Saturday, 23 August 2008

A rouloutte mais antiga do Reino Unido





Quando "campismo", significava "ir para o campo"...E não para um aglomerado de pré-fabricados e lonas com frigoríficos e com chão de mosaico...


Sendo " Apenas uma roullote", é normal que a maioria dos proprietários não se interesse em preservar uma mera caixa destinada a ser rebocada por um automóvel. Além disso, por uma estranha e nublada razão, as roullotes parecem ser ainda mais vítimas da moda do que os próprios automóveis. Tudo bem rebocar uma roullotte topo de gama com um Ford Escort velho, mas nem pensar em rebocar uma roullote com uns aninhos , nem que seja com um Lexus. Já tinham pensado nisto?
Além disso, para quê insistir na preservação de algo pródigo em acumular bolor e água da chuva em grandes quantidades, e que apodrece a uma cadência que deixa os Citroens envergonhados? Para quê preservar ou restaurar algo, que teremos de sair de madrugada sem que os vizinhos vejam, para não pensarem " Coitados, vão fazer férias naquilo..."

As roullotes são de facto um veículo difícil de possuir, e de perceber. Ninguém possui uma roullote, pelo simples facto de possuir uma roullote. Quem possui uma, é suposto fazé-lo porque precisa de utilizar uma. É como um martelo. Ninguém tem um martelo para decorar a parede da sala.


A atenção ao promenor do desenho, é um prazer visual!


Eis que por isto tudo, é sempre uma ocasião especial encontrar uma roullote antiga preservada. Existem modelos bastante procurados e cotados internacionalmente, como por exemplo as americanas Streamliner. Agora o que nunca estamos à espera, é encontrar aquela que é classificada como a roulote de série mais antiga do Reino Unido. E sendo o Reino Unido, coloca automáticamente este exemplar entre as mais antigas do Globo.Efectivamente o AA e a DVLA consideram este exemplar como aquele mais antigo existente , fabricado para ser puxado por um automóvel.

Construida em 1911, esta roullote ainda serve de pernoita aos seus proprietários , e é uma mais valia a qualquer evento que vá. É um dos participantes mais fotografados do evento, e percebe-se porquê: O apelo à nostalgia que um veículo clássico proporciona, é algo que explode nesta pequena caixa de madeira feita por artesãos.

Todo o interior está preservado como há exactamente 97 anos! E ainda é utilizada regularmente para férias! (A "polícia dos escorridos na tinta" e a "Gestapo dos parafusos", não passará cartão nenhum a isto e vai já apontar para o neon no tecto... )

Desenhada para ser rebocada por Fords T, ou Austin ten, é com algum cuidado que os proprietários se deslocam com ela nos dias de hoje, com automóveis possuindo facilmente dez vezes mais potência.

Eis portanto mais um exemplo, de que a satisfação e a originalidade de possuir um veículo clássico, não se esgota apenas em possuir um descapotável com os parafusos levados o jacto de areia.




Desenhada para ser rebocada por Ford T, não Focus...

Uma mera caixa de madeira de Carvalho pintada a pincel há quase cem anos, possivelmente deixará muito mais felizes tanto os proprietários desta maravilha, como os visitantes que não dedicam um segundo olhar À fila interminável de clássicos " caros" parados pelo recinto...

Monday, 18 August 2008

O motociclismo vivido em Inglaterra


Nem quero falar sobre eventos mundialmente conhecidos em Inglaterra, nem das suas feiras imensas frequentadas por entusiástas de todo o mundo, local único onde podemos contactar com peças exclusivas feitas por artesãos que ficaram na História.


Não. Convido-os a olhar para esta foto. Reparem como o motociclismo está entregue ao povo. Em como o " vizinho do lado" ou o "amigo manel" se entregam a um convívio salutar entre homem e máquina. Em como a moto substituiu o jogo de cartas na associação de reformados. Ou um olhar perdido numa qualquer marquise sem expectativa ou esperança.
Reparem como diversos tipos de mota e de proprietários se alinham como amigos em franca camaradagem. Sem passar cartão a quanto custou esta ou aquela moto, nem dividi-las em "classes" .

