mim,porque várias vezes chegava a casa com peças a faltar.

Ninguém olhava duas vezes para uma "Pão-de-forma". Essa é que é essa.

Entretanto, a imagem do "flower power", dos surfistas, dos filmes , e o facto de uma"Pão-de -forma ser um veículo estupidamente fácil de manter, fizeram disparar o preço dos exemplares que sobreviveram. Mas não havia suficientes. Havia que fazer algo, para saciar a vontade de " pãodeformizar" a actualidade. Com a promessa de um concept a tardar em ser servida à mesa pela Volks, do outro lado do Mundo os nossos amigos japoneses decidiram fazer ...ha...humm...isto!

"Isto", é uma carrinha tipo "Bedford Rascal", com 600cc Turbo. Nome? Subaru Sambar! Que se assemelha vagamente com a frente de uma pão -de-forma. Conforme as séries cómicas portuguesas se assemelham vagamente com as inglesas: Ainda ontem deu o "Camilo e filho", na versão original inglesa na BBC Gold. Dá o mesmo " ar", mas a essência é completamente outra.



Um hamburguer congelado, em vez duma Carne à Jardineira...


Sobremotorizar um motor 600 cc de três cilindros, é como atar um foguete a uma Sachs! Dá uma velocidade porreira, mas não existe modo de prolongarmos a experiencia sem que o piston saia pelo escape: Não sei o que ia na cabeça das pessoas que fizeram isto, mas o resultado pode ser atirado directamente para o cesto do " New Beetle" e companhia limitada. Um mero exercício estilístico para saciar o vício aos drogados da moda, que não querem cá saber de ser original ou não. Desde que pareça com o original, serve. Uma imitação de um Raymond Weil a custar um Euro. E a utilizar o cesto das peças que sobram de outros modelos, nem sempre encaixando tudo como devia ser.

Mas não deixa de ser uma visão cómica. Tal como as séries e programas que todos pensamos serem "originais", e foram decalcados de exitos estrangeiros. Vejam o programa do "Jonathan Ross Friday Night", e vejam lá se não vos faz lembrar nada...






Thursday, 20 November 2008

A garagem do Top Gear!







Mais uma vez,tive a oportunidade de contactar com a "tripla" Clarkson,May e Hammond , durante a relaização de um programa para a BBC, e conhecer mais de perto algumas das criações algo..hmmm...."curiosas" desta equipa que nos entretem aos Domingos á tarde.





Num edifício pejado de Rolls -Royces ( God, o Phantom Drophead é uma camioneta! É do tamanho de um Hummer!), Ferraris,Lamborghinis, e carros banais da equipa de produção, alguns bem nosso conhecidos se destacavam dos demais,como o popular Reliant ,um dos utilizados no "sketch" do foguetão. Este não explodiu, nem foi á Lua.





As imagens estão um bocado escuras. Eu sei. Em algumas não liguei o flash,porque o meu dedo indicador da mão direita não parava quieto a carregar. Salvaram-se algumas. Lá estava também o BMW que eles utilizaram numa prova de BTTC, em que as portas dizem "Larsen", e "Peniscon", e quando abertas, o " desaparecimento " de algumas letras leva a algum mal estar visual...





A limousine MG, e o Opel Kadett " Oliver" que Hammond utilizou na travessia da Á frica Central, também lá estavam, assim como outros "artefactos" motorizados utilizado pela equipa. Saio daqui com pena por esta ter sido uma demasiada curta visita, mas só tenho a agradecer a Richard Hammond o tempo que dedicou a esta curta visita, uma oportunidade de ouro para qualquer "petrolhead" que se preze.





Thanks mate!













Sunday, 16 November 2008

Mais do KTM Crossbow!

Fica bem em qualquer garagem. Sei de uma mesmo à maneira!...

Eu sei, já falei aqui sobre este carro. O que se passa, é que hoje conheci o dono dele, após o voltar a encontrar em Birmingham no NEC.


Nem só de guiadores e terratrips vive o entusiasta KTM...

A primeira vez que vi este carro em pista, e ao vivo no Padock, foi há uns meses em Goodwood. Porém, devido ao fenómeno cultural e mundial que é Goodwood,onde todos os olhos da imprensa mundial estão ali focados, decidiram na altura colocar umas moçoilas desenhadas a compasso, que não poderiam saber menos sobre o Crossbow do que o Padeiro lá da minha terra. ( Só sabe aumentar o pão para comprar mais motos 4 para os filhos gordos...)



