Lembram-se daqueles aviões de plástico em forma de asa delta que atirávamos com uma fisga quando eramos putos? Isso era uma representação do Avro Vulcan , um bombardeiro nuclear construido na década de 50, na escalada da guerra fria. Os primeiros modelos eram pintados de um branco reflector, para diminuir a radiação de uma explosão nuclear.
Reconheço que isto dos aviões pode não ser para toda a gente, mas o Blog Sala das Máquinas está empenhado em correr os cantos todos á casa , à procura de máquinas de excepção que possam ser veneradas e apreciadas por todos. Nesse âmbito, a máquina que vos trago hoje aqui cumpre o seu papel com distinção, e ameaça ficar indelévelmente esculpida nas nossas emoções e sonhos.
Este bombardeiro nuclear, desenhado para sobrevoar zonas de conflito incessantemente, para o caso das coisas "darem para o torto", e assim possibilitar uma "oferta" de bombas sobre os telhados do agressor, e cujo este exemplar de matrícula XH 558 é o único sobrevivente em condições de vôo no Mundo, totalizou a soma de SEIS milhões de Libras para conseguir voltar a voar de novo. Diversas empresas , particulares, e mesmo os fundos da lotaria nacional ajudaram a pôr de pé este projecto gigantesco.
O XH 558 foi adquirido pelo milionário inglês David Walton ,aficionado por aviões, mediante um concurso público de venda do aparelho, que privilegiava compradores que mantivessem o Vulcan em solo britânico, tendo o pacote como "oferta"seis camiões da TIR de suplentes.Incluindo dois motores Bristol Siddeley Olympus 220, iguais aos do Concorde, ainda dentro das caixas! 600 toneladas de material no total! O facto de o senhor Walton ter um aeródromo particular, pesou na decisão.
A Royal Air Force foi bem explícita: Este aparelho NÃO seria para desmontar nem saír do Reino Unido. O valor de compra do aparelho, foi o equivalente ao de um Range Rover usado: Cerca de 20 000 Libras.
Após um conturbado processo de leilão, a 18 de Março de 1993, a RAF cumprimentava Walton com um improvável "Parabéns! O senhor acaba de adquirir o seu próprio bombardeiro nuclear Delta..." E cinco dias depois, com apenas 18 horas de vôo restantes para voar, o Vulcan foi entregue no aeródromo particular de Burtingthorpe,por dois pilotos da RAF, perante milhares de pessoas que se acotovelavam nas margens da auto-estrada para ver o "ultimo vôo" do vulcão. O avião sobrevoou a zona com a porta das bombas aberta a revelar a palavra de despedida "Farewell".
Nesta ultima década, este avião foi completamente desmontado e verificado ao radar, reparado e restaurado. As asas foram descascadas para aceder ao cavername e reparar e substituir a totalidade das cablagens e tubagens hidráulicas.
Coisa pouca, comparada com a parte mais dificil de todo o processo: A papelada. Porque convenhamos que não é nada fácil chegar a um organismo e registar um bombardeiro nuclear para uso particular. O pior de tudo, foi mesmo o seguro, pois não havia companhia que quisesse segurar o aparelho, e nenhuma queria ver um molho de ferro e alumínio fabricado há mais de vinte anos a varrer um bairro residencial inteiro e a encher as páginas dos jornais.
Por isso, o Vulcan ficou em stand by, fazendo testes de motores e de rolagem, mas sem nunca descolar. Para ajudar no financiamento, o hangar servia de parque de estacionamento para viaturas novas dos concessionários da zona. O projecto esteve parado alguns anos, por faltarem cerca de 3 milhões de Libras, mas finalmente o benfeitor e milionário Haywood cedeu este valor, considerando que no mundo da Fórmula 1 estas somas são irrisórias.
Para garantir o certificado de operacionalidade, teve de ser criado um armazém de peças para satisfazer a manutenção, e ser feita uma vistoria técnica por ex-engenheiros da esquadra Vulcan, bem como de entidades aeronáuticas. Mas com os eventos do 11 de Setembro , a comemoração dos 50 anos do Vulcan tiveram de ser adiadas, e o XH558 permaneceu mais uns tempos no solo.