Não há aqui ostentação. Apenas saborear um "rodar de punho" entre amigos. Esta foto foi tirada num simples evento local, onde meia-dúzia de entusiastas se lembrou de trazer umas motazitas que tinham lá em casa. E divertirem-se.

Possuir uma moto clássica em Inglaterra, é chamar a si um pouco da História a que todos julgam genuínamente que têm direito. É exigir pertencer a um tempo e a uma terra. A uma identidade. É precisar de algo que sem a qual sabemos ser imediatamente excluídos das conversas. E não o contrário.
É perdermo-nos nas horas, substituindo Ronaldos e Casa Pias , Big Brothers e Telenovelas, por argumentos indestrutíveis acerca de Brough Superiors e Vincents. É fazer gestos com as mãos a explicar carburadores de Ariel e BSA. Tudo forrado a Stella ou Boddingtons. É discutir Nortons e Triumphs ou Enfields e Coventry Climaxs sobre alcatifas peganhentas, com a BBC2 em fundo.
A regra é TER uma moto clássica. Se não tivermos uma moto clássica, para utilizarmos como pretexto para uma roda de amigos e despejar umas Carling, então " What the hell are you thinking about ,mate?


Apenas apreciem esta foto.

Saturday, 16 August 2008

Um porco a andar de bicicleta?


Quando ando por este extraordinário país, convencido que já não me falta ver mais nada, excepto talvez um cerdo aos comandos de um velocípede, conforme reza o adágio popular, eis que "tropeço" em semelhante veículo!


O que me chamou a atenção, foi ter matrícula! Ora os barcos não têm matrícula. Pelo menos de carro. Eis que um olhar mais atento revelou ser uma ROULOTTE!


Uma roulotte-barco! Ou um barco-Roulotte. Como queiram. Estacionada ( ou deveria dizer fundeada) hoje em Birmingham, no canal junto ao centro comercial Mailbox! o modelo, chama-se como não podia deixar de ser , Caraboat.

Porreiro! Chega-se ao rio, desatrela-se do carro e empurra-se para dentro de água! E boas férias! Não creio que muita gente conheça isto, pois mostrei esta foto a "doentes" do caravanismo, e ficaram de boca aberta.
Aqui está uma idéia para um fim-de -semana diferente.


Thursday, 14 August 2008

The usually overlooked tractor

Your´s truly with the best of English...




I came from a country that only now is starting to pay attention to its agricultural heritage. A tractor, or any machine that has to do with agriculture, was always seen as a mere instrument used by farmers , which would be left to rot under the nearest oak once its engine or any other expensive part beyond financial chance of recovery would pack.

Immersed in a thirty years dictatorship , Portugal always struggled to modernise its agricultural machinery, leading the farmers to use their gear beyond its usual timeframe . I still use a Leyland 154 to do some work in my farm in Central Portugal. (Well, most towing city boys SUVs out of trouble..This ain´t no scholl run,mate!)



Abandoned at a construction site or a quarry? No way! It can be a very interesting machine to display!





And while first world countries would have acess to powerfull steam traction engines, as early as the beggining of the XX Century, we would still be using "Cart and ox" technology .So, it comes to me as a tremendous surprise to contact with machines in the UK for the fist time.
Why should we admire such machines? They only carry one person most of the times, drive flat out at 20 MPH, and it isn´t exactly an eye catcher among the social climbers. Most of them, don´t even have a number plate, for that matter!

Well, if one of your posh mates snear at you, just tell them this is a trike.


The thing is, these machines were so strongly built, that they could outstand the rigourous weather conditions, and still be around some decades later, itching to be attached to some device and prod happily in the mud. These machines, are very near to the concept of "being sculpted".