Qualquer pergunta sobre o carro, apenas originava sorrisos e encolher de ombros, ou quanto muito, uma frase a aconselhar-me contactar o meu representante local.

Pois! Estou mesmo a ver..." Ó amigo, aqui só temos Dukes..."
" Só me saem Dukes"?...Nem pensar. KTM Crossbow.

Hoje em Birmingham, conheci o Director-Geral para o Reino Unido do projecto Crossbow, que por acaso também é o feliz proprietário deste exemplar. O único matriculado no Reino Unido para circular na estrada,por enquanto.

"Manómetros"? ( Adoro este termo). Não há cá " manómetros"... Isto é que manda!

Algo me diz, que este escape não estará disponível assim de repente na Auto-Escapes de Moscavide...

" Esteja á vontade!"- Tire as fotos que quiser. Foi o mesmo que dizer a um puto que podia saltar para dentro do balcão, para comer os pastéis de nata todos...
Por isso, aqui estão as fotos deste magnifico carro, propulsionado por um motor Audi de dois litros, e fabricado na Áustria, numa oficina própria. Dedico estas fotos uma vez mais aos meus amigos do Fórum KTM Portugal, o site na net especializado sobre a marca, onde entusiastas,proprietários e apreciadores da marca debatem a temática das "laranjinhas" de um modo cordial ou mais técnico,conforme a necessidade.



Marca de motas de "cross"? Ora essa! Marca de super-desportivos,se faz favor!

Saturday, 8 November 2008

SUPERPETROLEIROS: A autêntica "Sala das máquinas"

Uma experiência indescritível. Medo.Respeito.Admiração.Êxtase.



Com a crise petrolífera dos anos sessenta e setenta, dois grandes tipos de maquinaria surgiram no panorama mundial: O carrito pequeninito, e o Superpetroleiro. O primeiro, serviu para contornar a dificuldade das famílias em acederem e manterem um meio de transporte. O segundo, para contornar o Cabo da Boa Esperança, para trazer mais petróleo sem passar pelo canal de Suez.
Desde muito cedo, que convivi com estes monstros gigantescos dos mares. A minha "creche" e respectiva carrinha de infantário, sempre foram os rebocadores da AGPL, e so navios enormes que procuravam Lisboa para reparações. Em tempos onde não existia o políticamente correcto, nem a obcessão incontrolável da segurança, era "normal" eu subir um portaló ao largo de Lisboa, ás cavalitas do meu Pai. Depois de ter feito uma curta viagem num rebocador ou numa lancha de apoio. Batia aos pontos o dia-a-dia do Zé Manel, e do Ricardo, que tinham de gramar com uma sala de infantário a fazer Legos e a comer Cerelac...

Lembro-me perfeitamente do primeiro superpetroleiro que visitei, o " MV Herminius". Um problema qualquer numa máquina qualquer, e teve de fundear próximo de Sines. Nada como um passeio de rebocador ( o Albertina) pela costa, a levar com chuveiro das ondas que explodem na frente do rebocador, que sobe e desce como se fosse um UMM largado a toda a velocidade na pista de Fronteira. Era como fazer surf com uma prancha de 200 toneladas e 17000 cavalos.




"Travar", não é um acto imediato. Imaginem deitar o pé ao travão em Santarém,para parar em Lisboa...

A entrada no petroleiro, feita por uma escada metálica baixada por uma grua, paralela ao costado, tinha um problema: Tão depressa estavamos no primeiro degrau, como no nono! Quando nos preparávamos para meter o pé no primeiro degrau, a ondulação eleváva-nos para quase dois metros acima, tudo decorado com uma fachada preta que parecia um prédio ,onde os pneus velhos do rebocador raspavam assustadoramente.
"Vá lá, pá. Não sejas maricas!"

Gritavam os marinheiros de barba rija, apoiados apenas com uma mão num corrimão, como se estivessem na sala de jantar . Para ajudar á festa, os degraus eram em concha, para melhor se adaptarem ao angulo das marés, ou do porto . Era como subir degraus em forma de poleiro, feitos em rede, onde podia ver o Mar por debaixo dos pés.
Uns anos mais tarde, visitei a maior máquina que alguma vez ousei pensar, um monstro completamente pintado de verde, de bandeira iraquina,chamado Al-oua qualquer coisa. Tão grande, que ocupava a totalidade de doca 13 na Lisnave. A maior do Mundo, como sabem. A capacidade dos QUATRO motores, era medida em METROS CÚBICOS. Um piston sobressalente arrecadado na sala das máquinas ( Ora aqui está um termo curioso) era do tamanho de uma ROULOUTTE! Uma vez no seu convés, para aceder ao piso inferior, onde se procedia a umas medições com raios X para determinar a espessura dos tanques de lastro, tinhamos de descer novamente o equivalente a um prédio de OITO andares. Tudo pejado de maquinaria e bombas, tubos e luzinhas a apagar e a acender.


