Thursday, 26 June 2008

Caterhams na neve!




Muitos Caterhams vieram por estrada , desde vários pontos das Midlands, até Curborough.

Pilotar um Caterham debaixo de neve? Com o clube da marca em Inglaterra? Com malta acessível e franca? Numa pista particular ? Á borla?
"Oh my God!"


Texto e fotos:Mike Silva


"Primeiro fazem-se patinar as rodas, antes que o comissário dê a partida. Isso aquece os pneus", dizia Simon Rogers do Lotus Seven Club durante o Briefing para os "pilotos" maçaricos que iriam pela primeira vez fazer uma prova de sprint . Com uma tenda enorme e um gerador a fazer trabalhar um ecran de plasma gigante, este bem organizado clube fazia esquecer os oleados laterais que abanavam violentamente com o vento frio e gélido.



O bem apetrechado clube da marca, gerido com rigor militar, não deixa faltar nada a uma sessão de "briefing" para os pilotos ...



Durante um exame obrigatório a pé ao circúito de Corborough, onde nos era indicado rigorosamente onde colocar " a roda", em cada curva, e nos era mostrado os pontos perigosos e os possíveis locais de despiste, bem como precauções a ter em cada momento, aprendi mais sobre desporto motorizado e condução desportiva do que toda a minha vida. Mal podia esperar por ir buscar o "bicho".


Carro de ricos? Só se fôr em países de terceiro mundo. Aqui, o Caterham é uma "moto" ou um segundo carro...



Para meter "nervos", Simon levou-me primeiro numa "demonstração", com o seu super Seven com 230 cavalos. É como se fosse um míssil atado a um balde do lixo! Quando ele me apertou vigorosamente os cintos de quatro apoios, e verificou se eu tinha o capacete bem preso, sabia que mais uma vez me tinha metido em trabalhos.



Isto de andar a chicotear 200 e tal cavalos num espaço restrito, faz com que por vezes os HP amuem...Mas dez minutos depois, já a "trovoada" estava de novo em pista...


Como se tivesse sido pontapeado pelo Godzilla, o pequeno Caterham empurrou-me violentamente as costas enquanto urrava como se tivesse sido atacado com uma bola de ferro com picos. Em menos de nada, a primeira curva deste circúito local particular apareceu a um ritmo acelerado demais para o meu cérebro conseguir digerir, e mal dei por mim tinha o maxilar no pára-lamas, e caminhava a alta velocidade para a "Chicane ". Com um ensurdecedor barulho de destruição da caixa sequencial, e um zunir esbaforido dos carretos "direitos" , o Super Seven colou-se ao "zig zag", como se estivesse sobre carris. E o meu maxilar algures entre o guarda-lamas e o Tablier de fibra de carbono.



Vai lá tirar mais umas fichas, porque eu quero andar mais! ...

"Nem em cem anos eu consigo fazer isto", pensei com os meus botões". A curva em gancho feita por fora " a dar gás", enquanto os pneus chiavam no limite, fazendo o carro deslocar-se de lado como se tivesse umas rodas de cadeira de escritório, apenas antecederam um agredir violento do acelerador para a única recta do percurso. Novamente uma curva, e a sensação de ter o cérebro em cima do capot. O gritar dos carretos e aquele trombone de escape mesmo junto ao meu cotovelo drogavam-me como um elefante atingido por um sonífero no Botswana, e pecaminosamente apenas desejei que tudo aquilo terminasse rapidamente.


O modelo novínho em folha, já com o motor Ford Sigma, de 2008, para comemorar os 50 anos da marca. Mas ainda estava na rodagem...


A paisagem de repente desfilou perante mim num rodopio silencioso. Não foi propriamente a paisagem que rodopiou, mas Simon, que me garantiu ainda não se ter despistado esta época, mas que apenas tinha acontecido porque estava empenhado em me atormentar. Um pouco como quando voei com os "Rotores de Portugal", a esquadrilha acrobática de Allouette III. Tentaram fazer -me vomitar para ver se eu pagava uma "grade"...
O final da "demonstração", serviu para subir a fasquia acerca das minhas expectativas sobre como "apertar" com um Caterham. Um Caterham é como uma sopa da Pedra: Pode se ir acrescentando, até atingir o resultado desejado.


Cinco segundos depois,já a máquina fotográfica estava no bolso, e eu lá ao fundo! Foi mesmo disto que o Doutor me receitou!


