Friday 25 December 2009

Bom Natal,como antigamente...


Hoje vivo num país onde a noção de Natal está bastante deturpada. Natal para esta malta, significa andar a correr feito tonto desde Setembro de loja em loja às compras.

Os mais "tradicionalistas" ainda percorrem os supermercados em busca de perús inteiros para depois lhes retirarem as entranhas e forrarem o bicho com fiambre e carne assada. Mas quando se pergunta " E mais?",poucos conseguem dizer mais do que " deitar as embalagens vazias para o lixo no dia seguinte", ou ver filmes repetidos na Televisão.

Muitos têm uma vaga noção de que o Natal é uma festa religiosa, mas depois ficam mesmo de boca aberta, quando lhes dizemos que o único símbolo que conhecem, o Pai Natal ,é um velho gordo suspeito vestido de vermelho que usa mão de obra infantil e apenas trabalha uma noite por ano a introduzir-se ilegalmente em residências e a beber ginjinhas inventado pela Coca-Cola nos anos 30. Empurrado para a nossa cultura por doses maciças de filmes americanos parvos repetidos,engolímos o Pai Natal goela abaixo, regado com Coke, sem podermos vomitar.
Ninguém ainda explicou aos parvos dos putos, como é que um gordo entra chaminé adentro , em casas que nem sequer têm chaminé, sem se sujar de fuligem, bebe bebidas alcoólicas e tripula um aparelho que desafia a gravidade e é mais rápido do que o Concorde. Não ajuda também o fulano magrinho com barba a caír no centro comercial a dar balões e panfletos de ofertas do Oculista.

No entanto, se bem se lembram, Natal era o menino Jesus e presépios. ìamos apanhar musgo para fazer um presépio numa base de madeira com terra,barro e jornais. Os bonecos do presépio duravam anos, embora já faltasse a cabeça a um dos reis magos, e São José estivesse pintado com canetas de feltro pelo puto mais novo. As ovelhas pareciam mais câes perdigueiros malhados, com as cabeças roídas e gastas. Num Natal, os pais do Joaquim até puseram um comboio elétrico no "display", e toda a malta da rua era convidada para ir lá a casa ver. Eu quis copiar e fiz um com bonecos de plástico de guerra, e tanques. Mas a minha Mãe disse-me que não era propriamente um tema natalício, ter nazis de plástico emboscados num monte brandindo granadas contra o estábulo do menino Jesus. Que servia de barricada a um Panzer e um jipe. À meia-noite ,depois da consoada íamos à igreja ( de motorizada) e abríamos as prendas no dia 25 de Manhã. Por entre as meias da Avó e lapis para pintar oferecidos pela vizinha, era sempre um gosto receber carros de corrida de plástico que depois iam competir com os carros de corrida de plástico que os meus amigos recebiam no Natal.

Mas lembro-me da alegria que era o Natal, em tempos que não havia muito dinheiro e centros comerciais eram ficção científica. Desejo-vos hoje essa mesma alegria, e que transmitam aos vossos filhos a alegria do Natal, que não se mede em valor das prendas, mas sim em momentos partilhados e memórias a recordar para o Futuro. Feliz Natal, como antigamente...

1 comment:

OUTONO said...

Tem toda a razão amigo Mike!

Caros amigos(as)

A "PARAGEM"...parou. Na carruagem do meu caminhar, encontrei uma passageira amiga e sedutora. Disse-me o seu nome em segredo...não percebi...e repetiu a sua vontade:
-Digo-te quem sou...se me escreveres de novo...
Na estação da vida, com os frios de Inverno brancos...olhei-a frontalmente...beijei-a com a minha sede de palavra e, disse-lhe:
- Ficas proibida de me fugir, fingindo-te cansada...
- Prometo...
Saí primeiro da carruagem, logo atrás um salto traquinas, felicidade "infantil", deu-me a mão ...e ofereceu-me um dizer...
Partilho-o, neste recomeço.
Um sincero obrigado, pelo apoio, ao ignorarem a "PARAGEM" do Pretexto-Clássico com a vossa presença.
Sintam-se bem, permitam-me que os brinde com um chá de amizade....e um abraço de simpatia.
Já agora, um 2010 pleno de concretizações!