Wednesday, 9 April 2008
Os tractores carregados de tomate do Ribatejo
As autoridades e os especialistas bem falantes que vão amiúde à televisão, além de se referirem a nós pelo termo fatela de "senhores automobilistas", não percebem nada do assunto no que toca a identificar a causa dos acidentes em Portugal.
Muitos apontam o álcool, o excesso de velocidade ou o a idade do parque automóvel como culpados da alta sinistralidade das estradas portuguesas. Nada disso. Querem saber quem são os culpados? São os tractores carregados de tomate no Ribatejo!
Eu explico: Para quem tem a sorte de não ter de conduzir pelas estradas do Ribatejo, é muito fácil simular a sensação de conduzir atrás de um tractor carregado de tomate no Ribatejo: Comece por tapar completamente o pára-brisas com um pano laranja, e em seguida encha o Tablier de tomates. Depois, ligue o aspirador ao isqueiro de modo a fazer um barulho irritante monocórdico. Para finalizar, circule a 21 Km/ h numa estrada de dois sentidos.
Assim, conseguirá ter uma idéia aproximada do que é seguir atrás de um tractor carregado de tomate no Ribatejo. Mas afinal, em que é que isto é perigoso?-Perguntar-me-ão. Até faz com que não haja excesso de velocidade...
Certo. Mas quando o automobilista português ,habituado a circular a cento e sessenta dentro das localidades, e a "mandar faróis" para cima de quem quer que se atreva a utilizar a faixa da esquerda à frente dele, mesmo que esteja a dois quilómetros, fica impossibilitado de ultrapassar um tractor carregado de tomate do Ribatejo ( principalmente por ,no sentido contrário, se deslocarem outros tractores carregados de tomate),acontece uma de duas coisas:
Ou consegue ultrapassar, e fica imediatamente atrás de outro tractor carregado de tomate.
Ou não consegue, e choca de frente contra um tractor carregado de tomate.
Na pior das hipóteses, poderá colidir com alguém que circula em sentido contrário , e que fez uma ultrapassagem desesperada a um tractor carregado de tomate.Os motoristas dos tractores carregados de tomate no Ribatejo desdenham de todos os outros veículos, que circulam alí nas estradas "deles". Por isso raramente fazem sinal para que póssamos ultrapassar. Mesmo quando entram nas estradas, vindo dos campos enlameados, entram nestas como se fossem uma extensão da sua propriedade, não sinalizando e largando matacões de barro no alcatrão, que por si só também originam acidentes.
O motorista do tractor carregado de tomate do Ribatejo gosta de terminar a sua actuação ocupando toda a largura da estrada para fazer a manobra( sem sinalizar) para (finalmente) entrar na fábrica de processamento de tomate. A partir daí, a estrada livre assemelha-se a um autódromo, com a fila interminável de veículos a esgotar as rotações e a ultrapassarem-se como se não houvesse amanhã. Em poucos minutos a fila de carros que sobreviveu ao desespero e aos acidentes, evolui livremente pela estrada estreita.
Não sei se existem outras zonas no país onde circulem estes monstros vagarosos queimadores de nervos, mas penso que não interessa, pois aposto que nas estatísticas, muitos dos acidentes nacionais devem ser nesta zona. Se algum dia eu quiser me deslocar no Ribatejo nem que sejam 20 quilómetros, podem estar certos que farei 180 pela Auto-Estrada se fôr preciso, para ir dar a volta e para não ir atrás de um tractor carregado de tomate. Tenho mais hipóteses de me despachar...e de chegar vivo.
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