O meu, é como uma embalagem pré-congelada comprada no Hiper. O Caterham de Simon , é como um bom restaurante de Almeirim. "Caterham,nevertheless...", conforta-me Simon.
O movimento à volta dos Caterham em Inglaterra, é saudável e amigável. Habituados que estamos a ver estes extraordinários bólides serem conotados com classes mais abastadas que frequentam os encontros de cachimbo e livro de cheques, é uma agradável surpresa encontrar pessoas "como a gente" na posse destes bólides. Um mero imigrante que outrora tinha de empurrar um Renault 4 para ir trabalhar, pode sem esforço adquirir um destes carros como se de uma vulgar CBR se tratasse.


Um exemplo! Estes habitantes locais que "gostam destas coisas" acharam que a pista local deveria ter meios de apoio...Vai daí, construiram uma ambulância e um pronto-socorro! Tudo artesanal! Well done,folks!

Nesta cena, tanto se observam proprietários a rebocar atrelados dispendiosos com carrinhas M5, como outros a virem por estrada com o mapa no banco do pendura, cheios de lama atirada pelos camiões. A ouvir GNR no MP3, porque auto-rádio seria uma heresia. Todos convivem sem "peneiras" uns com os outros, e trocam dados de telemetria para conseguirem melhores resultados na próxima volta.


O controverso motor Série K, bastante "envenenado"...



Entretanto, começou a nevar! Sim, a nevar. Nada que perturbasse a "equipa" da Topos & Clássicos, que permanecia inamovível na fila para o arranque. Este percurso de "sprint" apenas permite um utilizador na pista, como se fosse uma rampa. Porreiro! A primeira vez que vou experimentar um Caterham numa pista, estão três graus negativos e neve sob um vento tão forte que "cai" na horizontal...

O vento era tão forte, que a neve "caía" na horizontal! Ah, e estavam 3 graus negativos...


Eu sou maçarico, por isso o acelerador estava volta, não volta cá em cima, pois o piso estava " verde" na gíria da competição, o que significa escorregadio. "Apenas" fiz mais quinze segundos que Simon, o que em termos desportivos equivale a fazer uma corrida para ver quem chega primeiro a Benfica, partindo eu do Colombo e Simon de Sacavém, e ele chegar primeiro ao Fonte Nova do que eu!


Ter começado a nevar, só ajudou o espetáculo!


Pretendo voltar a esta pista, agora que já sou " experiente" e testar outro tipo de veículos. Mais uma vez, não consigo de parar de me surpreender com a forma simples e recompensadora com que os ingleses vivem o automobilísmo. Como se fôsse uma segunda pele. Como se fôsse respirar.





Eis como transportar os "cavalos" para eles não se constiparem...

Mesmo esta pista, aberta ao público gratuitamente , embora sob marcação, como se fosse o campo da bola do bairro , onde se tem de ir buscar a chave à junta de freguesia, é um monumental golpe na mentalidade de que isto do desporto automóvel é só para os felizardos com um familiar importante, ou uma carteira recheada.
Não é. Pelo menos por estes lados...

Monday, 23 June 2008

Muscle cars em Hanley







Ai se a " Gestapo dos parafusos" visse isto! Iam já dizer que estava "todo estragado"...Ainda não viram foi o motor!...




Apesar do vento forte e do céu nublado, ou não estivéssemos em Inglaterra, o centro da cidade de Hanley encheu-se de sonoros V8 e de suspensões rebaixadas. Eis algumas fotos de ontem ( Domingo) onde o ambiente transpirava potência e cavalagem.
Hanley fica situada á saída da M6, um pouco abaixo de Manchester. É a cidade capital das Potteries, património da humanidade para a indústria da louça inglesa, e fortemente bombardeada na segunda guerra mundial. É a cidade onde se fala o dialecto "Potteries" e de onde provém o famoso "Oatcake" , fabricado artesanalmente na cidade.
Eyup? How at? I know arfur tow crate!...Guin up Hanley duc!

O capôt? Sei lá do capôt! Se calhar, saltou nalguma perseguição...


Alguns Mercedes estiveram em alta neste encontro...


E outros em baixa! Bem vindos ao mundo das suspensões pneumáticas!
V8,Para-quedas,cromados e pneus da largura de uma manilha de esgoto! Optimo. Foi mesmo isto que o médico me receitou...