Para afundar estes navios, costumavam apontar os mísseis á sala das máquinas. ( Isso lá é coisa que se faça?)..Os restantes compartimentos são estanques entre si.



Este "veículo", chamemos-lhe assim, consome uma espécie de graxa de sapatos, chamada "nafta", e precisa de uma hora para parar. Por isso, antes de passar por baixo da ponte sobre o Tejo à hora do almoço, tem de desligar as máquinas ao pequeno -almoço, e ao passar pelo Bugio já tem de vir "desengatado". É comandado por um Joystick, e o piloto controla um painel onde se lê " Rudder Indicator. Isto nos anos oitenta.
Já nos anos noventa, foi-me dada a oportunidade e o prazer desmedido de realmente guiar um petroleiro, na costa Senegalesa. Um navio de bandeira Sueca, que avariou em Zighinchor a sul, na região de Casamance, e necessitou de ser reparado em Dakar. Por volta das três da manhã, subi á ponte onde o meu Pai e outro piloto se encontravam. Completamente escuro, e o navio seguia em piloto automático. Lá fora, apenas o céu africano escuro como bréu. Uma olhadela pelo radar DECCA, onde se tem de colocar a cabeça num envólucro de borracha,por causa da luz, pude ver a quase vinte milhas, um grupo minúsculo de pescadores locais .
Olhando pelo vidro, não se via nada! Nesta altura, o alarme tinha indicado a presença de embarcações, e foi necessário desligar o piloto automático. Sentado numa cadeira de " escritório", e comandando um joystick, "guiei" a maior máquina da minha vida. Apenas um pequeno desvio de alguns graus, mas que permitiu, meia hora depois,passar por um pequeno grupo de barcos de pescadores quase se encontravam fundeados ao largo da ilha de Carabane.

Hoje, a indústria de reparação naval está moribunda, e o meu Pai já não está entre nós para me proporcionar estas experiências. Foi o seu conhecimento do Mundo como um só local, e não como uma soma de países, que me levou se calhar a optar pelo estrangeiro para viver. Dificilmente voltarei a um petroleiro, ou a pescar espadartes com um cabo de aço e um bocado de carne presos na amurada.
Ficou o gosto pelas máquinas, e o profundo apreço e respeito por quem projecta,constrói, comanda e trabalha nestas que são consderadas as maiores máquinas existentes á face da terra.Superpetroleiros. Nunca os esquecerei.


Uma revisão a um " iate" destes, é o orçamento de estado de um pequeno País...





Thursday, 30 October 2008

Medo do Escuro

O pesadelo da "Gestapo dos parafusos"...Um clássico modificado




Apreciar um veículo clássico, é um acto que se descreve sob as mais variadas formas. Há quem os coloque numa redoma,quem insista em usufruir deles, é há ainda os que gostam de levar o conceito até ao limite...Estará o panorama dos clássicos a mudar?

Será que há algum acto que possamos fazer, que "destitua" um veículo de ser clássico? Eis uma pergunta interessante! Será que, por exemplo, ao utilizarmos uma carroçaria de um carocha, sem nada , nem mesmo o mais pequeno parafuso, e lhe aplicarmos um chassis tubular com um motor V8, ele deixará de ser um carocha?
Não me cabe a mim responder.No entanto,parece existir cada vez mais uma corrente de entusiástas que opta por levar a paixão por veículos clássicos a outros níveis, " pushing the boundaries" ,como os nossos amigos ingleses costumam dizer. Parece que para este grupo de apreciadores , procurar parafusinhos e calços de travão de origem para um determinado modelo, já não chega para saciar a vontade de apreciar veículos clássicos.Querem mais!



Sim, tem suspensão pneumática,motor SCAT e travões de disco. So what?



