Saturday, 24 January 2009

Land Rover há só um...



A concentração de clássicos de Alguidares de cima estava a ser um fracasso...




Não me parece, que em 1948, quando a Rover lançou no salão de Amsterdam o seu modelo destinado a todo-o-terreno, tenham pensado o impacto que a marca teria mundialmente, tornando-se num ícone imediatamente relacionado com a circulação fora-de-estrada.


Concerteza, que tampouco iriam adivinhar,que passados sessenta anos, Land Rover seria sinónimo de veículos estúpidamente caros e sujeitos a avarias,que raramente nos atreveríamos a ir mais além do que a estrada de terra batida das traseiras do quintal, e espalhados por uma gama de mais de oitenta modelos e versões. E propriedade agora de uma empresa indiana que também produz outros modelos todo-o-terreno utilizando garrafas de litro e meio de água e cola como matéria prima. Mas isso não interessa nada para o caso.

Interessa, é voltar ás origens, e neste aniversário do Sala das máquinas aproveitar para experimentar o modelo que a Land Rover , por questões de imagem, insiste em produzir praticamente com o mesmo carisma e "feeling" de há sessenta anos atrás. Sim, a Land Rover além de caríssimos computadores sobre rodas alcatifados, também faz todo-o-terreno capazes. E que ainda podem ser lavados com mangueira por dentro e por fora.

Uma coisa que não podemos deixar de reparar, nós com a nossa má língua, é que a partir do momento que começaram a utilizar "outros" Land Rover no Camel trophy, a prova extinguiu-se! A partir do momento que começaram a utilizar uma betoneira com rodas ( Discovery I ) ou um Rover 214 de plástico com suspensões levantadas ( Freelander), era de esperar que as coisas não corressem lá muito bem. Mas a marca diz que não, que é tudo má vontade nossa da imprensa, e que realmente a tradição Land Rover está assegurada com ,basicamente um furgão cinzento metalizado de preço exorbitante ( Discovery III) , e com uma camioneta de carga com crise de meia idade que pensa que é um carro de corrida ( Range Rover Sport). Enquanto, por outro lado, continua a vender como paezinhos quentes o Defender, e a produzir unidades sem gestão electrónica, para países remotos.






Há quem pense, que Land Rover é um veículo para as mamãs levarem os putos à escola...Well, tenho novidades para si...


Será que no Tombuktu , ou na província de Helmand, ou no Sri Lanka não há concessionários especializados a levar 30 contos à hora e com computadores para diagnosticar avarias? Não percebo!



Polémicas à parte, eis que hoje fui a Solihull, exactamente onde o primeiro Land Rover foi produzido, experimentar este exemplar preparado pelo especialista Nathan Lawton. A impressão de que aquele veículo pode ser levado muito além dos limites do que estamos habituados, é uma constante. O "simples" motor de 2250 cc , ecoa por toda a "caixa", decorada por dentro com lama, botas, caixas de ferramentas e cordas. A decoração por excelência dos Land, e não tapetes esbranquiçados caríssimos. Era de esperar que precisássemos de estar sempre " a mexer" no bloqueio do diferencial, ou na selecção "High " e " Low", mas a disponibilidade de binário, e a voz grossa do motor de ferro fundido ri-se na nossa cara enquanto progride como se estivesse em alcatrão por entre silvas, fazendo uma nova estrada.

Por momentos, sentimo-nos como uma dquelas bolas do sorteio do Totoloto, abanados e atirados para um lado e para outro, desviando botas e jornais para conseguir travar, e rindo-nos desalmadamente como putos que gamaram uma Sachs para dar uma volta.

As corridas ilegais estavam a ficar sem Saxos e Civics disponíveis...


Há algo de mágico em experimentar um Defender, o herdeiro moral do série 1 , a poucos metros da rede da fábrica que produziu o mito. Land Rover para muitos, entre os quais aqui o vosso amigo incluido, tem de ser capaz de ser lavado por dentro e por fora com uma mangueira. Senão não é Land Rover. É outra coisa qualquer.



