"Mas...o aeroporto não é para alí?..."
São sempre imagens que nos são familiares. Após horas sobre nuvens e sobre paisagens distantes,lá embaixo, que mal conseguimos distinguir, eis que como "aperitivo" começam a aparecer lugares que nos deixam colados a vidro.
É facil saber que estamos a saír de Inglaterra: O tapete irritante de nuvens desaparece mal passamos a costa inglesa a Sul. A partir daí, é sempre um Sol radioso que nos acompanha até à Portela.
A Portela. Lisboa. Parece impossível como é que um Aeroporto com tanto movimento, fica situado dentro de uma cidade como Lisboa. Se os Lisboetas estivessem familiarizados com termos como "Undershooting", viveriam muito preocupados. Se a actividade de piloto de linha aérea não tivesse submetida a tanto treino e procedimentos de segurança, não sei como seria. Passar sobre o Hospital de Santa Maria, a conseguir distinguir a matricula dos carros, não é para todos.
É algo preocupante, controlar um aparelho de várias toneladas que vem a perder velocidade desde a Costa da Caparica. Isto se fôr para a terrar na pista 3,claro. Se fôr para a pista 21, em VFX já tem de fechar a "torneira". Quase sempre aterro pela pista 3. Quase como se o piloto se tivesse "enganado", continuamos Mar adentro sobre o farol do Bugio, um pequeno farol instalado numa ilha artificial ao largo de Lisboa. Parece ao menos atento nestas coisas, que o Piloto adormeceu e nos leva Mar adentro. De repente, o Sol dentro da cabine começa a desaparecer e a aparecer no outro lado. Olhando pela janela, o Mar está ao nosso lado. O poderoso inclinar que nos faz perder alguma altitude, coloca-nos de novo no "caminho" certo". Embora ainda a não consígamos ver, pois estamos a cerca de dois Km Mar adentro além da Costa da Caparica, sabemos que a pista 3 está algures uns valentes Km mais á frente, passando o Tejo e parte de Lisboa.
Costa da Caparica.
Embaixo, as barracas misturadas com o crescimento desenfreado e especulativo da Costa da Caparica,refletem o Sol agradável de um fim de tarde. Venho a Lisboa tratar de,precisamente,novos vôos no campo dos Media. A ver vamos. Almada e a construção desenfreada,feia e especulativa, quase tapam o Cristo-Rei. O parque da Paz, apenas um esforço verde cercado e prestes a ser engolido pela avalanche de cimento e de prédios. Agora o Tejo. Cada vez mais próxima, a obra da United States Steel Corp, mais conhecida por Ponte 25 de Abril, surge magestosa como nunca, naquele encarnado-tijolo sobre um rio esverdeado e órfão de barcos. A velocidade do aparelho é agora bastante reduzida, e percebe-se na oscilação e no abanar da fuselagem. No entanto, estranhamente, parece que estamos cada vez a voar mais depressa, com a crescente proximidade do solo.
O aqueduto das águas livres, outra obra monumental da engenharia pombalina, parece desta vez algo infantil e pequeno, quando comparado com o gigantismo das vezes que costumava passar debaixo dele no eixo Norte-Sul, aos comandos de uma Hornet 600. O Hospital de Santa Maria, quase que nos possibilitava ver as matrículas dos carros lá estacionados, não fosse a velocidade agora assustadoramente elevada, comparada com os carritos que circulam cá fora. A Segunda Circular surge como um flash, e mal damos por isso, já estamos nas "boundaries" do Aeroporto da Portela. De repente, tudo desapareceu, desde casas a carros e árvores, para dar lugar a um vasto espaço relvado em redor. A grande pista 3, cerca-nos agora de ambos os lados, enquanto o A317 bamboleia gentilmente e se contorce num "flare", que o irá fazer perder o resto da sua velocidade para permitir a aterragem.
Aqueduto das águas livres...
Finalmente, o Airbus "cai" do ar, aterrando na Portela, Lisboa,Portugal. Os potentes "spoilers" que saem do topo das asas ajudam a diminuir a velocidade do avião, e auxiliam os travões. O potente Airbus é agora nada mais do que um gigantesco autocarro desengonçado a evoluir a passo de caracol pelas zonas de "taxi" em direcção ao terminal.
O resto não interessa. É apenas esperar em pé com a ânsia que abram as portas, e dar todo o episódio como um dado adquirido. Algo banal. Aterrámos. Sem um mero olhar para toda a beleza do vôo e do que a Humanidade conseguiu para tornar estas viagens possíveis. Em breve estaremos cercados de BMW e Mercedes e a ver anúncios com um gordo a dizer que podemos ter dinheiro fácil na nossa conta, bastando para isso telefonar. Soubesse eu e não tinha ido para o Estrangeiro...
Portugal. Aterragem na Portela e travões aerodinâmicos accionados
Sabia que:
- O momento exacto da aterragem é na verdade um "cair" do céu. O avião perde velocidade a tal ponto que já não se aguenta no ar e cai. Mas como está a alguns centímetros do solo, não faz diferença.
- O interior de um avião é "território" do país que partiu, até que se abram as portas. Mal as portas se abram, o interior do avião é "território" do país onde aterrou...
- A malta dos cafés dá "números" ás pistas da Portela sem saberem do que estão a falar? ( Já ouvi chamar " 002", " 25", " O64", etc...). Ora isto é assim: As pistas têm como número, a sua orientação geográfica. Norte 36 ( 360 Graus), Sul 18 ( 180 graus)Assim , a Portela, com duas pistas, tem na verdade,quatro. Cada ponta da pista tem um número. Assim, temos a 3 ( 30 graus), mas se nos aproximarmos pelo outro extremo será a 21 ( 210 graus), e a 35 que no outro extremo será a 17. Este são os graus na Bússula.
2 comments:
Oi Mike bem vindo de novo ao país da desilusão, vais estar por cá muito tempo?? E para regresso vamos ter outra aventura daquelas??? Numa chaleira com 50 anos. Um abraço e se passares pelo Algarvistão dá-me um toque.
Carlos Mata
Ora essa! Eu gostei de voar acima das nuvens!!! :)))
bjinhos
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