Most of the vehicles, try very hard to conceal the engine under some tin. Well, tractors are about the engine! Actually, I would think of a tractor, as an engine attached to some wheels. That´s it. And there is nothing more pure to a petrolhead than have a vehicle that it´s only about an engine.





An early steam engine at motion, in a 1916 Model. It doesn´t get better than this.




Going to the rallies, and watch those pristine engines brightly painted , doing their "tugtugtugtug", minding their own business, even if it is pouring down heavily, is something to respect and admire. These folks, came all the way from their home, to display these rather overlooked machines to the general public. For the kids to understand that potatoes do come from a farm and are dug by one of this machines. They don´t come from their local chippy, or Tesco.
I would like to think, that my collaboration , along with a fellow correspondent in Germany to a speciallized portuguese classic cars magazine, led to the creation of the first events in my country involving tractors. None had ever been took place before our chronicles depicting similar events in the UK. I hope the trend means that many more machinery will find it´s way out of the fields and under the oaks, to the showing grounds.


Tractor meetings? Well I started the trend in Portugal. Me and my mate Helder from Germany. Just in case the "clubs" start claiming that...

And for whoever thinks that tractors are a waste of time and space, check this out: People queue up for a quad bike, which also has four wheels and carry one passenger only. Why not buy a tractor instead? Turns up cheaper, has more torque and power, goes up steep hills,and I bet it doe more miles per gallon. And you can´t harvest some potatoes with a Banshee, can you?
Besides, Mr.Ferrucio Lamborghini and Herr Ferdinand Porsche, also had a go producing some mud prowlers along with their motors.

How about that?




















Sunday, 10 August 2008

Perceber os Hot Rod

Alguém quer isto de volta ao " original?"...Bem me pareceu.



Todos nós já sentimos na pele, o que é levar um clássico a um encontro, e submetê-lo ao escrutínio dos " técnicos", e da " Gestapo dos parafusos".

Eis-nos ali, com um veículo que nos consumiu horas e horas, dias e dias, e uma carrada de Euros ( Libras) no processo, para uns parvalhões quaisquer largarem bojardas acerca de como a tinta escorreu debaixo do pára-lamas, e em como os escudetes do pára-choques não coincidem com o ano do carro.

Depois de termos feito um empréstimo para conseguir frequentar um encontro de clássicos, e de termos estado o dia inteiro a ouvir em como o senhor engenheiro tal gastou X no seu modelo, e em como a filha trouxe o modelo Y que custou W, eis que regressamos a casa sem aquilo que procurámos: Diversão.



Restaurar isto " tudo de origem" para agradar aos " engenheiros" e às " federações", ou fazer algo a nosso gosto que nos dê prazer de usufruir?



E que tal, se um dia acordássemos, e disséssemos: Bolas para os parafusinhos e para o jacto de areia, e para as borrachas de 1963 num carro de 1962. Vou pôr um V8 á frente num carocha." E se o fizéssemos, e colocássemos a " brigada do betume" à beira de um ataque de nervos?

E se produzíssemos um veículo, que mais ninguém tivesse, e que originasse coçar de cabeça entre os "engenheiros", danados por lhes estarmos a roubar o protagonismo? Que quando chegasse ao " XV encontro de clássicos de alguidares de cima" todos os olhares e telemóveis se dirigissem na sua direcção.Algo que se fosse preciso, nem pintado estaria, deixando "desempregados" os comentadores de ocasião?



" Épa, a côr não é a de origem para o ano deste carro!" ...E que tal se vocês se suicidarem? Ninguém vai dar pela vossa falta...



E que tal se isto tudo nos trouxesse bem-estar e diversão? Que tal se nos voltássemos a sentir bem por poder colocar parafusos métricos cromados num carro inglês, e colocar um V8 americano numa carroçaria alemã? E se nos estivéssemos borrifando para federações que já não têm partes baixas para coçar, e se entretêm a dizer às pessoas o que devem ou não fazer com os carros?