Road to nowhere. O "Landie" a ser tratado como deve de ser...




O mito Land Rover continua a reunir entusiástas em volta da marca em todo o Mundo, e se calhar ajudava produzir modelos que realmente despertassem o aventureiro que há em nós.Porque para fazer veículos banais, altos e quadrados,e que não temos bem a certeza se os podemos levar para fora de estrada, temos a Ford Transit. E além de poder fazer mudanças e carregar tijolos, é mais baratinha. E pode-se utilizar também a mangueira para a lavar por dentro!

Thursday, 22 January 2009

A melhor máquina jamais construída pelo Homem!



O cartão de pontos nas bombas do comandante, era cobiçado por todos...


que dizer de um veículo que pesa 109 toneladas na descolagem capaz de voar a 27.500 m por hora, com uma potência de 25 milhões de cavalos, e dá a volta a terra em poucos minutos?

Iniciado nos anos setenta com o vaivém Enterprise, o antecessor do Columbia, esse sim o primeiro Shuttle a efectuar uma missão tripulada ao Espaço, o programa Space-shuttle ofereceu ao Mundo a possibilidade de sonhar mais além , possibilitando a colocação em órbita de satélites com diversos fins e a criação de uma estação espacial internacional, a 380 Km de altitude.
O que mais me desmotivou em puto, era o Space Shuttle se parecer decepcionantemente com um avião. "Ora bolas! Um avião que apenas voa mais alto que os outros-pensei." E naquela manhâ de Sábado de 1981, lá estava eu colado ao Segundo canal da RTP ( No primeiro estava a dar a TV Rural...) a ver especialistas em estúdio a flar sobre o Space-Shuttle. O facto de este " avião" ser forrado a placas de grafite, levou-me a sentar no sofá e a não responder à minha mãe que me chamava para almoçar.

A descolagem , iniciada por um "Ignition" proferido banalmente por um engenheiro qualquer na sala de controle do Kennedy Space Center ( De onde partem todas as missões), levou aquele "avião" de pernas para o ar lá para o alto, enquanto milhares de americanos em carros fatelos e vestidos como o "Dallas" e de barba por fazer em cima das caravanas em cape Canaveral observavam de Budweiser na mão aquele rasto de lume que fazia o Sol parecer uma candeia de azeite. O culto pelo Space Shuttle tinha nascido.

O tablier do novo Carocha, era um argumento de vendas importantíssimo...

Curiosidades sobre o lançamento:

Com uma dimensão de 37 metros de comprimento e 24 de envergadura, o Space Shuttle pouco menor é do que um Airbus A320. Mas o problema é que para lançar 109 toneladas a 27.500 KM por hora na vertical, tem as suas pôrras: Por exemplo, não podem estar nuvens a menos de 20 km da rampa, pois o rasto de lume com algumas centenas de metros costuma criar relâmpagos, o que não convém nada quando se tem ,basicamente, uma bilha de gás de seis andares de altura aparafusado à gente. Obviamente, se houver relâmpagos ou trovoada, a missão é abortada, e

os astronautas vão para casa ver o CSI ou outra coisa qualquer. Não existe missão do Shuttle entre Dezembro e Janeiro,porque o programa de computador, desenhado nos anos setenta, pode ter dificuldade em interpretar a passagem do ano, e deixar o Space Shuttle em maus lençois.

