A concentração de clássicos de Alguidares de cima estava a ser um fracasso...
Não me parece, que em 1948, quando a Rover lançou no salão de Amsterdam o seu modelo destinado a todo-o-terreno, tenham pensado o impacto que a marca teria mundialmente, tornando-se num ícone imediatamente relacionado com a circulação fora-de-estrada.
Concerteza, que tampouco iriam adivinhar,que passados sessenta anos, Land Rover seria sinónimo de veículos estúpidamente caros e sujeitos a avarias,que raramente nos atreveríamos a ir mais além do que a estrada de terra batida das traseiras do quintal, e espalhados por uma gama de mais de oitenta modelos e versões. E propriedade agora de uma empresa indiana que também produz outros modelos todo-o-terreno utilizando garrafas de litro e meio de água e cola como matéria prima. Mas isso não interessa nada para o caso.
Interessa, é voltar ás origens, e neste aniversário do Sala das máquinas aproveitar para experimentar o modelo que a Land Rover , por questões de imagem, insiste em produzir praticamente com o mesmo carisma e "feeling" de há sessenta anos atrás. Sim, a Land Rover além de caríssimos computadores sobre rodas alcatifados, também faz todo-o-terreno capazes. E que ainda podem ser lavados com mangueira por dentro e por fora.
Uma coisa que não podemos deixar de reparar, nós com a nossa má língua, é que a partir do momento que começaram a utilizar "outros" Land Rover no Camel trophy, a prova extinguiu-se! A partir do momento que começaram a utilizar uma betoneira com rodas ( Discovery I ) ou um Rover 214 de plástico com suspensões levantadas ( Freelander), era de esperar que as coisas não corressem lá muito bem. Mas a marca diz que não, que é tudo má vontade nossa da imprensa, e que realmente a tradição Land Rover está assegurada com ,basicamente um furgão cinzento metalizado de preço exorbitante ( Discovery III) , e com uma camioneta de carga com crise de meia idade que pensa que é um carro de corrida ( Range Rover Sport). Enquanto, por outro lado, continua a vender como paezinhos quentes o Defender, e a produzir unidades sem gestão electrónica, para países remotos.
Há quem pense, que Land Rover é um veículo para as mamãs levarem os putos à escola...Well, tenho novidades para si...
Será que no Tombuktu , ou na província de Helmand, ou no Sri Lanka não há concessionários especializados a levar 30 contos à hora e com computadores para diagnosticar avarias? Não percebo!
Polémicas à parte, eis que hoje fui a Solihull, exactamente onde o primeiro Land Rover foi produzido, experimentar este exemplar preparado pelo especialista Nathan Lawton. A impressão de que aquele veículo pode ser levado muito além dos limites do que estamos habituados, é uma constante. O "simples" motor de 2250 cc , ecoa por toda a "caixa", decorada por dentro com lama, botas, caixas de ferramentas e cordas. A decoração por excelência dos Land, e não tapetes esbranquiçados caríssimos. Era de esperar que precisássemos de estar sempre " a mexer" no bloqueio do diferencial, ou na selecção "High " e " Low", mas a disponibilidade de binário, e a voz grossa do motor de ferro fundido ri-se na nossa cara enquanto progride como se estivesse em alcatrão por entre silvas, fazendo uma nova estrada.
Por momentos, sentimo-nos como uma dquelas bolas do sorteio do Totoloto, abanados e atirados para um lado e para outro, desviando botas e jornais para conseguir travar, e rindo-nos desalmadamente como putos que gamaram uma Sachs para dar uma volta.
As corridas ilegais estavam a ficar sem Saxos e Civics disponíveis...
Road to nowhere. O "Landie" a ser tratado como deve de ser...