Em 2006, retomaram os testes, os ensaios de descolagem a alta velocidade, e de sopro dos motores. Tudo pronto para voar. Mas faltavam os papéis! Pela primeira vez neste século, a unidade auxiliar de energia de um Vulcan funcionava satisfatóriamente dentro do hangar. Estava tudo a rebentar de expectativa!
No entanto, as dificuldades monetárias ameaçavam novamente o processo: Eram precisos mais 1.2 Milhões de Libras. E a papelada não saia! A empresa criada para gerir o fudo do Vulcan estava sob fogo cerrado das autoridades, e a coisa esteve mesmo para ficar em maus lençois, com a possibilidade de ter que ser tudo vendido em hasta pública.
Mas uma injecção de capital de última hora de empresas associadas , e a criação da associação "Vulcan to the sky" ( www.vulcantothesky.com)permitiu que o bombardeiro continuasse na luta por regressar aos céus: A 18 de Outubro de 2007, após 15 anos de trabalhos , e seis milhões de Libras gastos, tinha chegado o dia em que o Vulcan iria regressar aos ceus! Pilotado pelo Squadron Leader Al Mcdicken, um veterano do Vulcan, o pássaro de alumínio voltou aos céus com um brutal,comovente e inesquecivel roncar poderoso e titânico.
Ver as fotos da RAF que acompanhou o vôo, de um enorme bombardeiro asa delta semelhante ao Concorde esbatido contra a luz do Sol, é uma imagem que nos diz muito acerca da vontade do Homem triunfar. Este restauro deste Vulcan, é um hino á capacidade técnica do Homem, da sua preserverança, e em como por muito que as coisas pareçam sem saída , o espírito de permanecer focado e com os objectivos no horizonte consegue feitos desta natureza.
Aqui fica uma aeronave de excepção,uma máquina exclusiva,poderosa e brutal, mas também dependente,frágil e sedutora, para que futuras gerações possam apreciar a extrema capacidade criativa e tecnológica da Humanidade. E um rugir vulcânico de nos arrepiar . Exactamente como um vulcão...
Reconheço que isto dos aviões pode não ser para toda a gente, mas o Blog Sala das Máquinas está empenhado em correr os cantos todos á casa , à procura de máquinas de excepção que possam ser veneradas e apreciadas por todos. Nesse âmbito, a máquina que vos trago hoje aqui cumpre o seu papel com distinção, e ameaça ficar indelévelmente esculpida nas nossas emoções e sonhos.
Este bombardeiro nuclear, desenhado para sobrevoar zonas de conflito incessantemente, para o caso das coisas "darem para o torto", e assim possibilitar uma "oferta" de bombas sobre os telhados do agressor, e cujo este exemplar de matrícula XH 558 é o único sobrevivente em condições de vôo no Mundo, totalizou a soma de SEIS milhões de Libras para conseguir voltar a voar de novo. Diversas empresas , particulares, e mesmo os fundos da lotaria nacional ajudaram a pôr de pé este projecto gigantesco.
O XH 558 foi adquirido pelo milionário inglês David Walton ,aficionado por aviões, mediante um concurso público de venda do aparelho, que privilegiava compradores que mantivessem o Vulcan em solo britânico, tendo o pacote como "oferta"seis camiões da TIR de suplentes.Incluindo dois motores Bristol Siddeley Olympus 220, iguais aos do Concorde, ainda dentro das caixas! 600 toneladas de material no total! O facto de o senhor Walton ter um aeródromo particular, pesou na decisão.
A Royal Air Force foi bem explícita: Este aparelho NÃO seria para desmontar nem saír do Reino Unido. O valor de compra do aparelho, foi o equivalente ao de um Range Rover usado: Cerca de 20 000 Libras.
