Saturday 6 September 2008

As aventuras no país das melgas e das ultrapassagens


Ultrapassagens...se tivesse de escolher um traço cultural marcante do povo português do séc.XXI,seria sem dúvida a dificuldade que os nosso compatriotas têm em permanecer detrás de outro veículo.
Por Mike Silva, enviado especial do Sala das máquinas a Portugal.

É como se o veículo que nos antecede, estivesse a emitir um desses ultra-sons para os cães, que obrigassem compulsivamente as pessoas a ultrapassar. Acabo de chegar de uma viagem do centro de Portugal, onde acorri a um evento ( Bom, e fui brincar um bocado com o meu tractor Leyland...), e apesar de ter vindo sempre a esticar o limite legal da velocidade em algumas dezenas de km por hora, raramente consegui aceder à " faixa dos BM e dos Mercedes"...

De cada vez que, instigado pelo tal " ultra-som" do carro da frente, eu decidia utilizar a "pista" da faixa da esquerda, logo uns dispendiosos faróis de xénon ofuscavam todo o interior do meu carro, emitindo um feixe de holofote a cerca de dois quilómetros de distância.

Rapidamente, o "caça" pilotado por um gordo endinheirado ou traficante de droga, cruzava-me com um olhar ameaçador dirigido a mim, por ter ousado pisar a pista de descolagem reservada a automóveis caríssimos.

Nas vilas e estradas secundárias, o caso piora; Despojados de um "corredor aéreo" , os burgessos de pila pequenininha de meia idade, que tentam colmatar a pouca performance sexual comprando carros potentes, comportam-se como se tivessem acabado de assinar um termo de responsabilidade , em que não se importam de matar toda a família, eles incluidos, por uma mera oportunidade de ultrapassarem o carro da frente.

Por isso, a todo o momento, seja numa lomba ou numa movimentada artéria de Freixo-de-Espada-a-Cinta, é de esperar um motor a esgotar a rotação mesmo ao nosso lado a todo o momento. Tudo bem, se fôr um burgessomobil ( BM ), mas mesmo os Citroen AX insistem em não permanecer ordeiramente atrás do carro da frente. É algo cultural. É como se ,optando por não ultrapassar , a sua opção sexual ficasse dúbia ou comprometida. Mesmo que o carro da frente circule a 160 dentro de Á-dos-Cunhados, ultrapassar é a única opção. ( O que se torna interessante, quando o "Ás" pilota um potente Fiat Panda, e em sentido contrário, a descer, vem uma SCANIA de tromba comprida, com um crâneo de vaca a decorar a grelha...)

Uma vez a salvo,no único sítio da via pública onde não é possível ultrapassar, ou seja, o estacionamento em espinha junto ao café do ti Ermelindo, preparo-me agora para outra luta sem quartel. O melguedo, esse agrupamento de insectos sem propósito , espera-me para mais uma noite de combate de almofadas e sapatadas impressas na parede.

Ora bolas! As abelhas fazem mel, as vespas inspiram engenheiros italianos para fazer motorizadas,as aranhas comem os anteriores, as moscas controlam as pragas de gafanhotos ( Esta não sabiam, pois não?), mas as melgas? Apenas contibuem para os cientistas do MAFU e do RAID darem de comer à família.

Despeço-me por hoje, sabendo que vou passar mais uma noite em claro, respirando o que restou da embalagem de MAFU, e espezinhando violentamente o que resta das melgas que caem em vôo picado após terem sido atingidas por um "caça" CAMPORT 42 , ou umas sandálias Zara...

Inglaterra? Para a semana...Já estou farto de noticias de assaltos...

3 comments:

nuno said...

E quando começamos a atravessar a rua NA PASSADEIRA e o filhinho do sr. engenheiro, que se encontra a uns bons 100 metros, ao volante do seu mais recente brinquedo, acelera a fundo só para nos raspar os calcanhares e mostrar que a estrada é dele?

Anonymous said...

Os "tugas" no seu melhor...
Palavra de ordem?
Ultrapassar!
Uau!!!

mariam [Maria Martins] said...

Olá!
pois é... há de facto muita falta de respeito... falta de segurança...falta de bom-senso... nas nossas estradas, por parte dos condutores, mas os peões também não colaboram às vezes...
parece que estatisticamente as coisas melhoraram... menos acidentes... com menos mortos...e mais multas! enfim...
mas, deixe que lhe diga que nas minhas (não muitas) incursões a outros países, também tenho visto bastantes disparates!
agora mesmo à duas semanas, em madrid, ia de autocarro até á estação de metro que me levaria ao aeroporto, o trânsito caótico, o autocarro não andava, pois a faixa de "bus" estava pejada de carros... perguntei ao motoristas o porquê, ao que ele respondeu... "sabe, aqui em Madrid na faixa do bus o autobus é o último! "... resultado, pedi para parar ali mesmo e apanhei ali mesmo também um taxi, e o que faria por € 2,00, fiz por € 24,00... rsrsrs

cheguei das abençoadas férias, voltarei aqui de novo para ler os outros posts...

boa semana
um sorriso :)

mariam