Mike Silva à conversa com o piloto de Dragsters australiano Troy Thunder. " Can you hear,can you hear the thunder? You better run, you better take cover" ( Men at work) . O Bólide, é propulsionado por um motor de FJ 1200...Turbo!

Last but not least...O que fazer com um Porsche acidentado e uma pão-de-forma em fase de restauro? A resposta detalhada numa próxima edição da "Topos & Clássicos, e aqui no "sala das máquinas"...

Wednesday, 18 June 2008

Veste as calças...ESTÁS PRESO!



(Re-)veja o tema de abertura da popular série em
http://www.youtube.com/watch?v=UmUOee7fRRQ



Todos nós que nos anos oitenta acompanhámos os episódios de "Sweeney", desejámos ter um dia um Ford Granada. Mas de repente, assistimos a uma quantidade deles a irem "para o lixo".Não pode ser. Eis a história do carro utilizado pela brigada de crimes violentos e de assalto á mão armada...



Por Mike Silva

A série policial Sweeney, produzida pela Thames Television em 1978, retratava o dia-a-dia de uma brigada especializada em assaltos á mão armada e crime violento. Designada pelo calão de rua "Sweeney", pela semelhança do nome da brigada "Flying Squad", com "Sweeney Todd", uma figura da literatura inglesa do sec.XIX, que era um barbeiro serial killer.
Uma das linhas mais conhecidas da série, era quando os agentes Regan e Carter entravam de rompante em casa da malandragem e os surpreendiam na cama. " Veste as calças! Estás preso!"- ordenava Regan ao mesmo tempo que atirava as ditas para cima do meliante.




O Ford Granada, sempre foi considerado um monstro imóvel apodrecido por muitos de nós. Eu incluído. Para que raio quereria eu um Ford Granada , com aquele motor que parece que vai chupar os guarda-lamas de tanta fome. Todos os Ford Granada que se atravessavam no meu caminho, ou estavam a servir de estufa para gatos e ervas daninhas, ou estavam em cima do reboque da Câmara.
Entretanto, vim para Inglaterra onde o culto do Ford Granada atinge dimensões inimagináveis. E justifica-se.
O Ford Granada veio substituir o Zephir e o Zodiac, tendo sido começado a fabricar em Dezembro de 1971. Este modelo foi fabricado simultâneamente em Cologne na Alemanha, e em Dagenham, Wessex,Inglaterra. Dispunha de um motor 2.5 e de de um 3.0 V6. Desde 1973 que estes carros puderam contar com direcção assistida.
Estes carros, topo de gama da Ford , ofereciam performances espantosas para a época, e podiamos hipotéticamente percorrer a extensa auto-estrada até Aveiras de cima, sempre que os buracos permitissem, entre 150 e 180 Km/h.
Em 1974, a Ford tornou este modelo no primeiro Ford a ser "vestido" pelo "costureiro" Ghia de Turim, que fez a versão Ghia Coupe. Estecarro não teve muito sucesso porém, mas hoje é um clássico bastante cotado e procurado.