Após um conturbado processo de leilão, a 18 de Março de 1993, a RAF cumprimentava Walton com um improvável "Parabéns! O senhor acaba de adquirir o seu próprio bombardeiro nuclear Delta..." E cinco dias depois, com apenas 18 horas de vôo restantes para voar, o Vulcan foi entregue no aeródromo particular de Burtingthorpe,por dois pilotos da RAF, perante milhares de pessoas que se acotovelavam nas margens da auto-estrada para ver o "ultimo vôo" do vulcão. O avião sobrevoou a zona com a porta das bombas aberta a revelar a palavra de despedida "Farewell".
Nesta ultima década, este avião foi completamente desmontado e verificado ao radar, reparado e restaurado. As asas foram descascadas para aceder ao cavername e reparar e substituir a totalidade das cablagens e tubagens hidráulicas.
Coisa pouca, comparada com a parte mais dificil de todo o processo: A papelada. Porque convenhamos que não é nada fácil chegar a um organismo e registar um bombardeiro nuclear para uso particular. O pior de tudo, foi mesmo o seguro, pois não havia companhia que quisesse segurar o aparelho, e nenhuma queria ver um molho de ferro e alumínio fabricado há mais de vinte anos a varrer um bairro residencial inteiro e a encher as páginas dos jornais.
Por isso, o Vulcan ficou em stand by, fazendo testes de motores e de rolagem, mas sem nunca descolar. Para ajudar no financiamento, o hangar servia de parque de estacionamento para viaturas novas dos concessionários da zona. O projecto esteve parado alguns anos, por faltarem cerca de 3 milhões de Libras, mas finalmente o benfeitor e milionário Haywood cedeu este valor, considerando que no mundo da Fórmula 1 estas somas são irrisórias.
Para garantir o certificado de operacionalidade, teve de ser criado um armazém de peças para satisfazer a manutenção, e ser feita uma vistoria técnica por ex-engenheiros da esquadra Vulcan, bem como de entidades aeronáuticas. Mas com os eventos do 11 de Setembro , a comemoração dos 50 anos do Vulcan tiveram de ser adiadas, e o XH558 permaneceu mais uns tempos no solo.
Em 2006, retomaram os testes, os ensaios de descolagem a alta velocidade, e de sopro dos motores. Tudo pronto para voar. Mas faltavam os papéis! Pela primeira vez neste século, a unidade auxiliar de energia de um Vulcan funcionava satisfatóriamente dentro do hangar. Estava tudo a rebentar de expectativa!
No entanto, as dificuldades monetárias ameaçavam novamente o processo: Eram precisos mais 1.2 Milhões de Libras. E a papelada não saia! A empresa criada para gerir o fudo do Vulcan estava sob fogo cerrado das autoridades, e a coisa esteve mesmo para ficar em maus lençois, com a possibilidade de ter que ser tudo vendido em hasta pública.
Mas uma injecção de capital de última hora de empresas associadas , e a criação da associação "Vulcan to the sky" ( www.vulcantothesky.com)permitiu que o bombardeiro continuasse na luta por regressar aos céus: A 18 de Outubro de 2007, após 15 anos de trabalhos , e seis milhões de Libras gastos, tinha chegado o dia em que o Vulcan iria regressar aos ceus! Pilotado pelo Squadron Leader Al Mcdicken, um veterano do Vulcan, o pássaro de alumínio voltou aos céus com um brutal,comovente e inesquecivel roncar poderoso e titânico.
Ver as fotos da RAF que acompanhou o vôo, de um enorme bombardeiro asa delta semelhante ao Concorde esbatido contra a luz do Sol, é uma imagem que nos diz muito acerca da vontade do Homem triunfar. Este restauro deste Vulcan, é um hino á capacidade técnica do Homem, da sua preserverança, e em como por muito que as coisas pareçam sem saída , o espírito de permanecer focado e com os objectivos no horizonte consegue feitos desta natureza.
Aqui fica uma aeronave de excepção,uma máquina exclusiva,poderosa e brutal, mas também dependente,frágil e sedutora, para que futuras gerações possam apreciar a extrema capacidade criativa e tecnológica da Humanidade. E um rugir vulcânico de nos arrepiar . Exactamente como um vulcão...
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