Monday, 4 August 2008

British Police: Porque não seguimos o exemplo?



A sobrevivência em Inglaterra não é fácil, para cidadãos oriundos de países onde estavam habituados desde sempre circular a cento e sessenta dentro das localidades, e apitar cerca de um décimo de segundo depois do semáforo abrir.
Outrora, actos como perseguir a alta velocidade a um milímetro da matrícula do carro da frente, como que a "ser rebocado" na auto-estrada, circulando com os máximos acesos e o pedal do acelerador a fundo, espumando pela boca por causa do carro da frente ter custado menos uns milhares, e não possuir pelo menos 200 cavalos, estando a cometer o ultraje de circular na faixa da esquerda, fenómeno conhecido por estas bandas por "tailgating", seriam actividades corriqueiras cujas autoridades há muito deixaram de prestar atenção.


Circular com um veículo sem seguro ou inspecção, esperando uma eventual "compreensão" das autoridades no caso de ser apanhado,transformou-se numa espécie de anedota inacreditável, num país onde agora em dois segundos um sistema incorporado nas viaturas e nas ruas chamado Automatic Number Plate Recognition, informa imediatamente acerca da legalidade do veículo. Nem sequer é preciso mandar parar! Será uma questão de dias para que apareça na casa do prevaricador uma multazita automática, ou em caso de falta de seguro ou Imposto de circulação( Road Tax, ou Vehicle Excise Duty),uma grua para levar o carro para destruir!


Resumindo, em português correcto, "não há pão para malucos". A informatização total da base de dados da DVLA,articulada com as companhias de seguros, e fiscalizada por patrulhas visíveis e dotadas de meios técnicos topo de gama, que incluem tecnologia de ponta e helicópteros, não permite a artistas porem o pé em ramo verde.
Claro que estamos aqui a falar de investimento público e sobretudo de vontade política.
O financiamento disto tudo, vem em parte do imposto autárquico mensal ( Council Tax) que todas as habitações pagam. Uma parte é para a Polícia. Não se pode pedir mais aos nossos agentes, se não lhes dermos condições para trabalhar. Por isso, em vez de Fiat Tempra ferrugentos,e Subarus acidentados em perseguições na Vasco da Gama , o Reino Unido tem helicópteros com câmaras nocturnas e Lamborghinis nas estradas. Volvos topo de gama e BMW na pior das hipóteses. A questão não é " se" formos apanhados. A questão é " quando" seremos apanhados.


Um veículo automóvel, não é um electrodoméstico. A desculpa de que " precisamos dele", não pode ser válida para fazer tábua rasa da legalidade e da segurança. Eu também precisava de um Learjet para me levar de vez em quando daqui para a Portela ou para Tires, mas não é por causa disso que vou ao East Midlands Airport e pedir emprestado um. Não deve ser muito diferente de um Piper Cub. Se o meu comportamento ao volante, não fôr o correcto, ou não estiverem preenchidos os requisitos legais para circular, paciência, mas vou ter de ir de autocarro. Não há desculpa para facilitar ao volante. E assim é que é bonito.
É por causa deste modo de pensar, que se calhar não existe a carnificina nas estradas britânicas que estamos habituados em Portugal. Não existem "operações Pascoa", nem " Operações Natal" . Existe uma "operação" permanente, que obriga as pessoas a pensarem constantemente acerca de circular com um automóvel como deve de ser. Ir para um Pub " para os copos", implica compulsivamente alugar um taxi! E as pessoas habituaram-se a isso.

A polícia, ( The Police, como na banda de Sting), aposta fortemente na prevenção e em mostrar ás pessoas que nem sequer vale a pena meter o pé em ramo verde. Em vez do bloco de multas e da continência, mistura-se com os street racers para os tentar perceber. Em vez dos carros "descaracterizados", mete radares fixos de cem em cem metros. Que todos podemos julgar da eficácia, pois transformou o "talho" que era a "pista" da Segunda circular, num cortejo de carros de bois.
A questão da mortalidade nas estradas, não se resolve com operações com um milhão de agentes no Natal,( que se referem sempre a nós como "senhores automobilístas") nem a obrigar as pessoas a irem comprar um colete reflector.


Fala-se na mentalidade que tem de mudar, mas para isso, se calhar convinha começar a bater onde dói mais, Na carteira. Porque aposto que se amachucassem numa prensa um Civic ou um Saxo de um desses imberbes criminosos das zonas industriais, se calhar no dia seguinte os outros iam-se dedicar à pesca. Isto é só uma idéia. Bastava copiar. nem que fosse só em véspera de eleições...

4 comments:

Dom Fuas. said...

Ora ai esta grandes idéias, porque será que não se copia o que ha de bom ai por fora, talvez porque há interesse na caça á multa, no entupimento dos tribunais com processos sumários, nas filas enormes nas urgências hospitalares,culpabilizar os traçados das estradas, ter muito carro amassado pra jogar pra sucata e poder vender carros a preços loucos.

Rui Pereira said...

Grande "post"...

Os meus parabéns...

Paulo said...

Caro Miguel
Percebi a sua mensagem, mas atenção a uma sociedade altamente controladora em que no futuro podemos estar.
Veja-se por ex. a ideia do nosso Governo, em querer pôr um chip em todos os carros.
Aceleras, condutores com falta de civismo e idosos que já não deviam conduzir, sempre existiram em Portugal. Na minha modesta opinião o que se passa nas estradas Portuguesas também é um problema cultural.
Bem haja.
Paulo Silva

PS-Essas férias são por aí?

MS said...

Sem duvida que e um problema cultural.

A questao, continua a ser de que um veiculo, so deveria ser confiado nas maos de alguem capaz. Seja em que parte do mundo for.

Imaginem deixar os reformados e bebados pilotar Cessnas...