O Granada era uma versão mais requintada do Cônsul, e possuia mesmo vidros escurecidos e tecto de abrir. Os mostradores englobavam um completo leque de escolha, incluindo conta-rotações e relógio. Em 1975,surgiu um mais "económico" 2 litros, e a Ford deixou cair a designação de Cônsul,pasando a utilizar somente a de Granada, que por 1976 em plena crise petrolífera conseguia o feito de vender cerca de 850.000 exemplares .
Mais tarde, as seguintes versões do Granada incorporaram pela primeira vez o motor Diesel na marca, com um 2100 cc, e injecçao de combustível. De anopara ano a Ford aumentava os extras e a comodidade disponível, para colocar este carro entre os alvos apetecíveis das empresas e gestores. Com uma excelente relação preço qualidade, o Ford Granada oferecia mordomias que só carros muito mais dispendiosos ousavam oferecer.
Guiando um Ford Granada em Inglaterra
Devo demonstrar mais uma vez a minha profunda convicção de que um clássico ingles sai beneficiado por possuir um volante á direita. Contribui para a sua excusividade e exotismo, e para uma experiência muito mais rica e reveladora.
As vezes, fico pasmado por ouvir relatos de pessoas que adquirem clássicos ingleses e modificam-nos para terem volante do lado esquerdo! Já agora, porque não convertem os carochas para terem radiador de água, e os Boca-de -Sapo para manterem os faróis sempre a direito? Modificar um carro inglês por causa do volante, é o mesmo que pedir á Mariza que cante em Russo, se se deslocar em digressão a Vladivostok.
A direcção assistida coloca este carro imediatamente no clube dos carros práticos do dia-a-dia. O ponteiro a marcar um quarto de depósito, mostra que mantê-lo atestado é um exercício de pouca duração e deveras dispendioso. O interior avermelhado-acastanhado, coloca-nos de volta nos anos setenta, e demonstra uma certa "vassalagem " á opção de cores dos carros americanos.
Lindsay Copestake, o proprietário desta estimada carrinha que aqui apresentamos, é um aficionado da marca e membro do clube Granada de Inglaterra. Possui este carro há seis anos, tendo apenas efectuado pequenos restauros e manutenção em geral. Utiliza o carro para se deslocar regularmente a encontros por toda a Grã-Bretanha.
Arrancando como se estivesse a ser rebocado por uma locomotiva da CP, o Ford evolui sem esforço . Como se estivesse a ser largado de um penhasco. As consideráveis dimensões deste espaçoso familiar, e o modo como aborda as curvas como se estivesse sobre carris, faz-nos pensar se este carro não seria um bom companheiro de viagem. Pena o consumo, que se cifra nuns pouco saudáveis 12 Litros aos cem em cidade, não consiga combater com os excelentes Diesel que já há por aí por meia dúzia de tostões. Eu se pudesse escolher, optaria por este sofá sobre rodas como "Cruiser".
Uma vibração pouco simpática por baixo do caro, ecoa por todo o habitáculo, a baixa rotação.Mais uma desculpa para lhe "pisar o rabo".O Cortina MK III também tinha este problema. Algo a ver com a equilibragem do veio de transmissão. Mas nada que nos separe do feeling de estar aos comandos de um genuíno ícone dos anos setenta.De repente, a música de abertura da popular série que também passou em Portugal, soa nos meu pensamento, e sinto uma Smith and Weston debaixo do meu sovaco. Por momentos, parece que o elaborado tablier incorpora um rádio VHF ligado á Central da "Flying Squad". Por momentos somos os agentes " Mike and Copestake".

Com preocupações actuais de dificuldade de importação de automóveis clássicos do estrangeiro, se calhar era boa idéia olhar para estes tanques de guerra indestrutiveis com outros olhos.Quer dizer, pelo menos, aos poucos que ainda por aí deverão andar, desprezados.
A sua excelente e robusta mecânica á prova de bomba, se bem que poderá fazer juntar uns pontos nas bombas de combustível, não deixa ficar ninguém indiferente ao arrojo e á pujança deste veleiro do asfalto, capaz de frequentar encontros de clássicos em todo o país e estrangeiro, com a mesma facilidade que levamos um Citroen AX para dentro do parque do Colombo.
Estes carros tem sido desprezados pelos "especialistas",por isso eis uma hipótese para os "leigos " que não percebem nada disto terem um carro que um dia representou o que de melhor a Ford conseguia fazer. A disponibilidade de sobressalentes e especialistas em Inglaterra, clubes e publicações especializadas, aliadas a uma durabilidade de "antigamente", devem fazer de um Granada um companheiro de boa convivência por muitos e bons anos.
Já agora, em 2008, vai surgir a versão cinematográfica de "Sweeney". Esperemos que tenha o mesmo tema magnificamente escrito e interpretado por esse mago do Jazz, Harry South.