A nove minutos do lançamento, o GLS ( Ground Launch Sequence) começa iniciado por um computador, e a tripulação só tem de esperar sentadinha ( deitadinha), a pensar se não se esqueceu de nenhuma cláusula importante no testamento. Anedotas sobre sogras e musica country ajudam, mas volta e meia vem á cabeça que realmente, estão dentro do veículo mais potente que alguma vez alguém ousou construir, e dentro em breve, vão sentir qual é a sensação de serem empurrado para cima por 25 milhões de cavalos. A tripulação do Shuttle varia entre cinco e oito pessoas, mas em emergência pode comportar doze.
quando faltam apenas 16 segundos para o lançamento, potentes bombas enchem toda a plataforma de descolagem com 1100 metros cúbicos de água,para proteger o Shuttle de fissuras originadas pelo choque térmico e sonoro. Se uma Sachs faz barulho, imaginem 20 milhões de Sachs!

Por estes lados, ouvir o relato da bola é uma tarefa ingrata...

A seis segundos do "zero", os motores dos SRB , os foguetes atarrachados ao Shuttle, são postos em funcionamento, e têm de estar com 100 por cento de potência faltando três segundos para a descolagem. Caso contrário, o programa RSLS aborta a missão, e nesse fim-de-semana os astronautas vão ter de se contentar em pescar trutas no Missouri. Nestes três segundos, toda a plataforma do Shuttle se contorce e encolhe cerca de DOIS METROS, devido á força que aquele bicho raivoso faz na estrutura. Mas quando o " Zero " aparece, a estrutura já recuperou da fadiga, e dispositivos pirotécnicos libertam a estrutura que ainda segura o Space Shuttle à terra. Milhares de litros de água, são então empurrados para Sul, como se fosse uma bisnaga de carnaval gigante, enquanto duas toneladas de combustível são queimadas POR SEGUNDO.

Apesar de parecer que o Space Shuttle voa na vertical, e principalmente na HORIZONTAL que ele sai de órbita em direcção ao espaço, descrevendo uma trajectória tangente á superfície terrstre. A 126 segundos de ter leventado vôo, e de ter deixado mais uns milhões de putos de oito anos a querer ser astronautas, parafusos explosivos atiram para longe os tanques agora vazios de combustível, bem como os foguetes SRB. Agora, apenas os motores SSME ( Space Shuttle Main Engines) Rocketdyne II A propulsionam a nave pelo Infinito. Curiosamente, o comandante da missão tem mesmo de "tirar o pé" do acelerador, para não entrar em excesso de velocidade e poupar combustível. Chega mesmo a DESLIGAR os motores, quando a força atinge menos de 3G, e para evitar ter os motores em funcionamento em seco.O combustível é então poupado para o regresso.
O Hábito que o Zé Manel tinha de trazer lixo para casa, tinha de acabar!

O procedimento de regresso, é efectuado DO OUTRO LADO DO MUNDO, de cabeça para baixo e a sequência OMS ( Orbital Manoeuvre System ) é iniciada. Disparando os motores e apontando o nariz para cima ( O que neste caso significa, em direcção á terra), o Space Shuttle entra em òrbita terrestre a cerca de MACH 25, o que significa basicamente 12 vezes e meia a velocidade de um caça de combate a acelerar a fundo. Como convém, a esta velocidade o processo é comandado por computador, e apenas a 100000 pés de altitude, o comandante tem acesso manual à aterragem, operando os travões aérodinâmicos e o trem de aterragem . O Space Shuttle aterra como um avião de papel, sem motor. A velocidade de aterragem na pista, auxiliada por um pára-quedas de doze metros de abertura, é pouco superior à de um avião de passageiros normal, cerca de 350 Km por hora.

A tripulação tem de esperar alguns minutos, para o gás venenoso Hidrazyne, utilizado para propulsionar os geradores internos se dissipar. O Space Shuttle tem pistas de aterragem alternativas à base de Edwards, como por exemplo a base das Lajes e a de Zaragoça, em Espanha. Entre 40 outras. Existem rumores, de que alguém algures durante toda a missão, possui um dispositivo que destrói o Shuttle com uma explosão, caso o mesmo se dirija para alguma zona densamente populada.

