Saturday 4 October 2008

A máquina que evitou a invasão




Muitos de nós, que sempre nos interessámos por estas coisas da aviação, sempre desconfiámos que de facto o Spitfire fosse um avião excepcional. Mas é necessário viver em Inglaterra para perceber o impacto e a devoção que esta máquina , mais do que um simples avião, possui entre as pessoas. Não é para menos: Temos a agradecer a este aparelho, simplesmente o facto de não ter permitido a invasão das forças do terceiro Reich nas ilhas britânicas. Sim, foi este aviãozito com as asas terminadas em bico que tal e qual como um guerreiro da idade média saíu em campo em desvantagem numérica,de lança afiada contra o invasor .Celebremos então o "Spit", como um dos maiores fenómenos da História da Humanidade.


Interior do Cockpit do Spitfire.Além de lidar com estes " manómetros " todos, ainda tinham de dar umas fogachadas nos Messerchmidts...


Não sei se é por os meus putos terem frequentado a mesma escola primária que Sir Reginald Mitchell, o engenheiro responsável pelo Spitfire, se é por morar a poucos quarteirões da casa onde nasceu aquele que viria a ingressar na fábrica Supermarine , para produzir os diabólicos caças de motor V12 com 27 000 cc de cilindrada, e 1700 cavalos, mas de facto o Spitfire é algo a que socialmente não posso fugir. Onde quer que vá, o culto do avião que salvou Inglaterra, lutando até mais não poder na batalha de Inglaterra contra a Luftwaffe, em maior número e com aviões mais potentes ( O Messerchmidt 109 tinha 39 000 cc, e o Focke Wulf 190 42 000 cc! ), encontra-se por toda a parte. As livrarias e serviços públicos ostentam imagens de Spitfires, e mesmo a Biblioteca central tem um modelo REAL no átrio do edifício.



Um MK V, com a sua hélice de cinco pás. ( Foto net )


Falar sobre o desenvolvimento do Spitfire, seria uma tarefa fastidiosa. Nas suas 17 versões fabricadas ao longo dos anos, a fuselagem foi sendo aperfeiçoada pelos técnicos da Supermarine, enquanto os engenheiros da Rolls Royce iam retirando mais e mais cavalos do motor Merlin. Necessário para empurrar as tres toneladas de peso até cerca de 500 KM por hora.



Uma das fábricas do Spitfire, em Castle Combe.( Foto Net)




O que importa reter, é o esforço de toda uma nação para produzir uma máquina que fizesse frente a um podeiro militar e a uma máquina de guerra fortíssima e eficaz que eram as forças do terceiro Reich, utilizando toda a imaginação e capacidade de improviso ao alcance. O Spitfire foi essa máquina!




Reginald Mitchell não chegou a ver o início do conflito...( 1895-1937)


Com fábricas espalhadas por Inglaterra, desde Southampton, Birmingham,Derby,Crewe ou Leeds, o Spitfire continuou sempre o seu desenvolvimento, mesmo debaixo de bombardeamento, sendo desenvolvido em instalações portuárias e agrícolas para não levantar suspeitas. Um dos grandes aperfeiçoamentos do Spit, foi a criação de uma hélice de passo variável em metal, para substituir a de madeira de passo fixo. Graças a isto consegui uma menor distância de descolagem e uma maior velocidade em combate.





27000 centímetros cúbicos, 12 cilindros em V e 1700 cavalos. Senhoras e senhores, eis o Rolls-Royce Merlin.Quero um destes!



A introdução do sistema IFF ( Identification friend or foe) retirou cerca de 2 milhas por hora na velocidade de ponta, mas permitia identificar nos radares britânicos, que não se tratava de um avião nazi.


A criação de pedais com duas posições, permitia o piloto colocar-se numa posição mais horizontal, e operar os pedais colocados numa posição mais elevada. Com isto, conseguia resistir a mais 1G . A zona da carlinga foi reforçada a partir dos modelos MK II.

A 15 de Setembro de 1940,Inglaterra acordou com 114 bombardeiros da Luftwaffe a dirigirem-se à toda para as ilhas, acompanhados de outras centenas de caças: O resto é História. Auxiliados por Hurricanes,também propulsionados por motores Merlin, os pilotos ingleses varreram dos céus grande parte dos atacantes, embora também sofrendo pesadas baixas. Hitler decidiu entretanto ir atacar a Rússia...
O sucesso do spitfire, fica para sempre devido não apenas ao esforço de pilotos, da Supermarine, e da Rolls-Royce, mas também a toda a nação inglesa, que se recusou a deixar pisar pela máquina de guerra Nazi. O spitfire foi a enxada que o povo brandiu em desespero contra o invasor, e surpreendentemente venceu. E não podemos de deixar de respeitar e apreciar o Spitfire por isso.

1 comment:

ren said...

E é bonito um país que não esquece o esforço de guerra cometido pelos pais e avôs...