Eis algumas "espécies" com que temos de lidar quando levamos o nosso carro a um encontro de clássicos:
( Copyright de Mike Silva)
A Gestapo dos parafusos
São indivíduos gordos de bigode, ou rapazinhos bem vestidos com sapatinho de vela da moda, de mãos atrás das costas com as chaves do carro a balouçar entre o telemóvel.Dão pontapézinhos nos pneus, coçam o nariz, e descobrem sempre um escorrido de tinta debaixo do para-choques. Não largam um carro da mão, enquanto não descobrirem uma falha, para poderem dizer que também pertencem "ao meio" e são "conhecedores"...( Ver também : Os " Eutenholáemcasa")
A polícia do betume e dos rebites
É a versão mais "Chunga" da Gestapo dos parafusos, normalmente constituída por malta que viu os carros a estacionar, e sairam do café onde estavam a ver a TVI para vir ver os "carros velhos".Normalmente usam chinelos e mangas cavas,e decidem procurar com afinco qualquer coisa que lhes pareça mal, para poderem dizer ao Ti Alfredo da Bóina que também percebem do assunto. Além de uma eventual Zundapp que tenham possuído, nada os relaciona com o mundo dos clássicos. Costumam berrar frases como "Ena pá, isto está tudo mal pintado" ( Porque viram um risco na embaladeira) ou " Este carro está todo mal recuperado!" ) Porque viram uma lasca no espelho)
Os Eutenholaemcasa
Os eutenholaemcasa ( ETLEC), são aqueles gajos de óculos escuros e olhar fugidio que iniciam conversa dizendo " Também tenho um destes lá em casa, enquanto desviam o olhar para o horizonte e coçam a cabeça. Os ETLEC, dizem isto mesmo ao proprietário de um Rolls Royce Mulliner Park Ward MKIII EC de 1936 . Mas vieram à pendura, ou têm um Mini com a inspecção caducada. Os ETLEC, não só têm um "destes" lá em casa, como se encontra em melhor estado. A desculpa em 99.9 por cento das vezes, é que está a " recuperar" .Por vezes, os ETLEC sabem " de um destes" que está num barracão , há muitos anos, e que está em melhor estado. Por vezes, até existem DOIS nesse barracão.
O Melga
O Melga, é o velhote de bóina que começa a descrever círculos á volta do carro, e a rir-se para nós. Quando vir este cenário, já sabe que se seguem conversas da tropa e do tempo quando andava a namorar a ti Adelaide, e quando esteve em Angola. O Melga vai perseguí-lo o dia todo, a explicar como reparou um guarda -lamas em Lourenço Marques em 1965. Mesmo que procure refúgio na barraca das bifanas. O Melga, pegará em toda a resposta que der, e procurará exemplos exaustivos acerca do assunto. Por exemplo, se responder " Sim, já tive um Mini", o Melga irá gritar e apontar,de cada vez que se cruzar com um. " -Ó chefe, já viu este?"
O Engenheiro
O engenheiro,conforme a moda actual, não precisa de o ser. Basta aparecer um pouco despenteado e gordo, com um sorriso "cá da malta",e uma roupita assim mais carota. É o espécime que é recebido efusivamente pela organização,como se fosse um familiar que não viam há vinte anos, por ter trazido o seu exclusivo modelo de clássico. Não importa que cem participantes-pagantes tenham trazido o que de melhor puderam trazer, pois a atenção e o lugar próximo da "mesa" da organização, vai para o " engenheiro" que trouxe o carro mais caro/exclusivo do encontro.
Não é de esperar confraternizar com " o Engenheiro", porque ele estará ocupado a expandir o seu ego, bebido sofregamente pela organização, que julga que o sucesso do encontro acontece porque " o engenheiro" ali resolveu vir. A organização, passa o dia inteiro com " o Engenheiro", e bloqueia a caravana dos participantes para que " o engenheiro" possa ser o segundo carro na fila.
O organizador da treta
O organizador da treta ( ODT ) , é o indivíduo (ou o conjunto de indivíduos) que se vê aos espelho pela manhã com um colete laranja a dizer " organização", e se sente realizado. O ODT mete a família a distribuir papéis e porta-chaves aos participantes,e a receber a "massa" ( Ora bem! Isto é que importa, e é por isso que lá está...) enquanto busca no horizonte algum "engenheiro" ou carro mais vistoso/ caro.
O ODT, não se maça com promenores tais como setas a indicar o local, ou informações. Ele está ali para engraxar o(s) engenheiro(s) que decidam aparecer. Como programa, o ODT oferece um passeio que não raro passa em frente ao seu negócio, ou de alguém que patrocinou as T-shirts para o encontro. À hora do almoço, o ODT põe um mero porco a assar, e a malta que se amanhe. Que o asse, que o corte, e que o coma. Como resultado, um monte de moscas , filas intermináveis de seres a segurar um prato de papel, e o caos generalizado resolvem aparecer para almoçar também.
Ou então, marca 200 lugares no restaurante " A toca",que só tem 46, e a malta acotovela-se por hierarquia do custo dos carros. Sentar um "engenheiro" com um Jaguar ao pé do Zé Manuel do Mini? Nem pensar! Depois, é só esperar uma hora pelo "tacho"...
O ODT, apercebe-se à última da hora que costuma haver entrega de prémios nos encontros, e vai sorrateiramente à bomba de gasolina mais próxima comprar uns carrinhos de brinquedo para oferecer ao "participante vindo de mais longe", e ao " mais idoso". Normalmente, é "o Engenheiro" que leva os carrinhos para casa...
No fim, está sempre " de parabéns", mesmo que tenha sido malta a pagar e a trazer os carros. E mesmo que o encontro tenha sido uma porcaria.
( Esta é uma obra de ficção.Qualquer semelhança com a coincidência, é pura realidade)
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2 comments:
Mas há mais... A "caderneta de cromos" está recheada.
O"popular": jura a pés juntos nunca ter um Jaguar ou guiar um descapotável vermelho. Adora Cortinas, Vauxalls e skodas. Para ele, um carro só é bom se for barato. Se for esquisito e feio ainda melhor. Conhece os modelos que ninguém conhece, gasta fortunas em ferrugem nas automobilias mas não se inscreve em provas "porque é caro".
Eles andam aí...
Boa! Faltou-me essa!
Isto é um mundo...
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