Monday, 29 March 2010

Então? Já ninguém quer BMWs?

À dúzia é mais barato. Descontos para Ditaduras e governos a viver acima das posses...


Será que a ideia de andarmos sempre de faróis de xenon acesos na faixa de ultrapassagem já não cativa? Será que já estamos fartos de não nos deixarem passar nos cruzamentos? Será que os delegados de propaganda médica e os agentes imobiliários têm agora outro carro de eleição?
Será a crise ? Mesmo este BMW abandonado não é pilhado dos seus componentes, como em muitas estradas que conheço.

Quanto tempo duraria isto na Via Rápida da Costa?


Se calhar é o excesso de oferta. Muitas outras marcas lutam também por empurrar os seus carros borda fora do Stand. O problema, é que quando conseguímos enganar o banco e esconder o facto que temos todos os nossos 16 cartões de crédito assinados com "Dr."no limite, temos sempre muito por onde escolher, e a escolha torna-se difícil. Nem em toda a parte do globo as pessoas vão a correr para o stand da "BM" mal se apanham com uns tostões no bolso ou com o dinheiro dos salários em atraso dos trabalhadores. BMW é muito bom, sim senhor, mas nem só de BMW vive o Homem. Principalmente quando me posso sentar num Lamborghini ou Ferrari em segunda mão pelo preço de um série 5.


Mesmo assim levaram o radiador. Há por aí gente "pobre" que ainda tem BMWs velhinhos de 2001...


O que é bom,porque os preços vêem por aí abaixo. Isto são boas notícias Se a Moda pegar internacionalmente e as pessoas não virem só "BMs" à frente, a assembleia da república escusa de manter os seus BMW por mais do que dois anos. Aquela malta está sempre a falar que precisamos de fazer sacrifícios e apertar o cinto, mas manter um "BM" por mais de dois anos é desumano. Pode ser que possam comprá-los ao quilo e meter ciúmes às ditaduras centro-africanas...

Tuesday, 16 March 2010

Experimente um super-carro!

Texto e fotos: Mike Silva no Reino Unido




Quando era puto, tinha um amigo"matulão" que me costumava empurrar ladeira abaixo no meu carro de rolamentos. Agarráva-me com força à corda que servia de "guiador" e encurvava-me para a frente olhando por entre as pernas. O pequeno carro de madeira evoluia ladeira abaixo com um ronco brutal proveniente dos rolamentos de esferas gripados, mas também graças ao barulho que o Albertino fazia a imitar um carro a acelerar.

Ganda pinta...

Hoje, quase quarenta anos decorridos sobre esses gloriosos tempos em que eramos putos e não sabíamos o que era desistir de sonhar, volto a lembrar-me do Albertino e do carrinho de rolamentos. Ou seja, ainda não deixei de sonhar. Em vez do Albertino, que foi para a Holanda e nunca mais o ví, tenho agora a empurrar-me as costas cerca de 450 cavalos. O Albertino não precisa de fazer barulho com a boca,porque hoje tenho um V8 italiano a fazer esse trabalho por ele. Em vez de rolamentos gripados , tenho pneus 285 R21 a chiar e a deixar cheiro de borracha queimada numa pista . O sonho permanece intacto, e foi ele que me trouxe aqui hoje.



"Olhe, de momento só temos este...se não se importar..."


Organizado pela empresa Dream Drivers Days ( Vão pesquisar), este evento é apenas mais um em apenas mais um autódromo ou aeródromo desactivado que permite às pessoas experimentarem um super-carro, por uma quantia justa. Permite que possamos dizer o que significa guiar um carro francamente mais potente do que tudo o que já guiámos até hoje. Chega-se, escolhe-se o carro, paga-se, entra-se e acelera-se! Tão simples como isto...



Hoje posso mesmo dizer: "Ora bem, deixa cá ver qual é que eu vou levar ..."