Friday, 13 June 2008

The american classic car


I know, I know, that I can´t even dare to look at such outrageously huge machines in these days where petrol prices soar trough the roof, and the people from the petrol stations don´t even bother anymore to take the numbers they use on the sign back to the shop, because in a couple of hours later they must return to the entrance of the forecourt to swap the digits up.
But fortunately, there are some countries, like the USA, where you can actually fill a tank which only set you back a few bob. Or bucks, to be more in trend.
Lets just forget about the fact, that we need to apply for a loan everytime we dare to even leave the drive , and admire this tremendous seductive machines: There is nothing Freudian here with the size, it is just pure engineering used to shift a rather huge chunk of metal about, only for the single purpose of delight.
These cars, were made to celebrate the end of the war, and to show the world how glamourous the future could be. With petrol prices rivalling a can of Coke , there wasn´t exactly any worries about things like consuption. Or emissions. So, basically throwing a fishing boat engine into some 1o square meters of car, was a straightforward exercise , and the designers rooms were only busrsting with activity to see where they could put some more chrome and fintails than the competition. Which I can´t see anything wrong with that!
Then, there was no other engine to use besides V8´s. Anything that needed to move, had to have a V8. Motorbikes,boats,vans,cars,trucks,rigs,everything had to be powered by a compulsory V8. If they could chuck a Radial with 34 cilinders in every piece of machinery, i´m sure they would! ( Well, they used one in the Sherman tank, didn`t they?)
As a hideous marketing feature, they created the small block engine, which is the same that saying my Range Rover has a smaller 4200 cc. A small block, would weight more than a Fiat Panda altogheter, and a "big block" would of course need to be shifted by railway.
But these cars, are basically about statement: Never mind the three digit power numbers. You don´t own this sort of car to race or be fast. It was like trying to race an oil tanker against a sunseeker boat. No. You part with your money on a car like this, because of the Glamour and the grunt!
Few seconds after steping hard on that plate they call the accelerator pedal, you immediatly forget the 100 Pounds of petrol you just filled in. And you keep going and going , until there´s a choked sound of vacuum coming out of the hood, and the car grinds to a halt. Unless you have another full 20 litre can, you will never make it to the next petrol station.
Meanwhile, you storm passed a bunch of gobsmacked creatures left speechless in the bus stop, and you treated yourself with some notes from that exhaust under the tunnel. And that, my friend, has a price!
Everything in these cars, from the indicator arm to the lighter, is made of steel and it´s probably chromed. Opening the gargantuous hood, it´s like seating in a table starving and being served a full dish of our preferred grub. That had to come , at least from a lorry! That filter carrier the size of a bin lid, shows that the word "muscle car" exists for a reason.
Seating inside one of these thins, is an experience itself, and we wouldn´t even bother if the car had no engine at all. We could seat there for an entire afternoon reading a book or even sleeping alongside the front seat, without even touching the doors.
Fortunately, there are still coutries with 50p per litre written in the forecourts, where you can buy some transgenic manipulated lettuce and processed cheese sarnie, while listening to Willie Nelson. And give some good revvings to try stop listening to that dreadful Harley Davidson from that bearded bloke that just stopped next to me. I wish I had a Fats Domino tape instead.

Tuesday, 10 June 2008

Os carrinhos de choque e o descapotável dos pobres

( Nota: Na impossíbilidade de colocar aqui novos artigos, pois de momento nem no mesmo Continente estou,não queria deixar de partilhar com os meus amigos algo de novo, e eis, que , a título excepcional, coloco aqui em exclusivo, um dos textos do meu próximo livro que não posso ainda divulgar o nome, para que possam ter uma idéia. É uma crónica que me deu imenso prazer a escrever, e espero que gostem.)

Por Mike Silva

Na verdade, não há muito por onde escolher em matéria de automóveis , se vivermos num aglomerado de prédios e pertencemos a uma família da classe operária. Pricipalmente se ainda não tivermos dezoito anos. O mais próximo que tivemos dum descapotável, foi quando no fim de semana passado estivemos na tasca da Ti Maria a comer uns caracóis na esplanada. Sair aos fins de semana no banco de trás do Corsa , para ir visitar a tia Isabel a Massamá ,no meio de almofadas e mantas alentejanas não conta.


Mesmo assim, nem esplanada decente era. Chamar esplanada a meia dúzia de cadeiras e mesas de plástico dispostas sobre o passeio, a estorvar quem passa, mesmo encostadas ao Fiat Uno do vizinho do quarto andar, e quando olhamos para cima vemos a dona Lucinda a sacudir os tapetes, é uma enormidade.


O Zé Manel, de cigarro pendurado,botas de bico em Julho, e de capacete enfiado no braço, liga a "DT" com um violento pontapé, enchendo a minha imperial de fumo , e interrompendo a conversa sobre bola. Arranca rua acima, sem capacete, porque o capacete é só para ser utilizado em zonas com Polícia.
Assim sendo, é com êxtase que descobrimos ser a semana da feira aqui na localidade, quando um grupo de sinistros e duvidosos personagens de cigarro ao canto da boca e mangas cavas se entretêm a montar a pista de carrinhos de choque. Mais ao lado, outros sinistros personagens também em manga cava montam outros carrocéis, mas nada é tão "cool" como os carrinhos de choque. Estes montadores de carrocéis e afins, terminam todas as frases com palavras começadas com F, e C. " - Dá cá isso, C ...!" ou então, " - Tráz cá o martelo,F...!". Parece ser interessante.