O programa do Space Shuttle, terminará em 2010, e "qualquer pessoa" poderá comprar um destes pássaros de alumínio, se assim o desejar, por 42 milhões de Dólares. Desde que tenha nacionalidade americana. Sem motores, que custarão "apenas" mais 800 mil. Mas não terminará a lenda de uma máquina colossal,impensável,apaixonante, brutal e fascinante que fez sonhar gerações por todo o Mundo.


As noites de luar, estavam cada vez mais românticas...














Monday, 19 January 2009

Sala das Máquinas: Primeiro Aniversário

Exactamente há um ano, por volta desta hora, lembrei-me de criar este espaço para dar a conhecer o meu ponto de vista sobre o Mundo que me rodeia, numa perspectiva que nem sempre vai de encontro ao que a maioria das pessoas diz e fala: Mesmo o meu próprio Mundo e o das máquinas que me rodeiam, foi fortemente sacudido com a minha vinda para o estrangeiro, onde o culto de tudo o que tenha um motor agarrado, é alvo de imediata atenção e de um segundo olhar. Não apenas pelo preço que custa, ou pelo bem que parece em mostrar aos vizinhos, mas pela sua capacidade em nos fazer pensar, em nos surpreender, e sobretudo em nos proporcionar experiências únicas.

Desde cedo que nutro especial atenção por tudo o que tenha um tubo de escape, seja uma moto-serra ou um Caça supersónico. Um motor Casal, ou um Johnson. Uma bomba de tirar água, ou um Mata 7. Um Ferrari, ou um Veyron. Um Carocha ou um Mini. Não interessa. Uma máquina, foi algo criado com um propósito, e na maior parte das vezes pode ser utilizada para nos dar prazer. Uma moto-rebarbadora corta o carro do vizinho em menos de um farelo, e um corta-relva espanta os ratos da cave. Uma Sachs sem escape é um bom eliminador de ruidos de obras ou de tráfego, e de música fatela. Uma Zundapp prego a fundo, permite esquecer a gritaria do café. Um Citroen AX...(Bem não exageremos: A História comete erros de vez em quando. Mas os tanques de guerra também precisam de carros para pisar, e os filmes franceses precisam de carros para estampar nas perseguições... )

Sempre apreciei automóveis clássicos, mas com o passar do tempo apercebi-me que a fruição e o gosto pelos mesmos, passa por compreendermos o Mundo automóvel como um todo, e percebermos o lugar que o mesmo ocupa na História. Do veículo de competição ao de transporte pesado, do Militar ao ligeiro de passageiros, passando pelos aviões e barcos: Por vezes, apercebemos tarde e irremediavelmente, que um veículo era digno de ser salvo. Por vezes, só nos apercebemos disso, quando apenas vemos em fotos de há vinte anos, carros e máquinas que na altura julgávamos um estorvo e um desperdício de espaço. ( Por mais voltas que dê,e anos que passem, o AX continua a ser ambos...)

O Sala das Máquinas, é um projecto que conta com a participação de entusiastas de vários países , e que se apercebem de que é necessário mostrar HOJE, a potencialidade de olharmos com outros olhos para as máquinas que nos rodeiam, para duas coisas fundamentais: Uma, a de retirar prazer na sua posse ou utilização, e outra, para denunciar o potencial que representa um possível resguardo de uma destruição de semelhantes engenhos.

As máquinas, sejam carros, motos, tanques, aviões ,corta-relvas ou barcos, foram criadas por uma equipa que não descansou enquanto não lançou ao Mundo um engenho capaz de tornar a vida mais simples e fácil para as pessoas. Na maior parte das vezes, mais divertida.Aqui estaremos por isso, a fazer o nosso melhor para dar a conhecer máquinas e veículos que porventura podem passar ao nosso lado despercebidas.


Nos próximos dias, este site irá dar um olhar sobre máquinas de excepção, alvo de bastante pesquisa e desenvolvimento, e criadas para fazer face a situações extremas, ao desenvolvimento da humanidade, e á sua procura por um amanhã melhor.

