Sunday 10 August 2008

Perceber os Hot Rod

Alguém quer isto de volta ao " original?"...Bem me pareceu.



Todos nós já sentimos na pele, o que é levar um clássico a um encontro, e submetê-lo ao escrutínio dos " técnicos", e da " Gestapo dos parafusos".

Eis-nos ali, com um veículo que nos consumiu horas e horas, dias e dias, e uma carrada de Euros ( Libras) no processo, para uns parvalhões quaisquer largarem bojardas acerca de como a tinta escorreu debaixo do pára-lamas, e em como os escudetes do pára-choques não coincidem com o ano do carro.

Depois de termos feito um empréstimo para conseguir frequentar um encontro de clássicos, e de termos estado o dia inteiro a ouvir em como o senhor engenheiro tal gastou X no seu modelo, e em como a filha trouxe o modelo Y que custou W, eis que regressamos a casa sem aquilo que procurámos: Diversão.



Restaurar isto " tudo de origem" para agradar aos " engenheiros" e às " federações", ou fazer algo a nosso gosto que nos dê prazer de usufruir?



E que tal, se um dia acordássemos, e disséssemos: Bolas para os parafusinhos e para o jacto de areia, e para as borrachas de 1963 num carro de 1962. Vou pôr um V8 á frente num carocha." E se o fizéssemos, e colocássemos a " brigada do betume" à beira de um ataque de nervos?

E se produzíssemos um veículo, que mais ninguém tivesse, e que originasse coçar de cabeça entre os "engenheiros", danados por lhes estarmos a roubar o protagonismo? Que quando chegasse ao " XV encontro de clássicos de alguidares de cima" todos os olhares e telemóveis se dirigissem na sua direcção.Algo que se fosse preciso, nem pintado estaria, deixando "desempregados" os comentadores de ocasião?



" Épa, a côr não é a de origem para o ano deste carro!" ...E que tal se vocês se suicidarem? Ninguém vai dar pela vossa falta...



E que tal se isto tudo nos trouxesse bem-estar e diversão? Que tal se nos voltássemos a sentir bem por poder colocar parafusos métricos cromados num carro inglês, e colocar um V8 americano numa carroçaria alemã? E se nos estivéssemos borrifando para federações que já não têm partes baixas para coçar, e se entretêm a dizer às pessoas o que devem ou não fazer com os carros?

E se pudéssemos circular pelas ruas, e dizer " Eis um carro que paguei com o meu dinheiro e que transformei conforme me deu na gana, do modo que me apeteceu, e ninguém tem nada a ver com isso, e se não gostam azar o vosso?" Isto é o estado de espírito do movimento Hot Rod: Diversão,Criatividade,Contestação, e Espírito liberto de condicionalismos.
Imaginem finalmente frequentar um local, onde dissessem"- Lembrei-me de colocar uns travões de disco num Buick", e em vez de vos responderem " Ah, mas isso não é de origem, e estraga o carro todo", vos respondessem " E então, consegues mais eficácia de travagem?", sem pestanejar nem ir consultar o livro de ofensas graves ao automóvel clássico.






Uma musiquinha Rockabilly á maneira, dos anos cinquenta, não faz mal a ninguém. Inscrição no encontro? Aqui não há gatunagem! Se quiserem dar alguma coisa para a caridade...



Por esta hora, os meus amigos de há mais de duas décadas dos clássicos, já estão a dizer " Epá, o gajo endoideceu, desde que foi para Inglaterra! " Os outros enjoadinhos do costume , não me importa o que estarão a dizer, pois estou-me borrifando. Esta semana guiei um Ferrari, um Lamborghini e um Buick V8, em Inglaterra. Que tal foi a vossa semana?

Se calhar endoideci! Mas posso dizer que hoje, como é hábito em Inglaterra, frequentei DOIS eventos de clássicos, sendo um deles de Hot Rod. Adivinhem em qual me diverti mais e fiz mais amigos? E aprendi mais sobre técnica automóvel?

