Wednesday, 26 November 2008

Pão-de-Forma(to) estranho...

Será que isto é "vingança" da Subaru por a malta dos carochas andar a utilizar motores do Impreza ? Não havia necessidade...




Não nos enganemos: A designação de "Pão-de-forma" surgida no auge da utilização do popular comercial da Volkswagen, tinha um sentido perjorativo. O aparecimento da Ford Transit, e a consequente eleição de um novo comercial para transportar peúgas nas feiras, levou a que o redondo e simpático comercial fosse ostracizado e progressivamente colocado atrás da barraca das farturas, à medida que a cultura " Poligrupo" avançava década adentro.

Aparecer ao volante de um "Pão-de-forma", ou sequer ser visto a bordo de um, era como ser designado automaticamente de vendedor de peixe, cigano ou feirante. " Deixa-nos aqui...", pediam os meus amigos metros antes de chegarmos ao destino. A corrosão avançada que ameaçava deixar cair a porta em cada semáforo, ou a ejectar violentamente o que sobrava do pára-choques traseiro sobre o carro que vinha atrás, originando um choque em cadeia, era um argumento válido para progressivamente menos pessoas utilizarem um "Pão-de-forma". Nunca soube se aquelas imagens de violentos acidentes á noite no Telejornal, tiham sido originadas por mim,porque várias vezes chegava a casa com peças a faltar.

Ninguém olhava duas vezes para uma "Pão-de-forma". Essa é que é essa.

Entretanto, a imagem do "flower power", dos surfistas, dos filmes , e o facto de uma"Pão-de -forma ser um veículo estupidamente fácil de manter, fizeram disparar o preço dos exemplares que sobreviveram. Mas não havia suficientes. Havia que fazer algo, para saciar a vontade de " pãodeformizar" a actualidade. Com a promessa de um concept a tardar em ser servida à mesa pela Volks, do outro lado do Mundo os nossos amigos japoneses decidiram fazer ...ha...humm...isto!

"Isto", é uma carrinha tipo "Bedford Rascal", com 600cc Turbo. Nome? Subaru Sambar! Que se assemelha vagamente com a frente de uma pão -de-forma. Conforme as séries cómicas portuguesas se assemelham vagamente com as inglesas: Ainda ontem deu o "Camilo e filho", na versão original inglesa na BBC Gold. Dá o mesmo " ar", mas a essência é completamente outra.



Um hamburguer congelado, em vez duma Carne à Jardineira...


Sobremotorizar um motor 600 cc de três cilindros, é como atar um foguete a uma Sachs! Dá uma velocidade porreira, mas não existe modo de prolongarmos a experiencia sem que o piston saia pelo escape: Não sei o que ia na cabeça das pessoas que fizeram isto, mas o resultado pode ser atirado directamente para o cesto do " New Beetle" e companhia limitada. Um mero exercício estilístico para saciar o vício aos drogados da moda, que não querem cá saber de ser original ou não. Desde que pareça com o original, serve. Uma imitação de um Raymond Weil a custar um Euro. E a utilizar o cesto das peças que sobram de outros modelos, nem sempre encaixando tudo como devia ser.

Mas não deixa de ser uma visão cómica. Tal como as séries e programas que todos pensamos serem "originais", e foram decalcados de exitos estrangeiros. Vejam o programa do "Jonathan Ross Friday Night", e vejam lá se não vos faz lembrar nada...






Thursday, 20 November 2008

A garagem do Top Gear!







Mais uma vez,tive a oportunidade de contactar com a "tripla" Clarkson,May e Hammond , durante a relaização de um programa para a BBC, e conhecer mais de perto algumas das criações algo..hmmm...."curiosas" desta equipa que nos entretem aos Domingos á tarde.





Num edifício pejado de Rolls -Royces ( God, o Phantom Drophead é uma camioneta! É do tamanho de um Hummer!), Ferraris,Lamborghinis, e carros banais da equipa de produção, alguns bem nosso conhecidos se destacavam dos demais,como o popular Reliant ,um dos utilizados no "sketch" do foguetão. Este não explodiu, nem foi á Lua.





As imagens estão um bocado escuras. Eu sei. Em algumas não liguei o flash,porque o meu dedo indicador da mão direita não parava quieto a carregar. Salvaram-se algumas. Lá estava também o BMW que eles utilizaram numa prova de BTTC, em que as portas dizem "Larsen", e "Peniscon", e quando abertas, o " desaparecimento " de algumas letras leva a algum mal estar visual...