Obrigado por estar aí desse lado. Bem vindo à Sala das Máquinas.

Viking: O melhor veículo do Mundo! ( Sala das Máquinas: Primeiro aniversário)




Um contacto com um dos expoentes maximos em veículos militares da actualidade mundial. Uma rara ocasião em que estão disponíveis para os olhos do público. O Sala das Máquinas sempre em cima do acontecimento!





Será que existe um veículo, capaz de operar entre 46 graus negativos, e 46 positivos, seja no Deserto, no Ártico, ou na selva, e que tenha feito testes com a duração de um ano em cada um destes ambientes? E que ainda seja capaz de flutuar tornando-o num anfíbio?



Capaz de transportar oito homens equipados, utilizado quer militar, quer humanitária ou cientificamente, e que seja utilizado em mais de quarenta países?

Capaz de ser adaptado para qualquer papel em poucas horas, capaz de ser rapidamente desmontado e aerotransportado, mesmo por um Helicóptero Merlin, ou por uma lancha de desembarque?


Foi para responder a este desafio, que foi criado o Viking BVS 10, produzido em Inglaterra, com a colaboração da Suécia. O Exército Britânico encomendou 108 unidades em 2003 à BAE Systems, e actualmente este modelo opera em 40 Países, tendo sido criada em 2008 uma versão ambulância. Com um motor Cummins de 250 cavalos, e 5990 cc de cilindrada, este veículo composto por um corpo tractor e um atrelado, não necessita de "bloquear" as lagartas como noutros veículos para curvar, apenas necessitando de se "torcer" para curvar. Esta fórmula interessante, conseguiu grandes resultados em situações extremas, e foi por isso adoptada. O veículo não pode ser considerado como " algo com um reboque", porque a unidade rebocada faz parte da dinãmica do conjunto,proporcionando tracção e direcção.




" Mamâ: Tens a certeza que o GPS disse que este é o caminho para a escola?"...






Todo o conjunto pode ser desmontado para transporte, embora possa, devido aos seus " apenas" 7400 KG de peso ser transportado integralmente por um helicóptero Chinook. Um Merlin, como os da Força Aérea Portuguesa, pode transportar uma das "metades", facilmente desacoplada em 15 minutos.

A carroçaria é fabricada em Telford, nas Midlands em Inglaterra, e o resto do veículo é então montado na fábrica Hagglunds AB, em Ornskolsvik, na Suécia. As primeiras unidades deste veículo viram acção no Afganistão, pelas mãos dos Marines Ingleses. Equipados com forte blindagem, uma Metrelhadora Browning 12.7, e várias 7.62, além de granadas, este veículo não é lá muito bom de ser encontrado por algum opositor menos esclarecido.

Podendo transportar oito homens, ou no seu lugar equipamento ou armas como peças de artilharia ou morteiros, este Viking foi testado durante um ano nos glaciares da Noruega, e outro ano em Oman, em pleno Deserto.

Os protestos dos agricultores sobre os excedentes de leite estavam a ficar fora de controlo...



O preço das portagens na ponte, obrigava cada vez mais as pessoas a escolherem bem o seu próximo veículo...




A empresa de armamento BAE Systems, espara que este veículo ainda esteja em produção até 2023, e no activo até bem próximo de 2050. Por essa altura, já poderemos andar com uma bengala a bordo e um comprado em segunda mão na Feira da Ladra. Até lá, Apreciemos este magnífico veículo pensado para vencer obstáculos, sejam eles políticos, climatéricos... ou simplesmente terrenos.

Saturday, 10 January 2009

Reflexões sobre Portugal: Um passeio no Tejo

Construído em Aveiro, São jacinto...410 cavalos de potência...Não durmo em serviço!...