Uma coisa é certa, malta: A desculpa de " preservar o carro para o futuro" não pega mais, porque prefiro usufruir de um carro enquanto ainda estou do lado de fora do cemitério, do que deixar um fóssil embrulhadinho na sala de jantar com os parafusinhos todos levados ao jacto de areia, para os putos depois acabarem por fazer um Hot Rod, ao fim ao cabo. Ou destruirem na palhaçada com os amigos.

" Ah, mas se não restaurássemos os carros, eles não tinham chegado aos dias de hoje."Claro que deve haver sempre alguém que se dedique a restaurar carros ao milímetro. Os museus precisam de carros para encher de pó e manterem fechados a sete chaves. E cobrarem preços exorbitantes de entrada , nas raras ocasiões que abrem. Quero lá saber de um Panhard e Levasseur dentro de um aquário. Se eu não lhe puder pisar o acelerador, para mim é como se fosse uma cómoda!
E ainda bem que muitos não chegaram aos nosso dias... Se tivessem mantido tudo , não sobrariam capots e carroçarias e motores, que podemos utilizar sem complexos nas nossas criações.Sim, já me estou a misturar. Comecei com um Vespawagen, e agora aquele carocha 1200 que está lá para a Margem Sul a encher-se de pó, á espera de parafusinhos de origem e do raio que o parta, vai levar com a rebarbadora!

E para que conste, vai levar dois perfis de aço por baixo para segurar um Jaguar V8. À frente! Com quatro escapes a sair de cada lado. Para cima.E vou " sectioning" o tejadilho cerca de duas polegadas. A cor, será de aparelho, pintado a pincel. E o assento, será o de um posto de metrelhadora de um bombardeiro Vickers, feito em cobre que comprei na feira Autojumble de Nottingham. Para não dizerem que não está tudo de origem, pronto, vou colocar uns parafusos de origem a segurar a matrícula.
Se estou contra os clássicos? Estou contra é o medo de expressar a opinião e de dizer aquilo que temos de dizer. Continuarei a apreciar camiões,motorizadas e veículos clássicos, sempre que eles me proporcionarem prazer. Mesmo ,até em momentos de pouca lucidez MGBs. Caso contrário, é chamar Mr. Black and Mr. Decker para fazer umas fagulhas...

Alguma objecção? Queixem-se à federação!
( Nota da redacção: Quando Mike Silva se refere a "Engenheiros", trata-se daqueles personagens de mãos nos bolsos e sapatinhos engraxadinhos, com ou sem curso universitário ( Parece que agora em Portugal há dos dois tipos), que apenas puxam o lustro ao gabinete para combinar almoçaradas de duas horas. E que respondem aos subordinados com um " traga-me soluções, não problemas".
É claro que não se refere por exemplo a K. M, o seu chefe do Engineering Department, com um Masters Degree da Manchester Metropolitan University, e que anda de fato-macaco debaixo dos carros. Cheers Boss!
É só para esclarecer, porque ás vezes confundem-se os dois tipos de Engenheiros... )












2 comments:

Dom Fuas. said...

Cum catano, partilho desse espirito hot road,com o meu "ferro" algo que tem duas rodas asentes no chão que se movimentam com um motor HD o resto é um monte de ferros torcidos e retorcidos e parafusos ferrugentos, até acho piada ir até á tasca chique onde param os senhores respeitaveis dos Hogs com as suas HD todas cromadinhas e olharem com aquele ar de sehor " ingenheeiro" a pensarem para com os seus cromadinhos -isto não se faz.Depois vai-se a ver não sabem como se muda uma vela, jamais pensariam e mudar o óleo ou até como se afina a ignição da sua coqueluche, é fino e fica bem dizer que tem uma HD, agora o espirito de liberdade acaba quando elas são para carteiras recheadas de Euros.

Diogo MM said...

O cinzentismo da actual cena dos classicos portuguesa,entregue aos "engenheiros" e a clubs e federacoes estereis que apenas servem para combinar jogos de golf, faz mais danos ao mundo dos classicos do que um autocarro cheio de gajos com rebarbadoras em punho.

Hot Rods? Desde que nao estraguem irremediavelmente as carrocarias, para se depois alguem as quiser aproveitar, tudo bem.