A limousine MG, e o Opel Kadett " Oliver" que Hammond utilizou na travessia da Á frica Central, também lá estavam, assim como outros "artefactos" motorizados utilizado pela equipa. Saio daqui com pena por esta ter sido uma demasiada curta visita, mas só tenho a agradecer a Richard Hammond o tempo que dedicou a esta curta visita, uma oportunidade de ouro para qualquer "petrolhead" que se preze.





Thanks mate!













Sunday, 16 November 2008

Mais do KTM Crossbow!

Fica bem em qualquer garagem. Sei de uma mesmo à maneira!...

Eu sei, já falei aqui sobre este carro. O que se passa, é que hoje conheci o dono dele, após o voltar a encontrar em Birmingham no NEC.


Nem só de guiadores e terratrips vive o entusiasta KTM...

A primeira vez que vi este carro em pista, e ao vivo no Padock, foi há uns meses em Goodwood. Porém, devido ao fenómeno cultural e mundial que é Goodwood,onde todos os olhos da imprensa mundial estão ali focados, decidiram na altura colocar umas moçoilas desenhadas a compasso, que não poderiam saber menos sobre o Crossbow do que o Padeiro lá da minha terra. ( Só sabe aumentar o pão para comprar mais motos 4 para os filhos gordos...)



Qualquer pergunta sobre o carro, apenas originava sorrisos e encolher de ombros, ou quanto muito, uma frase a aconselhar-me contactar o meu representante local.

Pois! Estou mesmo a ver..." Ó amigo, aqui só temos Dukes..."
" Só me saem Dukes"?...Nem pensar. KTM Crossbow.

Hoje em Birmingham, conheci o Director-Geral para o Reino Unido do projecto Crossbow, que por acaso também é o feliz proprietário deste exemplar. O único matriculado no Reino Unido para circular na estrada,por enquanto.

"Manómetros"? ( Adoro este termo). Não há cá " manómetros"... Isto é que manda!

Algo me diz, que este escape não estará disponível assim de repente na Auto-Escapes de Moscavide...

" Esteja á vontade!"- Tire as fotos que quiser. Foi o mesmo que dizer a um puto que podia saltar para dentro do balcão, para comer os pastéis de nata todos...
Por isso, aqui estão as fotos deste magnifico carro, propulsionado por um motor Audi de dois litros, e fabricado na Áustria, numa oficina própria. Dedico estas fotos uma vez mais aos meus amigos do Fórum KTM Portugal, o site na net especializado sobre a marca, onde entusiastas,proprietários e apreciadores da marca debatem a temática das "laranjinhas" de um modo cordial ou mais técnico,conforme a necessidade.



Marca de motas de "cross"? Ora essa! Marca de super-desportivos,se faz favor!

Saturday, 8 November 2008

SUPERPETROLEIROS: A autêntica "Sala das máquinas"

Uma experiência indescritível. Medo.Respeito.Admiração.Êxtase.



Com a crise petrolífera dos anos sessenta e setenta, dois grandes tipos de maquinaria surgiram no panorama mundial: O carrito pequeninito, e o Superpetroleiro. O primeiro, serviu para contornar a dificuldade das famílias em acederem e manterem um meio de transporte. O segundo, para contornar o Cabo da Boa Esperança, para trazer mais petróleo sem passar pelo canal de Suez.
Desde muito cedo, que convivi com estes monstros gigantescos dos mares. A minha "creche" e respectiva carrinha de infantário, sempre foram os rebocadores da AGPL, e so navios enormes que procuravam Lisboa para reparações. Em tempos onde não existia o políticamente correcto, nem a obcessão incontrolável da segurança, era "normal" eu subir um portaló ao largo de Lisboa, ás cavalitas do meu Pai. Depois de ter feito uma curta viagem num rebocador ou numa lancha de apoio. Batia aos pontos o dia-a-dia do Zé Manel, e do Ricardo, que tinham de gramar com uma sala de infantário a fazer Legos e a comer Cerelac...

Lembro-me perfeitamente do primeiro superpetroleiro que visitei, o " MV Herminius". Um problema qualquer numa máquina qualquer, e teve de fundear próximo de Sines. Nada como um passeio de rebocador ( o Albertina) pela costa, a levar com chuveiro das ondas que explodem na frente do rebocador, que sobe e desce como se fosse um UMM largado a toda a velocidade na pista de Fronteira. Era como fazer surf com uma prancha de 200 toneladas e 17000 cavalos.