Mal a noite aterra, eis que já consigo ouvir em casa melodias e músicas que se assemelham a martelos a malharem sistemáticamente na chapa. TumTumTumTumTum! É chegada a hora de ir para a feira. A muito custo, deixo a novela da TVI a meio, e ponho um boné ao contrário . Antes de sair, uma última passagem pela casa de banho, onde me olho ao espelho para corrigir o penteado. Nunca se sabe se a loira do filme do James Bond vai estar por ali, a ver os carrinhos de choque. Ou a filha da dona Carmo.


Uma vez chegado ao recinto da feira, o TumTumTum dos martelos aumenta, e o cheiro de farturas também. O gerador da barraca das cassetes sobrepôe-se ao Quim Barreiros roufenho, e a terra batida já está polida pelo passar das pessoas.
Os agentes da guarda, passeiam calmamente, como se também eles andassem a ver atoalhados e brinquedos de plástico. O intruja do microfone com fita-cola agarrada ao queixo, grita qualquer coisa acerca de um pacote de peúgas brancas a cinco "Éros", e vejo o vizinho do terceiro a agarrar frenéticamente um pacote e a dá-lo á ti Ermelinda.


A barraca dos ursos de peluche a da quermesse, continuam a abarrotar de ursos, dentro e fora do balcão, denunciando a "pouca sorte" dos participantes nas rifas. Aposto que naqueles papelinhos enroladinhos que nem mortalhas, nem um só urso daqueles grandes do mostruário lá está.
Mas é a pista de carrinhos de choque que procuro com ansiedade. Lá estão o Zé Carlos, O Pedro, o Zé Manel e o Maluco. Todos fazemos a pose de que " estou-aqui-a-ver-os-carrinhos-de-choque-porque-já-sou-muito-bom-a-conduzir-e além-disso-já-me-fartei." O que é facto, é que não tenho papel. Nem um tostão. Por isso, encosto-me naqueles estúpidos ferros atravessados que parecem um banco, e converso aos gritos com os outros pelintras de chapéu ao contrário e gel como eu. Como um ritual, cada um vai chegando e cravando um cigarro. Como um ritual, todos dizem que "só têm um. "


Entretanto, os altifalantes desgastados da pista vão debitando temas obsoletos de há dez anos atrás, com um som estridente e roufenho. Interrompidos de quando em vez por apitos psicadélicos que detêm os carrinhos conforme se encontrem. Acabou a volta! Segundos depois, outro apito soa e recomeça de novo o festival de luzes e sons doentios.
O maluco do Carlos foi falar com um gajo do outro grupo,que estava do outro lado da pista. São os gajos do bairro.Esses gajos só fazem é porcaria. Trouxeram as motorizadas Sachs e LC, e observam o movimento da pista com o capacete enfiado no braço. Vai haver porrada, porque o Zé Carlos estava a olhar para a miúda do gajo da LC. O palerma começou a estrilhar, e levou uma pêra . Está o caldo entornado. Rapidamente se puseram em debandada,porque a Guarda foi chamada. Mas eu e o Zé Manel ficámos ali quietinhos a ver os carrinhos de choque. E a ouvir " Pump up the jam" de 1988.


E também como, com extrema perícia , um dos empregados de bigodinho e mangas cavas estacionava os carros deixados de qualquer maneira na pista. Só com um pé dentro do carro, sentado na borda. Uau.Que piloto. Aposto que todas as miúdas devem estar a olhar para ele! Quem me dera um dia trabalhar numa pista de carrinhos de choque.E ter uma daquelas chaves em que não é preciso inserir as fichas para o carro andar!

Quando regressei a casa, sem loira do James Bond nem sequer a filha da dona Carmo, eis que o senhor Jacinto da tasca empilhava as cadeiras de plástico.Noite fraca, a julgar pelas poucas caricas no chão. Culpa da feira. Restava-me ir para casa, e adormecer a olhar para o poster do Lamborghini Gallardo.