E se pudéssemos circular pelas ruas, e dizer " Eis um carro que paguei com o meu dinheiro e que transformei conforme me deu na gana, do modo que me apeteceu, e ninguém tem nada a ver com isso, e se não gostam azar o vosso?" Isto é o estado de espírito do movimento Hot Rod: Diversão,Criatividade,Contestação, e Espírito liberto de condicionalismos.
Imaginem finalmente frequentar um local, onde dissessem"- Lembrei-me de colocar uns travões de disco num Buick", e em vez de vos responderem " Ah, mas isso não é de origem, e estraga o carro todo", vos respondessem " E então, consegues mais eficácia de travagem?", sem pestanejar nem ir consultar o livro de ofensas graves ao automóvel clássico.






Uma musiquinha Rockabilly á maneira, dos anos cinquenta, não faz mal a ninguém. Inscrição no encontro? Aqui não há gatunagem! Se quiserem dar alguma coisa para a caridade...



Por esta hora, os meus amigos de há mais de duas décadas dos clássicos, já estão a dizer " Epá, o gajo endoideceu, desde que foi para Inglaterra! " Os outros enjoadinhos do costume , não me importa o que estarão a dizer, pois estou-me borrifando. Esta semana guiei um Ferrari, um Lamborghini e um Buick V8, em Inglaterra. Que tal foi a vossa semana?

Se calhar endoideci! Mas posso dizer que hoje, como é hábito em Inglaterra, frequentei DOIS eventos de clássicos, sendo um deles de Hot Rod. Adivinhem em qual me diverti mais e fiz mais amigos? E aprendi mais sobre técnica automóvel?

Uma coisa é certa, malta: A desculpa de " preservar o carro para o futuro" não pega mais, porque prefiro usufruir de um carro enquanto ainda estou do lado de fora do cemitério, do que deixar um fóssil embrulhadinho na sala de jantar com os parafusinhos todos levados ao jacto de areia, para os putos depois acabarem por fazer um Hot Rod, ao fim ao cabo. Ou destruirem na palhaçada com os amigos.

" Ah, mas se não restaurássemos os carros, eles não tinham chegado aos dias de hoje."Claro que deve haver sempre alguém que se dedique a restaurar carros ao milímetro. Os museus precisam de carros para encher de pó e manterem fechados a sete chaves. E cobrarem preços exorbitantes de entrada , nas raras ocasiões que abrem. Quero lá saber de um Panhard e Levasseur dentro de um aquário. Se eu não lhe puder pisar o acelerador, para mim é como se fosse uma cómoda!
E ainda bem que muitos não chegaram aos nosso dias... Se tivessem mantido tudo , não sobrariam capots e carroçarias e motores, que podemos utilizar sem complexos nas nossas criações.Sim, já me estou a misturar. Comecei com um Vespawagen, e agora aquele carocha 1200 que está lá para a Margem Sul a encher-se de pó, á espera de parafusinhos de origem e do raio que o parta, vai levar com a rebarbadora!

E para que conste, vai levar dois perfis de aço por baixo para segurar um Jaguar V8. À frente! Com quatro escapes a sair de cada lado. Para cima.E vou " sectioning" o tejadilho cerca de duas polegadas. A cor, será de aparelho, pintado a pincel. E o assento, será o de um posto de metrelhadora de um bombardeiro Vickers, feito em cobre que comprei na feira Autojumble de Nottingham. Para não dizerem que não está tudo de origem, pronto, vou colocar uns parafusos de origem a segurar a matrícula.
Se estou contra os clássicos? Estou contra é o medo de expressar a opinião e de dizer aquilo que temos de dizer. Continuarei a apreciar camiões,motorizadas e veículos clássicos, sempre que eles me proporcionarem prazer. Mesmo ,até em momentos de pouca lucidez MGBs. Caso contrário, é chamar Mr. Black and Mr. Decker para fazer umas fagulhas...