Existe uma pleiade ( Há tempos que não utilizava esta palavra. Preciso praticar o meu Português, senão esqueço-me...) de modelos que possamos experimentar. De Ferraris a TVR, Aston Martin a Porsche, Audi a Lamborghini, passando pelo estupidamente carro mais rápido do Mundo Ariel Atom, é " a escolher" como dizem na praça...

Tecto de abrir? Não, obrigadinho. Não pode passar dos 240...


Praticamente neste meu tempo de permanência no Reino Unido, já experimentei estes carros todos. Trata-se de repetir. O meu íntimo pede sempre "Ferrari", porque Ferrari é Ferrari, já diz o meu ilustre amigo Tiago Alves. Mas tirando o barulho orquestral do V8, Ferrari peca por ser demasiadamente "mitológico". Ao guiar um Ferrari, seja um Modena seja um Scaglietti, há sempre aquela impressão de que não podemos "estragar", porque é um Ferrari. Entramos a medo, perguntamos se podemos fazer, ficamos indecisos. Guiar um Ferrari, dá-nos um à-vontade tremendo, como tentar entrar em tronco nú numa igreja.



"Tenha a bondade..."



Um Lamborghini não. O Gallardo que eu guiei hoje, estava coberto de pó e com jornais velhos por detrás do banco. Mal me sentei pisei o acelerador para ouvir aquele " BRUOOOOOOAAAAAARMMMMMPTTTT!" por detrás das costas. Um velho amigo, propulsionado por um mais "plebeu" motor Audi. Mais " cá da malta". Embora malta com dinheiro suficiente para comprar um bicho destes em vez de uma casa.



Audi!? Não venho aqui para andar de Audi! Não sou delegado de propaganda médica nem bancário.... ( Tá calado! O Lambo tem motor Audi...)


À minha frente, uma pista desactivada com três km de extensão. É ir até ao fundo, e vir para trás. Seis Km.Duas vezes. O que dá 12 Km aos comandos de um Lamborghini. Em prego a fundo. Mesmo aquilo que o médico me receitou. Sentado praticamente no chão, com um requintado tablier preto e um simbolo do"boi" de Ferrucio no volante ( O fabricante de tractores, chamava-lhe Enzo...), Malcolm Parton acompanhou-me nesta "festa", como pendura. Não se pode deixar um carro destas nas mãos de qualquer um, de qualquer maneira. O preço inclui seguro e combustível. Mas uma ordem de Malcolm é para respeitar. Por isso a 3/4 da pista, eis que me ordena que retire o pé do acelerador. É aí que olho para o ponteiro da velocidade, que desce vagarosamente desde os ...280! Duzentos. E. Oitenta! 2...8...0! Nem pareceu. Não temos tempo de olhar para os lados, apenas para a frente e para um campo aberto numa pista de aterragem de Boeings 747 com 50 metros de largura por três Km de comprimento.



"Steady on the brakes"



O chão parece que tem cola e alguém derramou uma tonelada de Bostik no pavimento... O barulho a cerca de um palmo das minhas costas assemelha-se a um elefante com dor de dentes. Um urro metálico ondulante e estridente.



"Pick the ouside of the runway, and easy on the steering , turn around"


Demos a volta, e o sangue volta lentamente ao resto do corpo. Uma vez alinhado o carro com as marcações centrais da pista, "mais do mesmo". Caraças! Sinto a pulsação nos dentes! Ganda pinta. O cinto não me deixa enterrar mais no banco, porque já estou praticamente "soldado" a este. A direcção é progressiva, e nota-se perfeitamente que fica mais sólida com a velocidade. É espantosa a insonorização no interior. Apenas um barulho "fórmula 1" na traseira, estável e crescente. Parece que se fôsse possível o barulho continuaria a subir até rebentar com o motor.



"That's it mate, bring it down"...


Demos mais uma volta. Na chegada, junto ao secretariado do evento, mais entusiastas se preparavam para realizarem o seu sonho. Entrarem na galeria dos mortais que foram empurrados num carrinho de rolamentos por um matulão chamado V8. Obrigado Albertino. Gostava de te rencontrar um dia destes. E agradecer-te por teres servido de "V8 de plástico" a um puto com sonhos naquela rua pobre da margem Sul. Se apareceres um dia destes por aqui, sei de um sítio porreiro com uns carros de rolamentos fixes onde podemos ir recordar os velhos tempos...


