Monday 29 June 2009

Encontro Land Rover: Devolver o conceito a quem de direito





Land Rover costumava ser sobre "jipes". Para mim, quando oiço a palavra " Land Rover" penso imediatamente em GNRs com farda de "pêlo de rato", a chegarem lá embaixo na rua de terra batida, á nossa procura porque andávamos a gamar nêsperas. São os Land Rover e as Sachs: Ouvi-los, era constatar que estávamos em apuros.

A coisa não mudou com o passar do tempo. Estar em apuros, passou então para o lado do comprador, que contava agora com um requintado conforto interior, útil para esperar pelo reboque da assistência em viagem. Talvez por isso, Land Rover passou então a ser comprado apenas por mamâs para levarem os filhos à escola, e pouco mais. Todo-o-terreno, passou a designar-se o acto de estacionar num terreno de terra batida junto à escola privada.
Um arado. A faceta sócio-económica do Land Rover esquecida...


Com o passar dos anos, As pessoas começaram a não relacionar Land Rover com "Todo-o Terreno". Uma geração inteira, já conhece a marca como o "carro grande da mamã com que ela me ia buscar à escola", ou como uma caixa grosseira caríssima que se assemelha como uma furgonette. ( Discovery 3).

Assim, a marca pensou que o seu cliente-tipo estava a mudar, e decidiu começar a produzir uma espécie de Renaults 4 caríssimos com pneus grandes. Podia continuar a chamar-lhes Land Rover Freelander, que as mamãs na escola e os papás no escritório nunca se iam aperceber da diferença.

O "Lightweight". Desenhado para ser helitransportado por um Westland Wessex.


Ninguém no seu perfeito juizo, iria para o Tombuktu ou para a Líbia num Discovery 3 ou num Range Rover Sport. Ninguém sairia de Lisboa num Freelander. Partindo do princípio que não eram sequestrados ou que ficassem a pé, não me parecia praticável " procurar o próximo concessionário" no meio do deserto por causa de uma avaria electrónica. Aliás, experimentem ficar avariados na Lagoa de Albufeira!

Sabendo disso, a Land Rover deu a volta ao texto, e continua a fabricar ainda modelos com motores obsoletos e simples, para vender em mercados " em desenvolvimento" fora da Europa. O que significa que estes mercados uma vez " desenvolvidos", já poderao ser impingidos com estas tralhas falsificadas de computadores com rodas de tracção às quatro que as mamãs já não querem.

Apesar do panorama medonho, mesmo com o passar dos anos o entusiasta Land Rover, continua a acreditar que este deve ser lavado por dentro com uma mangueira, e que a hierarquia se mede em riscos de arbusto e lama na carroçaria ,e a marca continua a congregar adeptos indeflectíveis da marca, como aqui o vosso amigo que visitou este encontro próximo de Manchester.


English to the bone: E mal pintado ainda por cima. Perfeito!


É agradável voltar de novo a ouvir frases com "Land Rover" e " Caminhos de pedras", " Lamaçal" ," Guincho" e "perda de tracção", em vez de " Escola" "miúdos" , " Jogos de golfe" e "colegas do escritório". Apesar de um ou outro Land Rover " a fingir ( Freelander) misturados entre o artigo genuíno, a tarde foi um regressar ao conceito que aproxima o Land Rover da "land" ou seja , da terra. Porque da última vez que olhámos para o símbolo, não vimos lá escrito "School Rover", ou " Very-expensive-van-that-resembles-vaguely-like-an-SUV-to-show-the neighbours-Rover."

Comprem antes jipes a fingir para levar os putos à escola. X5 ,Qascais, XC 90 e companhia limitada.Deixem os Land Rover da mão . A História do Automóvel agradece...
































10 comments:

OUTONO said...

Caso para dizer...que quando for "rico" terei um Land Rover.

Estou a brincar...logicamente. Mas nunca me sairá da cabeça...os maus tratos suportados, por um velhinho Land Rover de 1979...que aguentou mais de 900Kms...sem se mexer no motor. Insisto...muito mal tratado!

Coisas da engenharia de outros tempos.

Anonymous said...

Excelente!!!

E viva o Defender!!! ;)

Miguel Brito said...

Presumo que a gralha "Qascais" seja intencional, misturando o conceito "QASHQAI" com "Cascais", revelando assim o mercado destinatário...

MS said...

De certeza,Outono,que nao haviam luzinhas electronicas nem o travao de mao era electrico,precisando do concessionario * ( E respectiva factura com quatro digitos) semanalmente.

"Qascais" e propositado...Aposto que ate fazem engarrafamento a saida do colegio de Carcavelos...

Marcus Lauria said...

Valeu aê, vou te adicionar em meus blogs favoritos.

José Manuel Chorão said...

Totalmente de acordo. É que é mesmo um enjoo ver as mamãs à porta dos colégios privados armadas em grandes aventureiras da treta só porque estão montadas em Range Rover ou nessa aberração que é o Qascais.
Agora as críticas ao Discovery é que são exageradas. É um carro muito fiável, espaçoso e confortável, adequado para aventuras fora de estrada em qualquer lado do mundo. A estética não é grande coisa, de facto, uma espécie de mistura entre uma 'fragoneta' e uma caixa de cartão, mas não se pode ter tudo, não é ?

mariam [Maria Martins] said...

Mike,

Land Rover, a viatura do meu imaginário infantil... sempre os houve lá por casa... não eram nossos, tinham uma chapinha branca dizendo 'Estado', meu pai era funcionário do Min da Agricultura e sempre andou com eles por montes e vales... dizia que eram 'rijos e valentes' como um touro rsrs

Gostei muito deste post :)

deixo outra uma mão-cheia de cerejas (estão quase a acabar...) e o meu sorriso :)
mariam

MS said...

Obrigado Mariam,pela sua boa disposição. E pelas cerejas.

MS said...

Dou-lhe o benefício da dúvida, amigo José Manuel.
O problema é ir buscar uma destas "caixas" á revisão, e ter uma factura à espera de quatro dígitos...( Será um Rolls Royce disfarçado?)

...Ou precisar de um sensor de massa de ar no meio de Marrocos.

De resto, são porreiros...

Um abraço.

Radical Riders said...

Caro Mike, não podia estar mais de acordo. No entanto no panorama actual acho que o Disco continua a ser do melhor que se faz em SUV domesticados.
O Defender é e sempre foi o "Jipe" europeu pese embora o facto da fiabilidade não se comparar com a de um Land Cruiser, mas isso também é verdade na produção automóvel generalista.
Grand Blog o teu (perdoa-me a proximidade mas comungo de tal forma com os teus sentimentos que te acho um conhecido de longa data).
Não, não tenho um Defender. Infelizmente vou-me contentando com um híbrido SUZUKI/PEUGEOT Vitara cuja electrónica se resume ao maldito imobilizador.
Um abraço