Alguma objecção? Queixem-se à federação!
( Nota da redacção: Quando Mike Silva se refere a "Engenheiros", trata-se daqueles personagens de mãos nos bolsos e sapatinhos engraxadinhos, com ou sem curso universitário ( Parece que agora em Portugal há dos dois tipos), que apenas puxam o lustro ao gabinete para combinar almoçaradas de duas horas. E que respondem aos subordinados com um " traga-me soluções, não problemas".
É claro que não se refere por exemplo a K. M, o seu chefe do Engineering Department, com um Masters Degree da Manchester Metropolitan University, e que anda de fato-macaco debaixo dos carros. Cheers Boss!
É só para esclarecer, porque ás vezes confundem-se os dois tipos de Engenheiros... )












Wednesday, 6 August 2008

Será desta, o carro voador?



Para quem visita o Sala das máquinas, sabe que pode esperar a todo o momento novidades mundiais, e perceber quais as tendências e modo de estar da indústria a nível mundial, relatado na primeira pessoa por quem está permanentemente em cima do acontecimento, em português.






Não há aqui traduções nem fotos de outras publicações ou arquivos. O que aqui presenciam, são fotos e texto eleborados por um português na alta roda ( passo a redundância) dos eventos do automobilísmo mundial.
Isto vem a propósito de quê? Não sei bem. Se calhar, ainda estou um bocado a apanhar o "feeling "ainda disto tudo. Nem mesmo Clarkson e a equipa do Top Gear ainda andaram por aqui.
Seja como fôr, eis as primeiras fotos de um lancamento mundial do PARAJET, uma espécie de carro-parapente, que promete revolucionar os desportos radicais. É propulsionado pelo motor de uma Yamaha R1, e mal adquire velocidade, liberta um enorme parapente na traseira.


Estará disponível em 2009, mas entretanto os responsáveis pretendem fazer uma travessia em África,na região de Tombuktu para demonstrar as capacidades deste novo "brinquedo".Aqui ficam algumas fotos para os meus amigos do Sala das máquinas.

Monday, 4 August 2008

KTM em Goodwood


Eis algumas fotos dedicadas aos meus amigos das KTM em Portugal. Pela primeira vez pude conhecer de perto o espantoso X-Bow, o carro da KTM.
Pena que os responsáveis do Stand, estivessem pouco informados sobre o historial da marca, e me remetessem automáticamente para o Stand da minha área...Que acabei por dizer que era em Beirut, só para os massacrar!

Aqui ficam estas fotos, para verem que me lembro dos amigos. O Fórum do clube KTM Portugal, é um local privilegiado para discutir a temática desta marca, e é frequentado por indivíduos altamente especializados e entusiastas da marca. Não tenho como agradecer a inestimável ajuda na pesquisa para reconstruir a minha Ponny II de 1966. Se não fossem eles, ainda estaria a tentar ver que modelo é que seria aquele monte de ferros ferrugentos sem documentos que fui encontrar dentro de uns caixotes num sótão.
Já não são ferros ferrugentos, já se parece com um veículo.Hei-de colocar fotos aqui, mal possa.


British Police: Porque não seguimos o exemplo?



A sobrevivência em Inglaterra não é fácil, para cidadãos oriundos de países onde estavam habituados desde sempre circular a cento e sessenta dentro das localidades, e apitar cerca de um décimo de segundo depois do semáforo abrir.
Outrora, actos como perseguir a alta velocidade a um milímetro da matrícula do carro da frente, como que a "ser rebocado" na auto-estrada, circulando com os máximos acesos e o pedal do acelerador a fundo, espumando pela boca por causa do carro da frente ter custado menos uns milhares, e não possuir pelo menos 200 cavalos, estando a cometer o ultraje de circular na faixa da esquerda, fenómeno conhecido por estas bandas por "tailgating", seriam actividades corriqueiras cujas autoridades há muito deixaram de prestar atenção.