( Foto: Mike Silva)


Como gosto de dar um saltinho a Portugal no início do Ano! Não no Natal. Não na passagem de ano. No início do Ano. Fico a salvo das "operações " da brigada de trânsito com 10000000 de agentes nas estradas, e dos programas de fim-de-ano. Fico a salvo das perguntas " então, já vieste de vez",porque essencialmente apenas vou numa visita " higiénica" de um fim-de-semana, para não me esquecer que sou português. Gasto menos tempo e dinheiro em viajar de Manchester a Lisboa, do que de do Porto a Lisboa! Emigrante " lá fora"? só na cabeça das pessoas...


Poucos sabem que vou. Apenas quando volto, digo que lá estive, para evitar o chorrilho de desgraças e más notícias. Não. Quero apenas comprar um bilhete, e atravessar o Tejo, apreciando a região que me viu nascer. Sem telemóveis a tocar, a dizer que o João já se separou da Carla, e que o Fernando perdeu o emprego. E que assaltaram a bomba da via rápida mais uma vez.

Mas este não é um texto de pessimismo. Muito pelo contrário. Estamos no início de mais um ano, e apesar dos políticos nos darem a "novidade" que este irá ser um ano difícil ( Há quanto anos andamos a ouvir este discurso esfarrapado?), quem está de fora do País repara como algumas coisas estão melhor e são motivo de esperança.





Portugal tem um serviço de Saúde mais humano e higiénico do que Inglaterra. Não tão eficaz , é certo. Mas não se pode ter tudo. A comida e o Sol, são cada vez melhores, principalmente para quem sabe o que é fish and Chips e " English breakfast"...E anda com umas galochas e um guarda-chuva no porta-bagagens, mesmo em Julho...


As auto-estradas, estão ao nível das melhores do Mundo. Os preços, também,claro. Mais uma vez, não se pode ter tudo... Inglaterra tem auto-estradas construidas em 1950, e caminhos rurais alcatroados. Muitas das vezes, não cabem dois carros! Entre Carlisle e Edinburgo, não existe auto-estrada. Imaginem ir de Lisboa ao Porto pela Nacional, atrás de um camião!

Estacionar é gratúito! Claro que há parquímetros, mas não é a "roubalheira" generalizada de Inglaterra. Qualquer sítio, tem um parquímetro. Mesmo o supermercado local! E o parque de doentes do Hospital! Onde os médicos que lá trabalham PAGAM também! Que bom que é parar o Carro na Fonte da Telha ou no paredão em frente ao Tejo e ao bar BBC ( Esta agora!) e não ter de pagar parque. Como em Blackpool ou LLandudno.




( Foto de Mike Silva)

Dois ícones mundiais: A ponte construida pela United States Steel Engineering Corp, que custou 4 Milhões de contos, e tem a viga de ferro contínua mais comprida do Mundo. ( 140 metros), e o Cristo Rei, um agradecimento divino por termos sido poupados dos horrores da Segunda Guerra Mundial.




Portugal pode fazer melhor, e já provámos no passado que podemos ser uma nação de vencedores. O nosso País é aquele que nos dá condições para viver e onde podemos ousar sonhar. Portugal deixou de sonhar, e tornou-se muito rígido e sisudo. Portugal é o tal "velho do Restelo" ,mas muito mais doente e velho e resmungão.

Gosto de ir a Portugal, e passear nos Cacilheiros. Não me imagino ainda de volta,porque não conseguiria lidar com a mentalidade pequenininha, e vir de um País onde me dizem " Sim,porque não?", para um País onde me diriam" Não...porque não! E tem de tirar a senha para preencher o impresso..."

Estou de volta ao meu reduto britânico, com uns poucos convidativos cinco graus negativos, cumprindo a minha condição de português que ao longo dos séculos procurou outras paragens para se desenvolver, trabalhar e descobrir novos mundos. E sonhar. Sobretudo sonhar. Em aniversário de Sala das Máquinas, não podia deixar de anunciar que este vai ser um ano repleto de iniciativas no Mundo Automóvel e projectos que vão dar que falar .