De algum modo, aperceberam-se de que o potencial de chamar a atenção da multidão sequestrada no interior de utilitários de plástico cinzento metalizado, pode ser grandemente melhorado quando optam por modificar os seus veículos. E como vantagem adicional, ganham melhor performance para o trânsito do dia-a-dia, possibilitando aos seus carros fazer face ás rigorosas condições de operação actuais.
Entretanto, libertos das regras espartilhadas do mundo dos clássicos "normais" , onde uma "Gestapo dos parafusos" escrutiniza incansávelmente os veículos, procurando levar a taça para casa por terem descoberto um escorrido de tinta, ou uma lasca no espelho, os proprietários destes carros descobrem também outra coisa: Prazer na condução!




Não está de origem? Pois não. Mas tem 600 cavalos e deita uma chama de cinco metros...


Subitamente, as molas pasmadas e ruidosas que obrigam a inclinar a carroçaria na mais simples curva, dão lugar a uma geometria que faz deslocar o clássico sobre carris.Os bancos sem apoios, que nos obrigavam a fazer as curvas apoiados nas portas, seguramo-nos agora com cintos de três apoios. O Tablier, parece muito mais apelativo agora com todos estes instrumentos, do que anteriormente. Sinto mais entrosamento e interacção com o carro! E isso só pode ser bom!
De repente, o "velho" carro que estorvava nos semáforos, passa a envergonhar dispendiosos automóveis modernos , por uma fracção do custo destes.Os sistemas de ignição e arrefecimento, em vez de contribuirem para a economia das empresas de reboque, permitem agora viagens a ritmo elevado, com menor consumo. E não consigo ver nada de errado nisso.Se alguém se arrepender, o clássico original estará apenas a algumas horas de modificação com recurso ás peças originais guardadas na garagem.


Este Ford tem motor Ford. Embora um V8, 6500 cc...0 aos cem em 4,5 segundos...



Um dos modelos mais curiosos que experimentei, foi uma pequena produção artesanal, utilizando peças de diversos modelos de automóveis e motos.
Construído em Chassis tubular, utilizando um motor de Moto FJ 1200,um pequeno carrito pertencente ao piloto de Dragsters Australiano Hevo Thunder, que alinha com ele numa classe criada de propósito para estes carros, tem impresso no tejadilho a letra do refrão da música dos "Men at Work " intitulada "Thunder". "You better run, you better take cover.."



Serã que eles vão notar que aqueles parafusinhos nos guarda-lamas não são de origem?



Estes carros devido ao seu tamanho e potência, proporcionam um espectáculo único, com velocidades acima dos 200 Km /h. Ao lado, ouvindo a conversa, um medonho Cadillac de 8800 CC com pára quedas e aquelas rodas na traseira para não "sacar cavalo" , nem sequer ousou colocar o motor em funcionamento. Principalmente, por estar mesmo ao lado da roullotte da Polícia, sempre empenhada em dar a conhecer o seu trabalho e colocar-se do lado dos entusiastas de uma forma cordial. Havia que não abusar!


Um autêntico cangalho de meter nojo aos meninos do sapatinho de vela que acham os carochas "Giros"... O dinheiro foi todo para o motor 2200 de injecção,para o escape Bugpack, e para os sub-woofers.


Não há que ter "medo do escuro".Ou seja, da reacção de entusiastas mais fundamentalistas, quando decidimos melhorar o nosso clássico. Há que respeitar todas as opcções de usufruir um clássico, pois esta diversidade é que faz pulsar a actividade e a torna interessante. Desde que não estraguem nada, e se consiga pôr de volta as molas de carroça e o motor de válvulas laterais no sítio, tudo bem.

Mas alguem iria querer ou seria capaz?


Friday, 24 October 2008

FICAR SEM GASÓLEO!


Este é um dos maiores fantasmas do automobilista: Ficar sem combustível."Dá à vontade!"-Dizemos sempre, esperançados que entretanto apareça uma área de serviço. Mas não aparece. E pior ainda, no meio de uma auto-estrada, em vez de um sinal a dizer " área de serviço", eis que nos aparece um engarrafamento.O ponteiro, aponta descaradamente para o risco encarnado, e a luz avisadora amarela já está acesa vai para uma hora. Só existe uma solução: Sair da Auto-estrada, e procurar uma bomba. Ou então, vivendo nós no séc.XXI, recorrer ao Satnav, para nos indicar uma bomba.


