Cem anos depois... A emoção intacta! Um Bleriot XI sobre Dover.
Imaginem há exactamente 100 anos atrás, no dia 25 de Julho de 1909, meterem-se dentro de um aparelho basicamente construído com um caixote de fruta e umas canas, sobre umas rodas de bicicleta,propulsionado por algo pouco mais potente do que um motor de motorizada, e lançarem-se sobre 43 Km de Mar...Pelo ar. Numa altura, que a palavra "Avião" e "Aviação", eram do domínio da ficção científica e mesmo do obscurantismo.
Na altura, em que compreensivelmente os media não possuiam o alcance e a rapidez imediata de hoje, o feito dos irmãos Wright era ainda desconhecido da maioria das pessoas, mas não do Daily Mail, que oferecia a quantia de 1000 Libras para o primeiro piloto que ousasse ligar por via aérea a ilha de sua Magestade e o Continente.
Louis Bleriot em 1909 com o seu modelo XINa altura, em que compreensivelmente os media não possuiam o alcance e a rapidez imediata de hoje, o feito dos irmãos Wright era ainda desconhecido da maioria das pessoas, mas não do Daily Mail, que oferecia a quantia de 1000 Libras para o primeiro piloto que ousasse ligar por via aérea a ilha de sua Magestade e o Continente.
Exactamente há cem anos,um francês de bigode farfalhudo conseguiu isso mesmo, assegurando o seu lugar na História . A Aviação, tida como uma mera curiosidade e como algo com pouca utilidade prática, passou a ser encarada com outros olhos. Em menos de quarenta anos, o Homem voaria em jactos e preparar-se-ia em breve para conquistar o Espaço. O papel da Aviação na Guerra, na Sociedade e no desenvolvimento da Tecnologia e do conhecimento Humano foi primordial e o Mundo não seria o que é hoje, sem a facilidade de nos deslocarmos entre Continentes como quem vai ao café de motorizada.
Assim sendo, eis que neste fim de semana, decorre em Dover, no campo de aviação de Sywell a recriação do vôo histórico de Bleriot, inserido nas comemorações do centenário . Ontem, o piloto Edmund Salis partiu de França cerca das nove da manhã, num aparelho idêntico ao de Bleriot, fabricado em 1934, e aterrou em Sywell 40 minutos depois, seguido de uma guarda de honra de aviões ultraleves, os descendentes actuais do pequeno e leve avião de Bleriot. Ainda não refeitos da emoção de estar a tomar parte em tão solene comemoração, um feito em sí, eis que aparecem os Red Arrows em formação a baixa altitude, a prestar também a sua homenagem, seguidos da esquadrilha acrobática homóloga francesa Patrouille de France. O espaço aéreo esteve então fechado, para permitir a invasão de ultra-leves de toda a França e de outros países da Europa, que se quiseram associar ao evento, replicando o vôo de Bleriot.
O "obrigado" dos Red Arrows " a Bleriot
Voar é um desafio. Não se voa porque é facil ou seguro. Voa-se para descobrir fronteiras. Voa-se para saber onde estão os nosso limítes. Voa-se para atribuir uma nova dimensão ao movimento do nosso corpo. Para ver a vista lá de cima. Para ver em como o nosso Mundo, que tantas vezes julgamos debaixo de controlo, é imenso e ao mesmo tempo frágil. A nossa cidade cabe então na palma da nossa mão. Somos só nós, a máquina e o Céu. Numa orgia de sensações, emoções, procedimentos e reflexos incondicionados que só a Aviação pode proporcionar. O momento em que um avião deixa de tremer na pista, e se eleva nos céus numa quietude imensa, é um dos momentos mais belos que podemos experimentar a bordo de um avião.
Após este centenário, ficámos a compreender melhor Bleriot, e o que sentiu naquela manhã nublada e cinzenta . E o levou a expandir as barreiras do sonho dos Homens. Merci, monsieur Bleriot. Au revoir...
A impressionante fragilidade de um Bleriot XI de 1934...