Sunday, 1 June 2008

Veículos militares:Os vencidos na guerra contra o tempo


Um modelo semelhante ao que o "Rambo" escavacou em "First Blood"

A "tropa" proporcionou a quem teve o privilégio de servir uma bandeira,além de camaradagem que sobreviveu à erosão do tempo, experiências únicas a bordo de verdadeiros ícones da História dos veículos motorizados.
A "tropa", sempre foi um dos poucos locais da nossa existência, onde pudemos experimentar máquinas exclusivas e estranhas, que de outro modo não poderíamos sequer nos atrever a tripular. Veículos que pura e simplesmente não foram desenhados para estradas, e muitos dos quais foram até concebidos para rebentar com elas.

O indestrutível Kubelwagen, primo dos carrinhos de luxo de agora...

A guerra e as forças armadas, produziram ao longo da História instrumentos que tinham de cumprir a sua função em condições extremas , onde a mínima falha poderia resultar no fracasso de uma missão, ou no pior! Por isso, os veículos militares sempre foram escolhidos a dedo, e preparados para as mais duras circunstâncias.




Lutou na Bósnia, agora luta por ser fotografado...

Por exemplo, para falar dos casos mais conhecidos, o indestrutível Kubelwagen , construído sobre os primitivos chassis de carocha, permitia ser desatolado por quatro soldados, e efectuou testes non stop nas estepes geladas da Rússia e no calor abrasador de África. Mesmo com tiros no motor e com apenas dois cilindros a funcionar, o pequeno Kubel conseguia continuar em funcionamento.



O único Ford T militar com metrelhadora Vickers existente no Mundo

O modelo "Lightweight " do não menos robusto Land Rover, deve o seu nome á possibilidade de ter sido concebido para ser facilmente transportado em carga suspensa por um helicóptero Westland Wessex.

O problema dos veículos militares clássicos, salvo algumas excepções, é que não foram concebidos para circular na via pública. Nem matrícula possuem sequer. A sua pouca economia, aliada a uma manutenção especializada, e a uma dificuldade acrescida de ter de obedecer às regras de circulação na via pública, para lhe ser atribuida uma matrícula, fazem destes excepcionais veículos concorrentes pouco populares na hora de escolher um veículo clássico.



Equipada para a "guerra" dos parques de campismo...

Não obstante, estes veículos continuam a ser alvo de interesse, por uma camada de entusiastas que recusam a deixar perecer tamanho testemunho da nossa História colectiva. Maioritáriamente ex-militares, e muitos com conhecimentos avançados de hidráulica e pneumática, armas e equipamentos, mas sobretudo com um grande apreço por manter semelhantes engenhos em condições de funcionamento, estes entusiástas formam uma classe aparte, onde quase religiosamente, estas máquinas que porventura lhes recordam os melhores anos das suas vidas , voltam de novo a juntar camaradas em redor de uma mesa de campanha para um jogo de cartas.
Existe mesmo um clube de proprietários de TANQUES DE GUERRA, que se reune anualmente no Sul de Inglaterra, para o "Tankfest". Um dos proprietários, possui o único PANZER alemão em funcionamento fora da Alemanha!
Claro que não dá para ir a Belém aos Domingos passear a família de TANQUE, e muitas destas máquinas têm mesmo de ser transportadas em atrelados, mas são uma mais valia riquíssima para qualquer evento motorizado, seja de clássicos ou não.

Um veículo militar clássico, não será certamente a melhor escolha para qualquer um de nós. Da próxima vez que passar por um ferro-velho com material militar, pense na euforia que seria ver semelhante engenho num encontro! Tente divulgar ao maior número de pessoas possível o que viu, mesmo no estrangeiro. Muitos das Ferrets da FAP ( Blindados com motor Rolls -Royce) foram de camião para Inglaterra, e uma pelo menos está no museu de Duxford. Quem perdeu nesta história?
Temos de perceber, que seja qual fôr a origem de uma máquina, o seu preço ou a sua viabilidade como utensílio de lazer, esta será sempre uma máquina com um passado, e com uma história. E é à volta dessas Histórias e emoções passadas , que passamos muito do nosso tempo quando falamos sobre clássicos.
Nesse aspecto, os veículos militares clássicos estão indiscutivelmente bem posicionados para uma vitória.




" A geração da mangueira" ! Por dentro e por fora, Àgua para cima!