Como é bela a Vida no campo...

Tuesday, 9 March 2010

A bordo de um Mig 15!


Falar sobre um Mig 15, um caça russo que raramente vimos e que já "passou do prazo", pode parecer perda de tempo. Mas e que tal encontrar um ainda activo e a voar ? Esta aeronave desempenhou um papel importante e faz parte indelével da História da Aviação, e a que nenhum entusiasta pode ficar indiferente. Saiba mais sobre o Caça a jacto com 60 anos cujo último aparelho apenas foi retirado de serviço activo em 2005.
" Cá para fora do Hangar, que hoje está solinho e trabalha-se melhor..." ( Por favor empurrar depois para dentro com a Ford Transit)



Desenhado por Artem Mikoyan e Mikhail Gurevitch em 1945, como um caça interceptor de grande altitude, o primeiro protótipo voou em 1946 tendo poucos anos depois sido "estreado" com grande sucesso na guerra da Coreia. Bastante equivalente ao americano F86 Sabre, este pequeno caça russo debateu-se de igual para igual nos céus da Coreia. Cerca de 12000 Mig 15 foram construídos na antiga URSS, e mais cerca de 6000 sob licença em países estrangeiros, elevando o seu total para 18000 unidades tornando-o no caça mais popular de sempre. Uma espécie de "carocha" dos aviões a jacto.





O projecto do Mig 15 esteve inicialmente parado por falta de motores adequados, mas a oferta de 22 motores "Nene" pela inglesa Rolls-Royce ,possibilitou à URSS o arranque da construção do primeiro caça soviético de grande sucesso da era a jacto. Posteriormante, os Mig 15 de produção puderam ser equipados com um motor soviético Klimov VK1, construído tendo como base o Rolls- Royce britânico. O último Mig 15 apenas foi retirado do serviço activo em 2005, pela Força Aérea Albanesa.





Hoje o Sala das Máquinas teve a oportunidade de contactar pela primeira vez com este ícone dos céus em Leicestershire, para onde voou vindo de um coleccionador particular polaco, que o adquiriu à Força Aérea daquele país. O piloto inglês Bob " Robbo" Eardley foi buscá-lo próximo de Katowice, na Polónia e sobrevoou a Europa até Inglaterra. Este exemplar foi fabricado na antiga Checoslováquia em 1968, e cedido em 1972 à Siły Powietrzne Rzeczypospolitej Polskiej, por outras palavras, a Força Aérea polaca.Estes aviões podem ser voados com licença de pilotagem PPL, embora precisem de algumas horas de treino no tipo . Uma "warbird license".


A subida a bordo dá-se por uns degraus embutidos na fuselagem, que engenhosamente se "escondem" quando retiramos o pé. Ao entrar para o "Cockpit, existe um cómodo "pisa-pés" que evita que pisemos o banco. O interior é espaçoso, e praticamente idêntico ao F-86 Sabre. O "acelerador" ( Throttle) está posicionado à esquerda, e incorpora a PTT ( Push to Talk ) Os travões no solo são accionados por uma manete tipo "bicicleta" no manche, e este pareceu-me um pouco "alto". Não dá para descansar o punho sobre a perna em vôo. Mas talvez com o fato de vôo e todo o equipamento seja diferente.


Tradutor precisa-se...


Os instrumentos estão todos escritos em russo, embora os valores e o formato dos instrumentos sejam facilmente identificáveis. Está prevista a aplicação de autocolantes com inscrições em Língua inglesa para facilitar o uso por pilotos ingleses. Sim, este Mig está operacional e vai voltar aos céus. E o sala das máquinas estará por perto quando isso acontecer.