Circular com um veículo sem seguro ou inspecção, esperando uma eventual "compreensão" das autoridades no caso de ser apanhado,transformou-se numa espécie de anedota inacreditável, num país onde agora em dois segundos um sistema incorporado nas viaturas e nas ruas chamado Automatic Number Plate Recognition, informa imediatamente acerca da legalidade do veículo. Nem sequer é preciso mandar parar! Será uma questão de dias para que apareça na casa do prevaricador uma multazita automática, ou em caso de falta de seguro ou Imposto de circulação( Road Tax, ou Vehicle Excise Duty),uma grua para levar o carro para destruir!


Resumindo, em português correcto, "não há pão para malucos". A informatização total da base de dados da DVLA,articulada com as companhias de seguros, e fiscalizada por patrulhas visíveis e dotadas de meios técnicos topo de gama, que incluem tecnologia de ponta e helicópteros, não permite a artistas porem o pé em ramo verde.
Claro que estamos aqui a falar de investimento público e sobretudo de vontade política.
O financiamento disto tudo, vem em parte do imposto autárquico mensal ( Council Tax) que todas as habitações pagam. Uma parte é para a Polícia. Não se pode pedir mais aos nossos agentes, se não lhes dermos condições para trabalhar. Por isso, em vez de Fiat Tempra ferrugentos,e Subarus acidentados em perseguições na Vasco da Gama , o Reino Unido tem helicópteros com câmaras nocturnas e Lamborghinis nas estradas. Volvos topo de gama e BMW na pior das hipóteses. A questão não é " se" formos apanhados. A questão é " quando" seremos apanhados.


Um veículo automóvel, não é um electrodoméstico. A desculpa de que " precisamos dele", não pode ser válida para fazer tábua rasa da legalidade e da segurança. Eu também precisava de um Learjet para me levar de vez em quando daqui para a Portela ou para Tires, mas não é por causa disso que vou ao East Midlands Airport e pedir emprestado um. Não deve ser muito diferente de um Piper Cub. Se o meu comportamento ao volante, não fôr o correcto, ou não estiverem preenchidos os requisitos legais para circular, paciência, mas vou ter de ir de autocarro. Não há desculpa para facilitar ao volante. E assim é que é bonito.
É por causa deste modo de pensar, que se calhar não existe a carnificina nas estradas britânicas que estamos habituados em Portugal. Não existem "operações Pascoa", nem " Operações Natal" . Existe uma "operação" permanente, que obriga as pessoas a pensarem constantemente acerca de circular com um automóvel como deve de ser. Ir para um Pub " para os copos", implica compulsivamente alugar um taxi! E as pessoas habituaram-se a isso.

A polícia, ( The Police, como na banda de Sting), aposta fortemente na prevenção e em mostrar ás pessoas que nem sequer vale a pena meter o pé em ramo verde. Em vez do bloco de multas e da continência, mistura-se com os street racers para os tentar perceber. Em vez dos carros "descaracterizados", mete radares fixos de cem em cem metros. Que todos podemos julgar da eficácia, pois transformou o "talho" que era a "pista" da Segunda circular, num cortejo de carros de bois.
A questão da mortalidade nas estradas, não se resolve com operações com um milhão de agentes no Natal,( que se referem sempre a nós como "senhores automobilístas") nem a obrigar as pessoas a irem comprar um colete reflector.


Fala-se na mentalidade que tem de mudar, mas para isso, se calhar convinha começar a bater onde dói mais, Na carteira. Porque aposto que se amachucassem numa prensa um Civic ou um Saxo de um desses imberbes criminosos das zonas industriais, se calhar no dia seguinte os outros iam-se dedicar à pesca. Isto é só uma idéia. Bastava copiar. nem que fosse só em véspera de eleições...