Saturday 6 June 2009

A visita do Presidente!

Difícil de resistir: O apelo clássico das máquinas de antigamente...





No início do Séc.XX, as auto-estradas eram apenas uma longínqua ficção científica: O transporte pesado de mercadorias, em vez de ser feito por camiões de três eixos guiados por pessoal que descansa de duas em duas horas nas áreas de serviço a comer sandes embaladas em triângulos de plástico caríssimos, era feito em barcaças ( Narrowboats) por via fluvial, em canais construídos para o efeito desde o séc.XVI. Os canais fluviais britânicos do British Waterways, percorrem ainda hoje todo o território do Reino Unido e recorrem a soluções de engenharia centenárias absolutamente notáveis para a época, como viadutos de grande altitude onde as barcaças passam por cima, e elevadores hidráulicos capazes de ser operados por um só homem. Hoje apenas com meia-dúzia de sacas para "propulsão", era há cem anos cheio até mais não poder com sacas de carvão. Os "camiões cisterna de combustível" do tempo da Revolução Industrial.





Inicialmente puxados por cavalos nas margens, recorrendo à fórmula de que uma força de dois quilos consegue puxar duas toneladas na água, estas barcaças foram depois motorizadas com a força do vapor, e mais tarde com um tipo primitivo de motor Diesel.
Esta barcaça ( Narrowboat) que aqui vos trazemos hoje, baptizada de "President" em 1909, foi construída em Birmingham e há exactamente 100 anos que percorre a rede de canais britânica, transportando o outrora "petróleo" de grande valor, que eram as sacas de carvão. Podia ser carregada, até bater no fundo do canal! Depois, era só retirar algum peso até recuperar a flutuabilidade. Uma viagem de Birmingham a Londres, a metrópole mundial da revolução industrial, levava "apenas" 52 horas! Um feito de engenharia notável.

O "President" em todo o seu esplendor. Basicamente, um antepassado dos petroleiros...




"Sala das Máquinas", esteve na sala das máquinas, aos comandos do" potente "motor a vapor de 50 cavalos, capaz de deslocar a tonelagem bruta de 78000 quilos! Hoje em dia, para transportar esta carga pelo país, seriam necessários dois camiões articulados. Imaginem no Séc XIX puxar dois camiões da TIR carregados ,com um Fiat Panda!





Mike Silva, levou a " Sala das Máquinas" à sala das máquinas...Aqui , a experimentar a " marcha-atrás", invertendo a rotação da cambota.




A comunicação com o homem do leme, fazia-se por intermédio de um megafone de latão, também preservado e ainda em uso! Existe uma alavanca para "travar" a barcaça, que consiste em parar a cambota, e fazer o motor trabalhar ao contrário! Imaginemos as histórias e peripécias deste modo de vida de há cem anos atrás,debaixo de chuva, noite , frio e vento, e que chegou aos nossos dias pela mão destes entusiastas que apreciam máquinas e fazem a sua parte para preservar estes importantes testemunhos da História Industrial Mundial.
Descer o nível: Para vencer os desníveis do terreno por toda a Inglaterra, existem elevadores hidráulicos chamados "locks", que são operados pelos viajantes. São basicamente duas comportas que se fecham com o auxílio de uma manivela. Este "Lock" da imagem foi feito em 1840!

1 comment:

OUTONO said...

Magnífico!

Com vontade de partir...e ir ver!

Um abraço.