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Ficha técnica

Mikoyan-Gulverich Mig 15
Ano: 1968
Motor : Klimov VK1
Comprimento: 10 metros, 11 cm
Envergadura: 10 metros, 08 cm
Peso Bruto: 3580 Kg
Velocidade Máx: 1075 Km/h

Monday, 8 March 2010

Sim, estou a restaurar um bombardeiro nuclear...

Um ícone da Guerra fria... A equipa do Sala das Máquinas a colaborar na manutenção.



Desculpem. Não consigo evitar. É mais forte do que eu. Poder participar no restauro dum bombardeiro nuclear com quatro motores que "inadvertidamente" levanta vôo por breves instantes sempre que é testado na pista, tem evitado que eu fique em casa a jogar Playstation ou vá aos Domingos para o café e para dentro dos centros comerciais.


Eu sei, eu sei. Eu devia estacionar o carro num piso "menos três", e passear com a família dentro umas avenidas iluminadas com neons epilépticos e andar aos encontrões com outras famílias aglomeradas como esferovite dentro de uma caixa de papelão, em vez de me ir fechar dentro de hangares com Migs, e caças a jacto clássicos. Ou então se calhar devia ficar em casa a jogar na consola e a fazer pontos e bónus a disparar contra pessoas em aeroportos. Fazendo pausas de quatro em quatro horas para ir à retrete, e comer rapidamente uma sandes.

Não tenho cá nada disso em casa,por isso tenho de levar os putos para dentro de um hangar a sério e entretê-los dentro de um helicóptero soviético Mil "Hind", ou de Jaguares e Buccaneers, porque aqui o clima não é grande coisa, nem há centros comerciais. Apenas mantos verdes a perder de vista, por quilómetros e quilómetros.

O que se torna em boas notícias: Porque quase tudo é plano, esta malta lembrou-se de construir por todo o território um outro tipo de infraestruturas de lazer: Aeródromos. E o Reino Unido tem 1600 deles. Quase tantos como o número de centros comerciais "maiores da Europa" em Portugal. Num destes aeródromos em Leicestershire, existe um grupo que se dedica exclusivamente a restaurar caças e jactos do tempo da guerra fria. Entre os quais, um dos últimos cinco bombardeiros nucleares Handley Page Victor existentes no Mundo.



Mike Silva a bordo do único Handley Page Victor em condições de vôo no Mundo



Convertido para avião-tanque, este exemplar foi fabricado em 1965 e voou na guerra do Iraque e foi retirado da circulação em 2003, restando apenas 11 horas de vôo na fuselagem. Actualmente, está a ser pintado e revisto, e encontra-se em condições de funcionamento total, embora sem autorização para descolar. O que não impede a malta de ir para a pista particular do dono acelerar até aos trezentos Km por hora , sem levantar. "Taxi runs", na gíria aeronáutica.
Nos meus apontamentos, acelerar num avião-tanque da guerra fria numa pista particular com 2560 metros na Inglaterra central,propulsionado por quatro motores de 12 mil cavalos cada, é o equivalente a ficar fechado um fim-de-semana inteiro num elevador com a Hayden Pannetiere.





A equipa que mantém o bombardeiro " não tem culpa" se por breves momentos a aeronave insiste em descolar por excesso de potência. Paciência. O "Vitor" regressa à pista imediatamente mal se feche a "torneira"e os travões fazem o resto. Agora mais uma vez para trás, outros 2560 metros a 300 à hora... Que barulhal do camandro! Que cataclismo inacreditável. Mas podia ser pior. A esta hora podia estar em casa de pijama a jogar jogos de consola acerca de criminosos que andam nas ruas a matar prostitutas e a roubar carros, ou dentro da sala 12 ou 14 de um cinema a ouvir adolescentes a ruminar pipocas e a atender telemóveis...




(Aviso: Estas experiências relatadas por Mike Silva são feitas em ambiente controlado, longe de televisões a dar Bola , Política e novelas, centros comerciais e jogos de consola, ou outra qualquer forma de embrutecimento colectivo ou social. Por favor, não tente fazer isto em casa, e em caso de dúvida pare e consulte um especialísta. )