Muitos de nós, pensamos que guiar em Inglaterra é apenas questão de pôr o carro na outra faixa e pronto. Já ouvi dizer até que "em Inglaterra, já há muitos carros de volante à esquerda."E mesmo que " isso estava para acabar..."
Por Mike Silva
"Os ingleses fazem tudo ao contrário"! Apressamo-nos a sentenciar, como se os Metros, os Kilometros, os Litros e andar do lado direito da estrada tivessem sido inventados algures em Lisboa.
Infelizmente, a revolução industrial surgiu por estes lados, e as Milhas ,Gallons,Inches,Onces,Stones,Pounds,Feet,etc já andavam por aqui há muitos séculos. Mais concretamente, o circular do lado esquerdo da via, teve como origem a necessidade de o cocheiro não atingir os transeuntes com o chicote, quando "acelerava" o cavalo. Mais tarde, com o advento da era motorizada, os veículos continuaram a adoptar esta regra.
Alguns paises como a Suécia, converteram-se para volante à esquerda,e apesar de associarmos este tipo de condução com Inglaterra, muitos paises como Japão,Austrália, Indonésia, Malta ,India,Barbados,New Zealand ,Irlanda ou alguns africanos continuam a usar o volante á direita. Praticamente, não existe nenhum fabricante mundial de renome que não disponibilize modelos com volante à direita.
Para "enervar " 0s nossos amigos ingleses, sempre que no meio de um jogo de snooker ou de setas num pub surge a discórdia, podemos sempre dizer que os portugueses guiam no "right" ( certo) side of the road. Ou que guiar á direita é "anti-natura",porque temos de manusear a alavanca de velocidades , o travão e a consola com o rádio e o AC com a mão esquerda. Mas não convem dizer isso se eles tiverem setas na mão...
Ao acedermos a um carro pela primeira vez, aquele sentimento de " Ora, não deve ser assim tão dificil..." é violentamente destruido, a partir do momento em que nos sentamos no lugar do "pendura"!...E saimos envergonhados,quando descobrimos que o volante está do outro lado. Mesmo passado um ano, é para o lado do pendura que ás vezes nos dirigimos, disfarçando com uma longa volta pela frente do carro, para a malta não se rir.
Uma vez aos comandos, esfregamos vezes sem conta os punhos no forro da porta a tentar engrenar uma velocidade. E abrimos o vidro do pendura para tirar o ticket nos parques . Depois vem a "odisseia das rotundas. Feitas no sentido do ponteiro do relógio, desta vez são os carros que estão por DENTRO da rotunda que têm prioridade para sair, pois a prioridade continua a ser á direita. Para "facilitar" ainda mais, cada aproximação a uma rotunda é diferente de todas as outras, com indcações diversas impressas no pavimento. Não há duas rotundas iguais.
Estacionar em contra-mão, e em plena faixa é perfeitamente legal, pois não é permitido usar o passeio. Por isso, a "cacetada" é regra. Carros com a traseira arrancada por um Doubledecker são visões banais. Citroens C3 são espalhados pela via pública, de um modo que se podia enviar peças pelo correio, por terem sido abalroados por um TIR enquanto a senhora ia á loja da fruta.
O condutor ingles é muito comodista. A unica diferença do condutor ingles e do portugues, é que o portugues anda " á vontade". Muitos reformados ingleses compram carinhos eletricos para poderem entrar nos hipermercados e fazer compras sem se levantarem do assento! Em Portugal, é normal circular a cento e sessenta dentro das localidades, mas em Inglaterra, de cem em cem metros temos rotundas, lombas, camaras,radares, carros patrulha,medidores de velocidade média, avisadores luminosos,semáforos, carros à civil, carrinhas de vigilancia, Helicópteros , e postes com Camaras de vigilãncia. É virtualmente impossível meter o " pé em ramo verde". para aqueles que quiserem tentar a sorte, estão disponíveis pontos na carta e multas pesadas.
Por isso a malta anda com juizo. Um "desastre" em Inglaterra, é uma coisa rara, alguns abalroamentos de C3 mal estacionados, mas é só. Existe o "mito" de os carros pararem para dar passagem aos peoes. Se acreditam nisso, convem trazerem uma cadeirinha,pois estes stressados só param em passadeiras com riscas. Existem passadeiras sem riscas, as chamadas "Pelican crossings", onde podemos gozar a sensação de ser abalroados por um carro.
Centros comerciais? Parece que andou um gajo com uma fita métrica a desenhar as linha de modo a que ficasse apenas um centímetro de cada lado para abrir as portas.Os passageiros tem de sair antes de estacionar, e o condutor tem de amolgar a porta do carro do lado para conseguir abrir a dele. Parqueamento gratuito, é ficção científica, e fortemente vigiado. Mesmo um deficiente que não tenha o distico emitido pela camara municipal, terá o seu carro imediatamente rebocado se estiver num local para deficientes.
Não se pode fazer matriculas sem os documentos, ultrapassar carros de Policia, nem fazer todo o terreno, sem ser em pedreiras e terrenos particulares.
Mas podem-se rebocar carros á corda, não há coletes nem triângulos,não se controla o alinhamento da direcçao na IPO, e pode-se usar um pneu de cada nação. Pode-se construir um Fiat 126 com um motor duma Hayabusa e ir legalizar. Ou uma Ford Transit com um V8. Ou um triciclo com um motor de um M3. E comprar uma mão cheia de clássicos, por meia dúzia de tostões. E isso só pode ser bom, não é?
Wednesday, 20 February 2008
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