"Travar", não é um acto imediato. Imaginem deitar o pé ao travão em Santarém,para parar em Lisboa...

A entrada no petroleiro, feita por uma escada metálica baixada por uma grua, paralela ao costado, tinha um problema: Tão depressa estavamos no primeiro degrau, como no nono! Quando nos preparávamos para meter o pé no primeiro degrau, a ondulação eleváva-nos para quase dois metros acima, tudo decorado com uma fachada preta que parecia um prédio ,onde os pneus velhos do rebocador raspavam assustadoramente.
"Vá lá, pá. Não sejas maricas!"

Gritavam os marinheiros de barba rija, apoiados apenas com uma mão num corrimão, como se estivessem na sala de jantar . Para ajudar á festa, os degraus eram em concha, para melhor se adaptarem ao angulo das marés, ou do porto . Era como subir degraus em forma de poleiro, feitos em rede, onde podia ver o Mar por debaixo dos pés.
Uns anos mais tarde, visitei a maior máquina que alguma vez ousei pensar, um monstro completamente pintado de verde, de bandeira iraquina,chamado Al-oua qualquer coisa. Tão grande, que ocupava a totalidade de doca 13 na Lisnave. A maior do Mundo, como sabem. A capacidade dos QUATRO motores, era medida em METROS CÚBICOS. Um piston sobressalente arrecadado na sala das máquinas ( Ora aqui está um termo curioso) era do tamanho de uma ROULOUTTE! Uma vez no seu convés, para aceder ao piso inferior, onde se procedia a umas medições com raios X para determinar a espessura dos tanques de lastro, tinhamos de descer novamente o equivalente a um prédio de OITO andares. Tudo pejado de maquinaria e bombas, tubos e luzinhas a apagar e a acender.


Para afundar estes navios, costumavam apontar os mísseis á sala das máquinas. ( Isso lá é coisa que se faça?)..Os restantes compartimentos são estanques entre si.



Este "veículo", chamemos-lhe assim, consome uma espécie de graxa de sapatos, chamada "nafta", e precisa de uma hora para parar. Por isso, antes de passar por baixo da ponte sobre o Tejo à hora do almoço, tem de desligar as máquinas ao pequeno -almoço, e ao passar pelo Bugio já tem de vir "desengatado". É comandado por um Joystick, e o piloto controla um painel onde se lê " Rudder Indicator. Isto nos anos oitenta.
Já nos anos noventa, foi-me dada a oportunidade e o prazer desmedido de realmente guiar um petroleiro, na costa Senegalesa. Um navio de bandeira Sueca, que avariou em Zighinchor a sul, na região de Casamance, e necessitou de ser reparado em Dakar. Por volta das três da manhã, subi á ponte onde o meu Pai e outro piloto se encontravam. Completamente escuro, e o navio seguia em piloto automático. Lá fora, apenas o céu africano escuro como bréu. Uma olhadela pelo radar DECCA, onde se tem de colocar a cabeça num envólucro de borracha,por causa da luz, pude ver a quase vinte milhas, um grupo minúsculo de pescadores locais .
Olhando pelo vidro, não se via nada! Nesta altura, o alarme tinha indicado a presença de embarcações, e foi necessário desligar o piloto automático. Sentado numa cadeira de " escritório", e comandando um joystick, "guiei" a maior máquina da minha vida. Apenas um pequeno desvio de alguns graus, mas que permitiu, meia hora depois,passar por um pequeno grupo de barcos de pescadores quase se encontravam fundeados ao largo da ilha de Carabane.

Hoje, a indústria de reparação naval está moribunda, e o meu Pai já não está entre nós para me proporcionar estas experiências. Foi o seu conhecimento do Mundo como um só local, e não como uma soma de países, que me levou se calhar a optar pelo estrangeiro para viver. Dificilmente voltarei a um petroleiro, ou a pescar espadartes com um cabo de aço e um bocado de carne presos na amurada.
Ficou o gosto pelas máquinas, e o profundo apreço e respeito por quem projecta,constrói, comanda e trabalha nestas que são consderadas as maiores máquinas existentes á face da terra.Superpetroleiros. Nunca os esquecerei.


Uma revisão a um " iate" destes, é o orçamento de estado de um pequeno País...