Land Rover costumava ser sobre "jipes". Para mim, quando oiço a palavra " Land Rover" penso imediatamente em GNRs com farda de "pêlo de rato", a chegarem lá embaixo na rua de terra batida, á nossa procura porque andávamos a gamar nêsperas. São os Land Rover e as Sachs: Ouvi-los, era constatar que estávamos em apuros.
A coisa não mudou com o passar do tempo. Estar em apuros, passou então para o lado do comprador, que contava agora com um requintado conforto interior, útil para esperar pelo reboque da assistência em viagem. Talvez por isso, Land Rover passou então a ser comprado apenas por mamâs para levarem os filhos à escola, e pouco mais. Todo-o-terreno, passou a designar-se o acto de estacionar num terreno de terra batida junto à escola privada.
Um arado. A faceta sócio-económica do Land Rover esquecida...
O "Lightweight". Desenhado para ser helitransportado por um Westland Wessex.
English to the bone: E mal pintado ainda por cima. Perfeito!
Com o passar dos anos, As pessoas começaram a não relacionar Land Rover com "Todo-o Terreno". Uma geração inteira, já conhece a marca como o "carro grande da mamã com que ela me ia buscar à escola", ou como uma caixa grosseira caríssima que se assemelha como uma furgonette. ( Discovery 3).
Assim, a marca pensou que o seu cliente-tipo estava a mudar, e decidiu começar a produzir uma espécie de Renaults 4 caríssimos com pneus grandes. Podia continuar a chamar-lhes Land Rover Freelander, que as mamãs na escola e os papás no escritório nunca se iam aperceber da diferença.
O "Lightweight". Desenhado para ser helitransportado por um Westland Wessex.
Ninguém no seu perfeito juizo, iria para o Tombuktu ou para a Líbia num Discovery 3 ou num Range Rover Sport. Ninguém sairia de Lisboa num Freelander. Partindo do princípio que não eram sequestrados ou que ficassem a pé, não me parecia praticável " procurar o próximo concessionário" no meio do deserto por causa de uma avaria electrónica. Aliás, experimentem ficar avariados na Lagoa de Albufeira!
Sabendo disso, a Land Rover deu a volta ao texto, e continua a fabricar ainda modelos com motores obsoletos e simples, para vender em mercados " em desenvolvimento" fora da Europa. O que significa que estes mercados uma vez " desenvolvidos", já poderao ser impingidos com estas tralhas falsificadas de computadores com rodas de tracção às quatro que as mamãs já não querem.
Apesar do panorama medonho, mesmo com o passar dos anos o entusiasta Land Rover, continua a acreditar que este deve ser lavado por dentro com uma mangueira, e que a hierarquia se mede em riscos de arbusto e lama na carroçaria ,e a marca continua a congregar adeptos indeflectíveis da marca, como aqui o vosso amigo que visitou este encontro próximo de Manchester.
English to the bone: E mal pintado ainda por cima. Perfeito!
É agradável voltar de novo a ouvir frases com "Land Rover" e " Caminhos de pedras", " Lamaçal" ," Guincho" e "perda de tracção", em vez de " Escola" "miúdos" , " Jogos de golfe" e "colegas do escritório". Apesar de um ou outro Land Rover " a fingir ( Freelander) misturados entre o artigo genuíno, a tarde foi um regressar ao conceito que aproxima o Land Rover da "land" ou seja , da terra. Porque da última vez que olhámos para o símbolo, não vimos lá escrito "School Rover", ou " Very-expensive-van-that-resembles-vaguely-like-an-SUV-to-show-the neighbours-Rover."
Comprem antes jipes a fingir para levar os putos à escola. X5 ,Qascais, XC 90 e companhia limitada.Deixem os Land Rover da mão . A História do Automóvel agradece...