Uma vez digitada a vontade de achar uma bomba, a pequena máquina maravilha desenha imediatamente um percurso, que nos promete uma bomba cheia de luzes, e uma loja onde podemos comprar uma sandocha empurrada goela abaixo por uma Coke.Três milhas! Porreiro! Não tarda nada estarei a saciar a sede ao meu fiel cavalo, e a voltar novamente á auto -estrada.Três milhas. Dá perfeitamente. Até me posso dar ao luxo de acelerar á vontade, porque mesmo que acabasse, estaria mesmo a chegar à bomba.


Err. Não exactamente...


É que estão a ver, eu estou em Birmingham, a um Domingo à noite, regressado do Sul de Inglaterra,onde estive a experimentar mais um magnífico desportivo para uma revista e só queria chegar a casa. Saí da M6 por causa de um engarrafamento, e embrenhei-me num bairro social pejado de prédios e parca iluminação. Mas não importava. Dentro de seiscentas " yards", o posto de gasolina iria aparecer.


Mas não... Apenas bicicletas tripuladas por putos de capuz, e mais bicicletas tripuladas por putos de capuz. Provavelmente com facalhões, ou pistolas. Até que a Catarina ( A minha companheira virtual das noites ao volante no SatNav) me informa com uma voz sensual e rouca, que " cheguei ao meu destino".Olho para o lado, e apenas um descampado, com mais putos de capuz montados em bicicletas, que me fitam desafiadoramente. Olhando por entre o lusco-fusco, consigo compreender que " o descampado", deveria ter sido outrora uma bomba, pois tem marcas no pavimento .Não muito interessado em andar a atropelar putos de bicicleta com um capuz,pois não seria muito económico ter que substituir as molas da suspensão, arrancar bocados de bicicleta do "Charriot" do motor,enquanto lavava á pressão restos de casacos com capuz da correia do alternador, decido continuar em frente. A "Catarina" insiste estupidamente em me dizer " volte atrás , assim que fôr possivel".-Voltar atrás? Estás parva ou quê? Cala-te,pá!...


Um sacudir estranho, acompanhado por umas luzes a acender no tablier, indicavam que a minha sorte tinha acabado. Contudo, graças a oito anos a trabalhar na estrada a desenrascar,precisamente nabos como eu que se esquecem de colocar gaslina suficiente,consegui fazer um "shunt" no relais da bomba, , que me permitiu utilizar o último meio-decilitro de combustível, que fica contido num copo dentro do depósito, para não desferrar.


Assim , e depois de retirar o terminal da bateria para,á semelhança de um computador fazer um "reset" do motor, o carro voltou de novo á vida.Na entrada seguinte da M6, eis que o clarão da bomba inunda a estrada, e pude sentir o que Colombo sentiu quando viu terra pela primeira vez após semanas de desconhecido no Mar. Para ajudar ainda mais, a entrada na bomba teria de ser feita contornando a rotunda. O meu caça entrou na bomba já sem vida, apenas com todas as luzes acesas no painel de instrumentos, a mandar-me dar uma curva. " desaparece"! -Dir-me-ia ele se pudesse falar...


Após atestar o carro, e pagar num quiosque reforçado com rede metálica, rodeado de malandragem que esperava não se sabe bem o quê, ao volante de Escorts e Cavaliers velhos com ponteiras especiais, dei-me por contente por finalmente poder deixar aquele local onde tive de fazer uma aterragem forçada.


O "imprevisto"...Algo com que nunca contamos...Mas está lá sempre.

Tuesday, 21 October 2008

Carochas de antigamente,NOVINHOS EM FOLHA



É o que eu digo!




Por mais que por aqui ande, não me paro de surpreender! Eis que me chegou ás mãos um CAROCHA ZERO QUILÓMETROS COM AR CONDICIONADO, fabricado o ano passado. E faz parte dum clube, onde todos os carochas tem menos de DEZ ANOS!




Sempre há um Deus! Afinal, escuso de estar restrito a um mero electrodoméstico conduzido por senhoras, que grosseiramente chamam de "New Beetle". Um carrinho muito "giro", mas com um bruto autocolante em toda a volta a dizer " sou uma cópia grosseira de um ícone, e apenas um produto a tentar encaixar mais uns trocos á conta do sucesso mundial do "Kraft Durch Freunde".




Aqui ficam algumas imagens, estando o desenvolvimento marcado para a revista do costume, num quiosque perto de si. Muito brevemente.




Saturday, 18 October 2008

Cuthberson: Um estranho Land Rover

Ó pai! Este é da marca daquele que a mamã me costuma levar á escola!...

Eis algumas imagens de Land Rovers transformados pela empresa escocesa Cuthbersons & Sons.