Cumprimentos a todos os portugueses que um dia decidiram deixar a sua terra para procurarem um amanhã melhor, e começar de um folha em branco. Já agora,cumprimentos a todos os que equacionam fazê-lo.
Barco de origem alemã, comprado nos anos setenta. Ainda no activo.

Sunday, 4 January 2009

Os tanques também têm direito à vida!


This ist mein parking space! E agora discutir?



Há dois anos, na feira de Beaulieu,próximo de Southampton, comprei um triciclo da altura da Segunda Guerra Mundial. Bastante ferrugento e frágil,como convêm, mas a transpirar História por todos os poros. De cada vez que olho para aquele triciclo,agora gentilmente colocado sobre uma prateleira na garagem junto de outros artefactos históricos, entre os quais uma AK47 desactivada, imagino imediatamente sirenes de bombardeamento e carros a circular de noite com os faróis tapados, guiados por nostálgicas senhoras de gabardine e bóina, ao jeito de Ingrid Bergman.
O "problema" dos clássicos, é quando se tornam vulgares: Por exemplo, o Morris Minor em Inglaterra, é uma visão comum, nos supermercados e nos jogos de bola, e de certa forma as pessoas não conseguem associar o Minor com Nostalgia, nem começarem a idolatrá-lo como clássico.porque este ainda faz grande parte do dia-a-dia.

Não,senhor guarda. Não tenho carta para conduzir isto. E depois?


Os clássicos, são também como a droga: Começamos com algo "leve" e acessível, como uns Minis e uns Carochas, e passamos depois para as "pesadas" , que nos fazem rebentar com o dinheirinho todo, e fazem as pessoas à nossa volta levarem as mãos à cabeça por nos julgarem infinitamente perdidos. Aqui entram,por exemplo, os camiões, autocarros...e tanques de guerra!



O último Benfica -Sporting viu os adeptos a recorrer a violência extrema...



Não é das primeiras coisas que um entusiasta procura, quando começa " nisto" dos clássicos. Normalmente, e nos tempos que correm, uma YE-YE é o caminho mais fácil para obter as primeiras "alucinações" e " pedradas" . Convenhamos que não é fácil olhar sequer para uma " coisa" que pesa vinte toneladas no mínimo, desrói o alcatrão , é comandada por hidráulicos e tem como função destruir edifícios e outros tanques. E pisar Citroens AX por passatempo. O que só abona em seu favor.



Os guardas do parque levavam a sério os avisos de não pisar a relva...


Mas apreciar o modo como estas colossais máquinas foram construídas, o modo como a engenharia foi aplicada para resolver questões emergentes de uma actividade limite, que é o esforço de guerra, as soluções técnicas abruptas, mas ao mesmo tempo extremamente frágeis , e o factor adicional de que uma vez terminadas as hostilidades são prontamente votadas ao abandono pela sociedade que quer continuar em frente e esquecer a guerra.


O tanque de guerra, pode ter um papel social e lúdico, e em última análise mostrar como pode ser terrível um teatro de operações de guerra. Em Ingaterra existem inúmeras empresas de recreio que ALUGAM tanques para interessados em experimentar a sensação de guiar um veículo que não para perante nada, e vence obstáculos como se fosse um elefante a pisar um ovo da Kinder.

Para os mais entusiastas, existe o festival TANKFEST, no sul de Inglaterra, que terá a sua edição este ano a 27 e 28 de Junho. Presentes vão estar,como sempre, modelos conhecidos internacionalmente, como Panzer alemães e Sherman americanos. Entre Abrahams, Tigers, Challengers ou T54 russos. Um evento único no Mundo, a não perder. Organizado no museu dos tanques ( Tank Museum) em Bovington, que fica no Sul de Inglaterra.

Mais informação em




A feira da Ladra estava cada vez mais a apostar em material militar...