Friday 24 October 2008

FICAR SEM GASÓLEO!


Este é um dos maiores fantasmas do automobilista: Ficar sem combustível."Dá à vontade!"-Dizemos sempre, esperançados que entretanto apareça uma área de serviço. Mas não aparece. E pior ainda, no meio de uma auto-estrada, em vez de um sinal a dizer " área de serviço", eis que nos aparece um engarrafamento.O ponteiro, aponta descaradamente para o risco encarnado, e a luz avisadora amarela já está acesa vai para uma hora. Só existe uma solução: Sair da Auto-estrada, e procurar uma bomba. Ou então, vivendo nós no séc.XXI, recorrer ao Satnav, para nos indicar uma bomba.


Uma vez digitada a vontade de achar uma bomba, a pequena máquina maravilha desenha imediatamente um percurso, que nos promete uma bomba cheia de luzes, e uma loja onde podemos comprar uma sandocha empurrada goela abaixo por uma Coke.Três milhas! Porreiro! Não tarda nada estarei a saciar a sede ao meu fiel cavalo, e a voltar novamente á auto -estrada.Três milhas. Dá perfeitamente. Até me posso dar ao luxo de acelerar á vontade, porque mesmo que acabasse, estaria mesmo a chegar à bomba.


Err. Não exactamente...


É que estão a ver, eu estou em Birmingham, a um Domingo à noite, regressado do Sul de Inglaterra,onde estive a experimentar mais um magnífico desportivo para uma revista e só queria chegar a casa. Saí da M6 por causa de um engarrafamento, e embrenhei-me num bairro social pejado de prédios e parca iluminação. Mas não importava. Dentro de seiscentas " yards", o posto de gasolina iria aparecer.


Mas não... Apenas bicicletas tripuladas por putos de capuz, e mais bicicletas tripuladas por putos de capuz. Provavelmente com facalhões, ou pistolas. Até que a Catarina ( A minha companheira virtual das noites ao volante no SatNav) me informa com uma voz sensual e rouca, que " cheguei ao meu destino".Olho para o lado, e apenas um descampado, com mais putos de capuz montados em bicicletas, que me fitam desafiadoramente. Olhando por entre o lusco-fusco, consigo compreender que " o descampado", deveria ter sido outrora uma bomba, pois tem marcas no pavimento .Não muito interessado em andar a atropelar putos de bicicleta com um capuz,pois não seria muito económico ter que substituir as molas da suspensão, arrancar bocados de bicicleta do "Charriot" do motor,enquanto lavava á pressão restos de casacos com capuz da correia do alternador, decido continuar em frente. A "Catarina" insiste estupidamente em me dizer " volte atrás , assim que fôr possivel".-Voltar atrás? Estás parva ou quê? Cala-te,pá!...


Um sacudir estranho, acompanhado por umas luzes a acender no tablier, indicavam que a minha sorte tinha acabado. Contudo, graças a oito anos a trabalhar na estrada a desenrascar,precisamente nabos como eu que se esquecem de colocar gaslina suficiente,consegui fazer um "shunt" no relais da bomba, , que me permitiu utilizar o último meio-decilitro de combustível, que fica contido num copo dentro do depósito, para não desferrar.


Assim , e depois de retirar o terminal da bateria para,á semelhança de um computador fazer um "reset" do motor, o carro voltou de novo á vida.Na entrada seguinte da M6, eis que o clarão da bomba inunda a estrada, e pude sentir o que Colombo sentiu quando viu terra pela primeira vez após semanas de desconhecido no Mar. Para ajudar ainda mais, a entrada na bomba teria de ser feita contornando a rotunda. O meu caça entrou na bomba já sem vida, apenas com todas as luzes acesas no painel de instrumentos, a mandar-me dar uma curva. " desaparece"! -Dir-me-ia ele se pudesse falar...


Após atestar o carro, e pagar num quiosque reforçado com rede metálica, rodeado de malandragem que esperava não se sabe bem o quê, ao volante de Escorts e Cavaliers velhos com ponteiras especiais, dei-me por contente por finalmente poder deixar aquele local onde tive de fazer uma aterragem forçada.


O "imprevisto"...Algo com que nunca contamos...Mas está lá sempre.

7 comments:

Sergio said...

Aconteceu-me mais ou menos o mesmo mas eu fiquei mesmo parado e foi numa zona tranquila...mesmo na Cova da Moura :) mas correu tudo bem.

E que carro era esse que foste testar? Não era esse Ferrari de certeza :)

MS said...

Sim, por acaso foi este.
Não me atrevi a tirar a Nikon da mala em Birmingham, senão ia para casa a pé...

Diogo MM said...

Li o seu artigo sobre o "Veyron", a semana passada. Uau!

Aqui o meu amigo nunca poderia tripular um Veyron!

Cumprimentos.

Anonymous said...

De facto, os imprevistos acontecem, a questão está em estar preparado, ou não, para os receber... ;)

"consegui fazer um "shunt" no relais da bomba, que me permitiu utilizar o último meio-decilitro de combustível,..."

Nem vou perguntar como é que se faz isso?! :)

Miguel Brito said...

Também na "grande Lisboa" acontece existir um percurso de mais de 40km sem uma única bomba de gasolina: passa-se a portagem ao fim da A1, vira-se à subida do túnel do grilo, faz-se o eixo norte-sul para baixo, desvia-se na radial de benfica e entra-se na IC-19 (onde depois se vê a bomba da BP do Cacém no lado oposto...) e apenas no fim do IC-19 aparece a BP do Ramalhão. Mais de 40 km's através de Lisboa, em vias principais, sem um único posto de abastecimento...
Neste longo percurso, a solução mais central é desviar para a Damaia, abastecendo junto à Cova da Moura...

cris said...

Bem isso é que foi um susto!!
Lembrei-me de duas viagens que fiz com o meu irmão e uns amigos, em que em Espanha quase nos faltou o combustivel em plena auto-estrada...
E em França tambem aconteceu o mesmo, numa zona muito deserta.
Eu pelo menos estava gelada de medo! É que não se via ninguém!!!
Por sorte, lá apareceu pessoal que vinha de um casório, e conseguimos ligar a bomba; porque é daquelas que tem código, tipo intermarche.
Cristina Nunes

carvalhoalves said...

Tá demais esta Mike...é mesmo tua!!!!ehehehhe