Utilizando rodas de carros "normais", montadas numa estrutura metálica, que recebem movimento dos cubos originais do Land Rover, embora com pinhões de ataque no lugar das rodas, estes Cuthberson deixaram de ser produzidos em 1972.
Uma mais valia em qualquer encontro de clássicos ou da marca, estes curiosos modelos fazem por vezes demonstrações ao público. A direcção opera-se tal e qual um automóvel normal, embora seja assistida por um sistema exterior hidráulico. Só é possível manobrar a direcção com o veículo em andamento.
A aturada manutenção que estes veículos necessitavem, levou a que poucos Cuthbersons tenham sobrevivido até hoje. Dos cerca de 600 fabricados, calcula-se que apenas 41 existam mundialmente, como é hábito no Reino Unido e nas suas ex-colónias.




A falta de sobressalentes e manutenção especializada, levou a que muitos Cuthbersons ficassem pelo caminho. Nada a condizer com a imagem Land Rover...

Friday, 17 October 2008

Falar sobre carros...


Falar sobre automóveis, não significa esfolhear revistas e discutir aos berros em conversas de café. Falar sobre automóveis, não é apenas despejar novidades sobre os salões automóveis, e o novo carro que há-de sair. Não vejo interesse em babar-me com um carro que ainda não existe, a rodar num carrossel alcatifado.

Essa quadrilha que devora revistas para decorar as cilindradas, prestam um mau serviço aos entusiastas apenas encarando um automóvel como um máquina de lavar. Se tem 100 cavalos, é melhor que o outro que tem 90. Pura imbecilidade.
Falar sobre automóveis, pode ser igualmente dissertar sobre uma máquina que em última análise nos pode unir pelas memórias: Todos conhecemos alguém que teve um Mini, ou um Carocha. Todos nós nos lembramos do carro velho que o nosso Pai teve, e que se estava sempre a avariar. Colados a essas lembranças, vêm á memória tempos que não voltam mais, e tempos que recordamos com saudade.

Falar sobre automóveis, é também avançar soluções acerca de como uma necessidade básica do ser humano continua por ser resolvida: O transporte individual. Sim, não existe até agora uma forma perfeita de locomoção individual: A moto, só tem duas rodas e nela apanhamos chuva. E não é lá uma hipótese muito saudável em caso de embate.O carro, é um desperdício de espaço só para ir para o trabalho, com uma pessoa lá dentro. Não existe portanto um meio para fazer transportar eficazmente uma pessoa. Este é o grande debate automóvel ...




Mais do que as cilindradas e as potências, um automóvel é um fenómeno cultural que apanha diagonalmente toda a sociedade. Ninguém fica indiferente ao automóvel, que conspurca opressivamente toda a paisagem citadina. Sim, posso dizer que detesto muitos dos automóveis que por aí circulam, principalmente porque foram desenvolvidos como máquinas de lavar, e não como modelos com personalidade.A indústria actual ,orfã da criatividade de outrora, e fortemente espartilhada por directivas ambientais, mais não pode fazer do que breves apontamentos nostálgicos,insistindo em reeditar os sucessos de outrora.O debate Automóvel, escrito com letra grande, é o debate acerca da mobilidade, sob qualquer que seja a sua forma. Falar sobre automóveis, é falar sobre a nossa preocupação e vontade em descobrir um meio eficaz de nos deslocarmos de A para B, e no processo adquirirmos alguma satisfação. Não faz sentido falar de automóveis, como quem fala do Space Shuttle. Tem de haver uma componente experimental e tactil . Senão , é como colocar os putos nos recreios da escola primária a falar sobre como desapertar Lingerie.


O automóvel, Para muitos um simbolo de posição social, e para outros uma mera forma de tentarem ser aceites socialmente, e terem tema de conversa nos cafés, é ainda para outros fonte de prazer cinético e um estímulo neuro-motor aos sentidos. Não me perguntem cilindradas e potencias deste ou daquele carro, que eu provavelmente não saberei. Perguntem-me antes o que sinto quando os guio e conserto, ou quando os devolvo à estrada passadas décadas de lá terem saído.E sobre a sua História muitas vezes de sangue,suor e lágrimas.Mesmo num Fiat Panda velho podemos ficar com um sorriso de orelha a orelha. Seja porque nos desenrascou de uma situação dificil, seja porque fomos para o campo da bola sacar uns piões... E isso não pode ser mau.